Elis 20/06/2017
É sobre ser quem você é, e perdoar quem realmente te ama.
“FAKE” é o primeiro livro do escritor Felipe Barenco, conhecido na internet pelos perfis de humor. Barenco já participou de produções globais como “Tapas e Beijos” e atualmente, segundo seu site, trabalha na produção do “Domingão do Faustão”. Sobre escrever “FAKE”, Barenco diz que o escreveu o livro que sempre quis ter lido quando era novo, mas que ninguém escreveu. Ele lutou para ver sua obra publicada e criou o próprio selo para lançar o seu livro. Graças a Deus ele conseguiu porque “FAKE” é tão bem escrito e atual que veio na hora certa. É desses livros que invadem os seus pensamentos e te fazem refletir muito depois de terminar a leitura. Ler este livro é uma questão de utilidade pública e deveria entrar na lista de leitura obrigatória nas escolas e na vida de qualquer pessoa.
“FAKE” é um romance gay, ambientado no Rio de Janeiro, que conta a história do Téo, um jovem de classe média que acaba de passar no vestibular para cursar Direito em uma universidade pública. Téo é espirituoso, inteligente e consciente da sua realidade. Em um dia de reflexão no parque ele conhece Davi, que está na Cidade Maravilhosa tentando ser ator. É o começo de uma paixão que depois, claro, vira romance. Téo é homossexual, mas apenas seu melhor amigo Thiago e a sua amiga virtual Fernanda sabem e a tia Eleonora que desconfia. Contar para os pais é um tabu e sua vida vira de cabeça para baixo quando ele toma essa decisão. Téo tem que lidar com as consequências de assumir a homossexualidade e se manter na faculdade ao mesmo tempo em que descobre que Davi é portador do vírus HIV.
Quero destacar a participação dos personagens secundários, eles são do tipo reais, identificáveis no nosso dia a dia, comem feijão com arroz, fazem bolo, traem e são traídos, pegam ônibus, lavam carro, economizam e participam muito da vida do Téo. Aliás, as interações entre eles rendem as muitas frases de efeito que o livro tem e as melhores tiradas do Téo. E é cada frase, que me fez rir, dar print e também refletir bastante. Gosto muito das referências da literatura nacional, da internet, dos programas de TV e das músicas brasileiras. Amei os diálogos curtos, a estrutura do livro dividido em tópicos com apenas cinco partes (capítulos) e a reprodução de mensagens de textos. Felipe Barenco vai construindo ao longo do livro uma relação de cumplicidade e fidelidade entre o Téo e o leitor que vai além do livro. É fácil identificar no nosso dia a dia amigos, parentes, amigos de amigos que passaram ou passam pelos mesmos dramas vividos pelo Téo.
Na tentativa de descobrir quem é o “FAKE” da trama, eu me envolvi de verdade com a história do Téo, que poderia facilmente ser a minha ou a de qualquer leitor. A capa é simples e tem um significado oculto que você só descobre no finalzinho do livro. É o desenho de um camaleão que foi entregue ao Téo por um dos personagens mais importantes da trama que no momento estaria se “camuflando” para que o Téo não descobrisse os seus sentimentos. “FAKE” é sobre amar e se entregar, é sobre vencer os obstáculos da vida. É sobre ser quem você é, e perdoar quem realmente te ama.
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