Resenhas - Clara dos anjos

Marcos-1771 08/03/2021

A realidade brasileira de 100 anos atrás.
Lima Barreto traz em um livro pequeno e com poucos personagens várias discussões, principalmente debates sobre uma realidade brasileira de 100 anos que ainda pode ser vista em alguns locais atualmente.

Machismo, Racismo, Alcoolismo, pobreza e violência são alguns dos tópicos do livro. Lima Barreto explora muito bem cada um dos personagens e cria uma história que faz você querer saber o final rapidamente.

Boa leitura, foi a primeira de Lima Barreto, e gostei do autor, por mais que use uma leitura um pouco arrastada e difícil em algumas partes.

caio.lobo. 06/03/2021

Nós não somos nada nesta vida.
Eu diria que Clara dos Anjos é o verdadeiro naturalismo, onde o mundo não é tão grotesco como pinta Aluísio de Azevedo e nem tão perfeito como queria Leibniz, mas é um mundo indiferente, morno, natural; às vezes há um belo pôr-do-sol e lindas poesias, outras vezes há cenas horríveis de miséria e morte, mas no geral é um mundo de gente impassível, desejos que não se realizam e sonhos mornos. É uma beleza de escrita a do Lima Barreto, que não nos deixa cair na monotonia dos momentos indiferentes.

Temos um psicopata chamado Cassi, que Lima Barreto jura que não é psicopata, mas ao menos é quase. É uma pessoa sem empatia, seu cérebro reptiliano é quem dá as diretrizes e só quer saber de gozar (em todos os sentidos) com seu egoísmo extremo. Talvez a maior falta de seus pais tenha sido o excesso de liberdade. Ele deflora donzelas pobres, as levando à perdição. Sua mente só funciona para trambiques e tramóias, mas não concatena bem a causalidade de seus atos com as moças.

Clara dos Anjos é uma bela mulata, mas totalmente caseira, seus pais não lhe deram muita liberdade e esse foi seu problema, por causa disso não aprendeu a auto-defesa num mundo cruel. Com pais totalmente apáticos e imersos em suas atividades tediosas do cotidiano, ela cresce num vazio de emoções, com isso as investidas de Cassi trazem um turbilhão de emoções que lhe aflora em plena a puberdade. Infelizmente é uma bobinha e de moral fraca. A junção de uma raposa como Cassi e da lebre que é Clara, sabemos que resultado terá, uma presa devorada. Quando se diz na bíblia qual o proveito do homem em ganhar o mundo e perder a alma, Cassi vai mais baixo, prefere perder a alma do que perder uma rápida ejaculação. É um homem instintivo, ou seja, o homem natural, um animal.

Dentre as histórias e personagens paralelos há o pior e o melhor do ser humano. A mãe de Cassi é uma senhora arrogante e esnobe, o pior tipo de gente para se ter próximo, e ainda defende o filho de suas obrigações e dos efeitos dos próprios crimes. O pai de Cassi é o único personagem que sinto realmente pena, envergonhado com as atitudes dos filhos, sempre deve refletir sobre seus erros, tenta por o patife para fora, mas a mãe com amor egoísta sempre o impede. Há um pobre poeta, que teve una curta glória, mas isso não lhe importa, o que importa é a arte, a poesia, o ideal. No seus devaneios vai se perdendo, junto com as talagadas da cachaça Parati; é o arquétipo do artista incompreendido e no Brasil onde há poucos artistas do tipo mais alto, um bom poeta para o povo é apenas um louco, um estrupício, um nada. E nada é a última frase de Clara dos Anjos, nós não somos nada, nem ela, nem a mãe, nem Cassi, nem eu e nem você, estamos todos nos perdendo.

lu 01/03/2021

Clara dos anjos
Achei o livro muito entediante, as descrições dos personagens eram maçantes e longas demais. Porém entendi a mensagem do livro, sobre o preconceito racial e o lugar que a mulher ocupa na sociedade.

Ramalho 20/02/2021

A forma certa de abordar um abuso!
É a minha primeira experiencia com o autor. Antes de todas as leituras de qualquer autor clássico, eu busco fazer uma pesquisa cronológica sobre suas obras e biografica de sua vida para saber um pouco como estava sua idade quando produziu tal e assim...o que acontece foi que pelo que vi, a obra foi publicada postumamente e nisso muitas coisas vem a minha cabeça, como se a obra está incompleta ou nao, o que ainda faz dessa obra ser melhor. A critica por tras é muito concreta, vissivel, e o melhor, os personagens não são romantizados como acontecem nos dias de hoje. Um predador sexual é um homem perigoso, ele não se importa com voce, e nisso, sumir o personagem no final fez com que só pudessemos ver melhor quem ele realmente é, afinal nao falar, é o que faz dele ser ele. Ainda mais temos a escrita de Lima Barreto, que é simples, mas que eu confesso que senti dificuldade de inicio graças a sua explicaçao atemporal da vida das personagens, ele conta sobre quem elas sao até o final, nao poupa tempo; se um deles nao foi apresentado, ele ainda será. Isso me confundiu deveras pouco, mas, nao tirá o merito da obra. Ele é um classico pois sao assuntos que existem, infelizmente, até hoje...

Olivia.Paulo 14/02/2021

Clássico da literatura brasileira
Em geral eu gostei do livro apesar de ser bem diferente do que estou acostumada a ler, Lima Barreto em sua obra conseguiu explicitar diversas mazelas sociais brasileiras.

Monique 03/02/2021

Eu simplesmente amo esse livro. É uma leitura tranquila e fácil, apesar de ter algumas descrições um pouco pesadas. O final é triste e eu gostaria que fosse mais longo, mas não deixa de ser bom.

Júlia 03/02/2021

- Mamãe! Mamãe!
- Que é minha filha filha?
- Nós não somos nada nesta vida.

Lima Barreto trata de assuntos pesados nesse livro. Expõe muitas hipocrisias enraízadas na nossa sociedade.

Lu 02/02/2021

Muito boa
A obra aborda muitas questões sociais e mesmo sendo do século XX ainda faz-se presente

bobbie 02/02/2021

Clássicos brasileiros. Leia, conheça a nossa literatura
Durante muitos anos, escondido atrás do véu da minha formação acadêmica em literaturas de língua inglesa, me "desculpei" por não ler os nossos clássicos. Agora estou começando a corrigir esse erro. Lima Barreto é o mais recente a entrar na minha lista de débito com a riquíssima literatura tupiniquim. Neste livro vemos o retrato da "malandragem carioca" na figura do jovem boêmio, bonito, galanteador, que se aproveita de seus dotes físicos, juventude e seu ofício mal executado (a música) para conquistar as mais variadas moças da sociedade carioca, desde as casadas e de boa situação econômica, às mais pobres, passando pelas solteiras, usá-las e descartá-las em meio à infâmia e à humilhação pública, sempre se safando de seus "crimes", por ser homem. A vítima da vez é a donzela do título, Clara dos Anjos, filha de um carteiro pobre, de família honrada, mas que se vê rebaixada quando cai nas graças do galanteador, engravida e se perde. Pobre, mulata, menina nova, desonrada, Clara é mais uma a engrossar o rastro de perdição e tragédia que o machismo social da sociedade carioca do século dezenove lhe reserva (mudamos muito de lá pra cá?). Com uma linguagem de fácil assimilação, apesar do linguajar típico à época, obviamente, Clara dos Anjos nos mostra os danos seriíssimos que uma sociedade machista e patriarcal pode causar, danos estes que vão muito além de um filho bastardo e uma honra manchada para a vida.

Barbara 29/01/2021

Romance ou tragédia?
Cassi Jones tem a fama de seduzir e desonrar garotas e depois abandona-las, se eximindo de qualquer responsabilidade. Clara dos Anjos é uma jovem ingênua que ignora o histórico do rapaz.
Narrativa de facil compreensão e dinâmica, que consegue contar uma história passando pelo ponto de vista de diversos personagens.

saralupion 27/01/2021

Dolorido, real e angustiante
A história é toda marcada por uma série de dores, presentes nas trajetórias pessoais de praticamente todos os personagens.

Embora Clara, a protagonista, passe por ?maior sofrimento?, todos os outros possuem passados dolorosos e pensamentos que despertam agonia ao se ler. Gostei da forma como o autor deu espaço para a apresentação e desenvoltura de cada um dos seus personagens.

Senti o peito apertar em diversos momentos, mesmo conhecendo o enredo previamente, Lima Barreto me surpreendeu! Clara dos Anjos é uma ótima aposta de leitura.

Yuririn 23/01/2021

A história que se passa em meio a sociedade do RJ no século XX trata de assuntos como preconceito, superproteção dos pais e como a mulher era vista nesse período. O tipo de restrição vivida por Clara e as decisões que ela toma com seu conhecimento de mundo limitado, somadas aos acontecimentos causados/sofridos por outros personagens (principalmente com Marramaque!!), instigam você a querer saber o que vai acontecer. Particularmente, gostaria que o que aconteceu com Cassi no fim fosse mais severo ou diferente, mas entendo a escolha que o autor faz em relação a essa personagem, pois desse modo consegue passar uma mensagem pesarosa, mas real, no final.

Luiza 19/01/2021

Achei o livro bem fácil de acompanhar e bem acessível, mesmo sendo uma obra de quase 100 anos atrás. A mensagem principal busca criticar o desprezo e descuido que toda a sociedade, inclusive autoridades, tem para com as meninas e mulheres pobres mestiças e negras, ao passo que também serve como um alerta para essas mulheres não se deixarem enganar por homens que querem se aproveitar delas e também alerta para os pais não criarem suas filhas pobres, negras e mestiças, com proteção em demasia e isolamento da sociedade, uma vez que a ingenuidade fruto desse tipo de criação pode acabar com a vida e o futuro delas. É uma mensagem difícil de digerir, mas entendo que foi escolhida por Lima Barreto justamente por ter sido ele um homem negro que sofreu o racismo na pele e, portanto, penso que escreveu o livro de um lugar de preocupação com as mulheres negras e mestiças como ele, e não em um tom moralista. A intenção cuidadosa do autor ficou ainda mais clara pra mim pela forma com que ele trata a história, evidentemente criticando e condenando o preconceito com o qual as personagens pobres e negras são tratadas. As críticas sociais foram o que eu mais gostei no livro, desde a crítica principal, até as críticas sobre o descaso governamental com as partes mais pobres da cidade, a arrogância da classe média com pretensa origem europeia, a falta de perspectiva gerada pela pobreza e o alcoolismo vinculado à ela. Achei ótima a parte em que o autor faz Clara desconfiar da má-fama do cafajeste Cassi sob a justificativa de que ele não poderia ser tão ruim quando frequentava casas de doutores, coronéis e políticos. Essa parte explicita a ordem social na qual os homens que ferem mulheres pobres, negras e mestiças não só não são punidos, como continuam sendo acolhidos em todos os círculos sociais, enquanto a mulher é a única desonrada aos olhos de todos e excluída. Gostei também das descrições das vizinhanças do Rio de Janeiro, que proporcionou uma boa ambientação do local na época. Não achei fácil me conectar com as personagens, apesar de achá-los interessantes. Também houveram alguns pontos da trama que foram usados apenas para críticas circunstanciais, mas que não tiveram nenhum papel real para a história, como a mansão que abrigava uma igreja evangélica americana, que é apresentada no início mas nunca mais voltou a ser mencionada depois. Com certeza é um livro que continua atual, pois até hoje pode-se dizer que a sociedade brasileira se comove com a dor da mulher branca rica e ignora o sofrimento da mulher negra pobre, o que acaba sendo outra forma de vulnerabilizar esta mulher. [Livro lido em janeiro de 2021]

Fernanda.Isabely 13/01/2021

Bem bom!
O livro faz uma denúncia racial e social da vida no subúrbio contando a história de Clara, uma menina ingênua, pobre e negra que é seduzida por Cassi. Apesar de ser bem curto e rápido, Lima Barreto consegue fazer você se envolver no drama dos personagens, eu gostei!!