Conchego das Letras 21/07/2016
Resenha Completa
A resenha que trago hoje foi uma linda surpresa que a editora Bezz nos enviou, um livro que entrou para a minha lista de preferidos e que eu não vejo a hora de ler a continuação pra saber o vai acontecer...
Quando te vi, amor é o primeiro livro publicado da autora portuguesa Patricia Dias. Nele, iremos conhecer Lexie, uma nova iorquina que, para fugir dos seus erros do passado, decidiu largar a agitada vida na Wall Street e ir morar em uma aldeia ao norte de Portugal, em uma casa deixada de herança por seu avô. Durante quatro anos, ela vive nesta aldeia de forma pacata e tentando ser a melhor pessoa que consegue.
Para se sustentar, faz algumas traduções e de vez em quando e recebe turistas em sua casa. Dia a dia, ela tenta ao máximo afastar os fantasmas do passado e com isso acaba se afastando de sua família também. As únicas pessoa com quem ela mantém contato são seu cachorro Eros, sua amiga Susi, seu “amigo” David e D. Olinda – dona da mercearia em que ela faz as compras da semana – que sempre a mantém informada sobre as novidades da aldeia.
"A vida me ensinou que levantar é sempre mais difícil que cair. Reconstruir uma vida, até que se reconstrói. Arranja-se um novo emprego, uma nova casa, pessoas diferentes para se conviver, mas reconstruirmos-nos a nós próprios? Isso é que é a verdadeira merda."
Certo dia, a casa ao lado, que sempre esteve vazia, passa a ser ocupada por dois homens que, segundo a D. Olinda, são um casal de gays fugindo da cidade grande para ter mais privacidade. Com o tempo, Lexie descobre que não é nada disso... (Essa D. Olinda, vou te contar, viu!)
Os novos vizinho são Gio e Miguel. Gio é restaurador de obras de arte e pintor, mas após descobrir que tem uma doença degenerativa achou que não teria mais sucesso em sua profissão. Por conta disso, decidiu se afastar e pintar seus quadros enquanto lhe fosse possível. Com a progressão da doença, alguns dias são piores que os outros e, nestes dias, Gio tende a ser uma pessoa nada fácil de conviver.
"Disseram-me uma vez, quando estava na clínica de reabilitação, que os demônios, os bichos papão, não se escondem em armários, debaixo de camas. Escondem-se atrás daquela atitude que se sabe ser má, mas que se alimenta, com um gesto a seguir ao outro, que quando damos conta, já somos mais demônio que nós próprios. Somos a contabilidade de coisas boas e coisas más, que num livro da razão, deve tudo bater certo, que os débitos devem ser iguais aos créditos, para que possamos apenas viver, mudar, aceitar e avançar. Nada em mim batia certo e não existiam contas de somar ou de subtrair que me ajudassem."
Miguel, enfermeiro e grande amigo de Gio, após se separar da esposa, decidiu se mudar com o amigo e ajudá-lo em seus cuidados. É uma daquelas pessoas que é impossível não gostar logo de cara: querido, atencioso, sempre com um sorriso no rosto, e faz de tudo para ajudar o amigo a se sentir melhor.
Lexie gosta de Miguel logo de cara. Em contrapartida, ela e Gio não começam da melhor forma. Contudo, com o tempo, os dois vão se aproximando, deixando as implicâncias de lado, aprendendo a respeitar um ao outro. Vamos vendo, aos poucos, Lexie sendo “curada” de todas as feridas que ainda a machucam e Gio mostrando a sua verdadeira personalidade. Vamos conhecer um Gio encantador, romântico e alegre.
"Sou melhor pessoa do que há oito ou nove anos atrás? Sou com certeza. Se sou melhor que há quatro ou cinco anos? Ora, eu há quatro anos não era uma pessoa. Quer dizer, cumpria todos os requisitos de um ser vivo: respirava, comia e acasalava, mas humana?"
Este livro me fez derramar alguns litros de lágrimas. Ao decorrer da leitura, podemos perceber algumas feridas sendo curadas ao mesmo tempo em que outras são abertas. É lindo ver a forma como Lexie vê Gio, apenas como Gio, sem espasmos ou muletas; e é lindo ver como Gio consegue enxergar a alma de Lexie, como ele consegue com toda a sua sensibilidade demonstrar a ela que é possível se perdoar e que o que você fez no passado não precisa definir quem você é no presente ou será no futuro.
A evolução dos personagens é nitida. Eu amei Lexie e Gio em alguns momentos, em outros definitivamente tive ódio mortal dos dois.
Tirei um coração da avaliação por conta de um acontecimento que não gostei. Infelizmente, não posso contar qual foi porque seria um gigantesco spoiler... Mas quem já leu, com certeza sabe qual é.
Bom, é isso.
Espero que tenham gostado.
Até a próxima, beijo!
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