kleris aqui, @amocadotexto no ig 24/04/2017Curti bastante esse tom distópico, conspiratório e de esperança cega(Esta resenha teve corte de quotes; visite o link para conferir)
Até o mais experiente leitor ainda não experimentou de tudo... Foi basicamente o que senti ao mergulhar nessa noveleta de Space Opera, um subgênero de ficção científica ainda pouco comum entre minhas leituras. Perdoem minhas impressões sobre esse estilo, sou noob nessa área ^^
Jout é um dos humanos que vive numa espaçonave – inclusive, um dos últimos a ter nascido após a Terra ter acabado. Ele é um menino que nunca viu o raiar do sol, nunca sentiu a natureza sob os pés e, veja só, nem tomou banho com água, elemento já quase escasso. Também é um garotinho que nunca conheceu a mãe, sofre pela distância do pai, o Capitão Jones, e não sabe o que esperar de uma nova Terra.
Na expedição, estão os últimos sobreviventes em busca de uma nova casa para habitar. Os Experientes são aqueles que ainda viveram na Terra, eles comandam e perpetuam a ideia de um recomeço para a humanidade – a qualquer custo. Quando estacionam em um planeta semelhante ao perdido, é essa humanidade que pesa na hora de colonizar.
Conhecemos essa história por uma narração onisciente, porém, há uma voz que de tempos em tempos aparece em interlúdios para contar a sua versão pessoal. Essa voz é quem introduz o mistério da trama, visto que não sabemos de quem se trata. Vez e outra eu me perdia porque tentava ligar esse ponto de vista à trama principal. Com o passar das páginas (e das perguntas na cabeça que não param), você percebe que é essa a intenção. Aliás, o suspense só aumenta.
Enquanto a gente nada pode compreender sobre essa figura, nos agarramos à Jout, esse menino ingênuo, sonhador e esperançoso... e que é esperto o suficiente para explorar o novo mundo a seu jeito. Jout é núcleo de bondade ao meio de uma sociedade perdida, é a esperança. Dá vontade de dar um abraço, coisa que ele tampouco sabe o que é, até conhecer Lena, uma nativa da terra desconhecida e... aparentemente humana. Mas haveria humanos de verdade neste novo planeta? A tripulação não foi a última a sobreviver? O que haveria naquele mundo? O desconhecido poderia ser tão conhecido assim?
Como se percebe, Um Novo Começo concentra muita história, e muita história para suas poucas páginas. As autoras fazem isso muito bem, sabem nos convencer da trama, pontuam os dilemas e cativam. Elas também demandam um pouco de nossa atenção, visto que exploram tanto, do universo, da sociedade, da existência, o que confere uma bela riqueza de detalhes à noveleta por completo. Curti bastante esse tom distópico, conspiratório e de esperança cega.
Karen e Melissa mais uma vez mostram que têm um ritmo impressionante, elas sincronizam seus potenciais de modo que sabe-se lá onde começa uma e termina a outra. Isso se revela tanto na maneira com que escrevem, como sustentam a trama e como se arriscam no mote. Você vê tudo como exatamente te guiam. E quando chega ao fim, te arrebatam. Dá vontade de reler a história – e bem, eu reli e gostei ainda mais. É uma leitura fantástica! Quem já as conhece de longas datas, sabe que elas podem ser amorzinho quando querem, mas também têm um belo domínio quando se trata de suspense e mistério, NADA misericordiosas.
Se você quer sair das órbitas costumeiras – e cair da cadeira – essa leitura é pra você sim! Já admirava as duas autoras, agora sinto imenso orgulho de ver quão bem elas estão elevando nossa literatura. Segurem aí meu RE-CO-MEN-DO \O/
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http://www.dear-book.net/2016/02/resenha-space-opera-um-novo-comeco.html