LER ETERNO PRAZER 18/02/2022
Quinto livro da autora que tenho o prazer de ler e é sempre certo que teremos em mãos, senão uma brilhante história, uma história surpreende, mais uma não foi diferente, "As sete irmãs" me foi uma ótima leitura.
Com "As sete irmãs" damos início a uma saga familiar que nos levará a diversas épocas e a variados recantos do mundo. Lucinda tem uma competência maravilhosa com suas histórias sempre muito precisas quanto aos conteúdos históricos e geográficos, para nós é sempre muito claro o quanto ela estuda para incluir essas referências em seus livros, e nesse volume, por exemplo, temos a grata oportunidade de conhecer mais sobre a construção e idealização do Cristo Redentor, mesmo por se tratar de uma obra de ficção, percebemos o cuidado e a competência com que Lucinda trata assunto e de como se deu a contrução de um ícone que é nosso Cristo Redentor, isso mesmo, do ?nosso? Cristo Redentor, pois parte da história se passa no Rio de Janeiro!
Inspirado nas Plêiades(fato que conhecemos logo no início do livro, pois temos essa informação como nota do autor(a), mais conhecida como a constelação das Sete Irmãs.
O livro conta a história de Pa Salt, um velejador bilionário e solteiro que vivia viajando pelo mundo cuidando dos seus negócios, mas que sempre voltava para Atlantis, "o castelo de conto de fadas" à beira do Lago Léman, na Suíça, onde só se consegue chegar de barco. Em algumas de suas viagens ele adotou seis meninas e deu a cada uma delas o nome de uma estrela da sua constelação preferida, no caso "As Sete Irmãs" que dará nome a nossa saga: cada uma dessas seis crianças foi adotada em um canto do mundo, transformadas em sua família, todas unidas pelo amor e também pelas dúvidas sobre suas origens. Quem cuidava delas e da casa era Marina, a governanta, que foi a mãe que Maia, Alcyone, Asterope, Celeano, Taygete e Electra tiveram. Inicialmente já existe um mistério nessa história, pois a sétima irmã (Merope) jamais chegou à família e até então não existe alguém que possa explicar isso, afinal o livro já começa com a morte de Pa Salt, não é spoiler, já temos esse acontecimento nas primeiras páginas do livro.
Como já ficou claro, com o que falei acima, ?As Sete Irmãs? será uma série de livros e que cada um deles será dedicado a uma das filhas de Pa Salt, que incumbiu ao seu advogado, George Hoffman, a função de entregar uma carta e pistas relacionadas ao passado de cada uma, possibilitando que possam ir atrás de suas origens e talvez encontrar repostas relacionadas à família biológica de cada uma.
Nesse primeiro livro iremos acompanhar a busca da filha mais velha, Maia D?Aplièse. Maia é tradutora, fluente em muitas línguas (inclusive no português) e tinha acabado de traduzir para o francês o livro de um escritor brasileiro, Floriano Quintelas pouco antes da morte do pai. De todas as irmãs ela é a única que continuava morando em Atlantis e guardava um grande segredo, só conhecido por Marina. Quando Maia recebe um telefonema de uma pessoa com quem não fala há 14 anos e a quem não quer reencontrar, ela, que estava indecisa se ia ou não em busca de sua origem, decide partir, e seu destino é a Casa das Orquídeas, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, Brasil. A partir desse momento iremos acompanhar seu enredo, dividido em dois períodos de tempo. 2007 (Maia) e 1927 (Izabela Bonifácio, tataravó de Maia).
Chegando ao Brasil, iremos mergulhar no passado de Maia e descobrir a verdadeira história de amor de seus bisavós, que ocorre em paralelo à construção do Cristo Redentor, um período em que a sociedade se portava de acordo com a moral e os costumes da época e o nome e a riqueza falavam mais alto do que o coração. E quando isto ocorre somos enviados para o Rio de Janeiro no ano de 1927. Nessa parte da história, ela é narrada por Izabela, contando de sua vida e como os tempos eram naquela época, como as famílias eram vistas, quando e como o Cristo Redentor foi construído, como eram as relações afetivas naquela época, etc!.
"As sete irmãs" é um livro que nos transporta a duas épocas e realidades bem distintas, a de uma mulher do século XXI e uma menina do início século XX, e que são bem diferentes na personalidade, mas fisicamente muito parecidas. E é interessante como o livro nos mostra passado e presente, vidas distintas se encontrando, romances tanto envolvendo Izabela quanto Maia, porque, é claro que enquanto ela investiga seus ancestrais, tem a chance de enfrentar seus erros do passado ? e, quem sabe, se entregar a um novo amor... "As sete irmãs" é um grande conto sobre amor, perda e também preconceitos da época, tudo acontece enquanto Maia vai descobrindo que sua vida está ligada a uma comovente e trágica história de amor que teve como cenário a Paris da Belle Époque e a construção do Cristo Redentor no Rio de Janeiro.
Há uma enormidade de coisas e detalhes que eu poderia mostrar aqui, mas iria soltar muitos spoilers e tirar a graça e belê de "consumir" cada fraguimento dessa bela história. Amores, perdas, preconceitos, costumes, dilemas, decisões nem sempre tão fáceis...e acima de tudo AMOR!
Uma leitura maravilhosa, e claro que iremos dar continuidade para conhecer o iremos desvendar das outras irmãs.