LOHS 22/12/2016
#LOHS: Iza - A louca dos poemas
Esse foi um dos livros mais amorzinhos que eu já li. Vocês sabem que eu adoro poesia. E eu adoro mais ainda quando tem ilustração envolvida. Tentarei fazer dessa resenha uma bela homenagem para o prazer que foi ler sobre as diversidades de Pilares e Acires.
Sério, Empíreo, obrigada por esse livro.
a gente
só é
gente
porque
não é
só
Esse livro fala a respeito do amor. Das mais diferentes versões do amor. Esse conceito mudou tanto, mas parece que ainda estamos extremamente acostumados com o que vemos em Hollywood, ou aquele dos contos de fadas. Acontece que as pessoas mudaram, as condições de vida, as dinâmicas, as relações interpessoais e o modo como sentimos.
A proposta do livro foi demonstrar como estamos sentindo o amor hoje. E ele vem de formas tão diferentes. Algumas partes te tocam e você fica meia hora pensando na vida e dizendo, "puxa, vida, não é que isso é tão absurdo mesmo? por que a gente fica sofrendo tanto assim?". Em outro casos, eu simplesmente não consegui entender o que tava escrito e só fiquei "o que eu acabei de ler?" (e talvez essa pode ter sido a intenção; no amor, a gente fica muitas vezes sem entender o que tá acontecendo).
Então aqui vai um pouquinho da minha experiência de leitura! Espero que vocês gostem e que deem uma oportunidade para a delicadeza desse livro.
"Quem é que nunca se perguntou se era amor o que estava sentindo? Buscou em livros, revistas, bateu um papo com a avó ou checou com os amigos para tentar entender se tudo aquilo que estava vivendo em um relacionamento era comum, fazia algum sentido, era válido, permitido ou 'normal'?
E quem é que nunca passou por situações totalmente diferentes, em relacionamentos diversos, dando o mesmo nome para todas elas? Amor.
[...]
Foi assim que Desnamorados nasceu. Da vontade de mostrar o que estamos vivendo, de verdade, nas nossas relações - sem a intenção de apontar certo e errado. Sem classificação nem julgamentos e com mais leveza e poesia." Introdução
Quando vocês puderem lê-lo, saibam que não há uma ordem preestabelecida. Simplesmente ande pelo livro e leia o que quiser. Eu escolho sempre ler na ordem. Confesso que alguns eu pulei porque simplesmente não dava. Mas tiveram outros que eu queria colocar num potinho ou tatuar na testa.
Em alguns casos, Acir e Pilar eram um casal. Em outros, eram amigos, colegas de ensino fundamental. Depois, dois adultos teimosos, o segundo amor, o primeiro, o décimo. A. e P. são ninguém e todos nós. E isso é incrível,
Poemas já são extremamente pessoais. E ainda quando eles tratam de amor, desse sentimento tão fundamental, é impossível ter uma opinião objetiva a respeito, ou esperar que o que eu achei de tudo isso será o mesmo que você achará. De qualquer forma, deixarei aqui os que me tocaram mais.
Aqui vão alguns dos meus poemas preferidos
"Conversa ouvida por Otávio Aranha numa estação de metrô", de João R.: um monólogo de Acir em meio ao metrô, tentando convencer Pilar de seu amor.
"Coração Obsessivo", de Valentina Piras: um dos quais com que mais me identifiquei. Simplesmente incrível.
"Escova de dentes", de Caio Tendolini.
"Personalidade", de Camila de Albuquerque.
"Amor em cartaz", de Yassu Noguchi.
"A verdade é uma", de Jussara Rode.
"Normal", de Thiago Rosenberg: um menino descobrindo o que é gostar, achando que é normal, meu segundo favorito!
"Se você deixasse", de Diego Sanchez
As ilustrações andam de mãos dadas com os poemas. Outras vezes, são um show a parte e falam conosco na mesma intensidade, quiça, maior. O livro é em capa dura, as páginas em Pólen Bold dão uma textura toda especial para o toque da página. O único ponto que atrapalhou um pouquinho foi a cola muito forte que impediu a abertura completa do livro e, por conta disso, eu precisei fazer uns malabarismos pra ler das páginas 70 a 120, por aí. Talvez uma capa mais maleável na reimpressão, quem sabe?
O livro é delicioso e vai tocar cada leitor de uma forma diferente. Inevitavelmente pensaremos no Amor. E, enquanto em lia a Introdução, a proposta para essa tentativa de retratar algo tão poderoso e mutável, me trouxe à mente uma obra: Amor Líquido, de Zygmunt Bauman. Ele é um dos filósofos mais incríveis da contemporaneidade e ele trata da liquidez das relações da modernidade. O amor líquido nada mais é do que a perda de algum valor fundamental que os seres humanos tinham antes, mas que agora está liquefeito, transformado (ouso dizer, para pior). Na época de consumismo, de lascou, trocou e vantagens pessoais, amar se torna um desafio.
Se você é corajosa o suficiente e determinado o bastante para manter um relacionamento ou até mesmo descobrir o amor em uma sociedade constantemente ligada em seus aparelhos celulares, Desnamorados e Amor Líquido farão você refletir bastante a respeito dessa questão. O que eu acho totalmente válido, porque é para isso que estamos aqui, não é mesmo?
site: http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/2016/11/desnamorados.html