As Portas da Percepção/Céu e Inferno

As Portas da Percepção/Céu e Inferno Aldous Huxley
Aldous Huxley




Resenhas - As Portas da Percepção / Céu e Inferno


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maria 03/03/2020

DOIDO. Amei muito o primeiro ensaio, mas não me interessei pelo 2º. Aldous é genial.
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suy 04/10/2019

"Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós. Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados em uma única autotranscedência; debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão. Sensações, sentimentos, concepções, fantasias – tudo isso são coisas privadas e, a não ser por meio de símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares".
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Debora 10/12/2009

Foi muito importante para mim, naquela época, ler sobre alteração de consciência; até me inspirei nas partes em que não há química envolvida e consegui coisas legais. :-)

Ótima compilação antropológica sobre alteração de consciência; gosto especialmente do estudo das religiões e ritos próprios com esse fim.
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Sandro 24/05/2018

Como eu já tinha lido antes 4 livros do Huxley (Admirável Mundo Novo, A Ilha, A Situação Humana e Os Demônios de Loudon), esse foi o livro que, até então, menos gostei do autor.
O livro é basicamente sobre suas experiências com a mescalina e seus efeitos contemplativos, onde detalhes e cores são ampliados de maneira inversamente proporcional à pró-atividade de quem está sob seu efeito.
Há influência do Livro Tibetano dos Mortos, que era febre na época. Ao usar a mescalina, o indivíduo pode enxergar a famosa 'Luz Clara', que pode transportá-lo tanto ao Céu quanto ao Inferno, dependo da química corporal acionada no momento.
As conclusões de Huxley são interessantes, mas o texto é prolixo, confuso e um pouco cansativo, diferente das obras que eu já conhecia.
O Posfácio contém dados interessantes e que explicam muito sobre As Portas da Percepção e Céu e Inferno: Aldous Huxley morreu no mesmo dia em que John F. Kennedy foi assassinado e seu último pedido no leito de morte foi uma dose de LSD.
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MF (Blog Terminei de Ler) 15/11/2017

Uma abordagem interessante sobre alucinógenos, mas prejudicada pela ausência de uma metodologia imparcial
Nota inicial: Resenha originalmente escrita em 2013. Pretendo dar uma segunda chance à obra daqui algum tempo. Por hora...

"Céu e inferno", ensaio do escritor inglês Aldous Huxley, de 1956. A obra é sequência de um outro conhecido ensaio, "As portas da percepção", de 1954, que também li tempos atrás, ambos presentes na mesma edição que tenho em mãos.

Meu primeiro contato com Huxley foi alguns anos atrás, quando tive a oportunidade de ler "Admirável mundo novo", um dos melhores romances da história e um dos livros que mudaram minha visão de vida. Foi, portanto, com ansiedade, que quis ler estes ensaios, embora fossem obras de não-ficção.

Nos dois ensaios, Huxley descreve suas experiências pessoais com a mescalina, alcalóide extraído de um cacto mexicano, muito utilizado pelos xamãs indígenas da região, com propriedades alucinógenas. Em "As portas da percepção", Huxley narra as experiências propriamente ditas; já em "Céu e inferno", ele detalha suas idéias, defendendo que o uso dessa droga poderia levar o usuário à "revelação", atingindo uma "espera mística não inalcançável pelo pensamento racional" (o "céu" da questão). Porém, sob a influência das emoções negativas do ódio e do medo, o usuário poderia cair na "auto-aniquilação" (o "inferno" da questão).

Minha opinião: para alguém que tem uma visão cética, Huxley comete três falhas: primeiro, não detalhar o método científico utilizado na experiência que se submeteu. Segundo, tomar partido da causa, sem análise detalhada dos efeitos nocivos da droga analisada, o que faz esse parâmetro ser completamente negligenciado nas duas obras. Terceiro, misticismo exagerado. Por mais que Huxley faça analogias com diferentes culturas e artes do mundo todo, observadas ao longo da história, tentando mostrar a tendência do Homem em buscar essa "Revelação", igualmente possibilitada pela mescalina, segundo o autor, não vejo isso como argumento coeso, dada à pluralidade de parâmetros envolvidos nessas analogias. Sendo um pouco cruel, poucas coisas são tão ridículas como um místico tentando soar científico. É necessário separar bem as coisas: a espiritualidade da realidade.

Enfim, eu esperava mais. É louvável a coragem de Huxley em se aventurar nessas "viagens" (há um pouco de humor involuntário em alguns pontos), como descrito em "As portas da percepção", mas a interpretação dessas alucinações são equivocadas, como assim o demonstra "Céu e inferno". Senti falta do detalhamento dos efeitos nocivos, das implicações éticas e legais na questão. Em uma sociedade que discute os males do tabaco e a legalização da maconha, senti falta de uma abordagem mais séria, científica e completa, ainda que talvez não fosse esse o propósito de Huxley. Tudo bem que a década de 50 não é igual à temática atual, mas não há como não relacionar. Os ensaios não me cativaram, valendo mais como mera curiosidade para quem se interessa pela temática.

site: https://mftermineideler.wordpress.com/2013/11/19/as-portas-da-percepcao-e-ceu-e-inferno-aldous-huxley/
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Tamirez | @resenhandosonhos 12/01/2016

As Portas da Percepção e Céu e Inferno
Em As Portas da Percepção vamos ter o próprio Aldous Huxley, nos anos 50, se submetendo ao uso da droga alucinógena Mescalina, ficando sob a supervisão da esposa e de um médico, registrando através de gravadores toda a experiências das 16h de efeito que a droga causa. Durante esse período ele vai divagar sobre as mais diversas coisas, desde pontos da sociedade, obras de arte e questões aleatórias e sem sentido que vão surgindo de forma involuntária em sua mente.

“Pelo menos metade da moral é negativa e consiste em não fazer o mal. O ‘pai-nosso’ tem pouco mais de cinquenta palavras, e seis delas são dedicadas a pedir a Deus que não nos deixe cair em tentação.”

Dois anos depois ele escreve Céu e Inferno, analisado por tudo o que passou durante aquelas experiências, agora com um olhar mais crítico, comparando o uso da droga a esquizofrenia e hipnose. Aldous defendeu o uso das substâncias como algo a ajudar o ser humano a abrir a mente e acessar partes do cérebro normalmente em repouso. E condenou as normativas governamentais de proibir todas as drogas, pois acreditava que a proibição estaria privando as pessoas de evoluírem.

Ele também levanta a questão de que grandes artistas, visionários, enxergam o mundo com o olhar amplo, como o daquele que consome a droga. E que outros criaram grandes obras de arte e música enquanto estavam sob a influências desses alucinógenos.

A Mescalina era tida com uma droga que não viciava e podia ser usada de forma contínua.

Capa e Edição
O que falar dessa capa? Achei maravilhosa e psicodélica, como a proposta do livro. Além do fato de que toda a coleção do autor publicada pela editora com esse design de capas foi recentemente premiada, o que achei super merecido.

A edição está super caprichada e bonita, com separação entre os textos. Como livro é pequeno, com apenas 160 páginas, a leitura é rápida, porém o texto pode não ser fácil logo de cara e é preciso se adaptar a escrita do autor, bem como ao tipo de narrativa apresentada.


Minha Opinião
Eu queria muito conhecer a escrita desse autor e quero muito ler Admirável Mundo Novo, mas confesso que o começo da leitura foi bem difícil e até me situar direitinho no que estava acontecendo fiquei um tanto perdida.

Toda a narrativa de As Portas da Percepção é feita com ele sob a influência da droga, o que torna os próprios pensamentos do Aldous confusos e por vezes sem nenhuma conexão. Porém conforme você vai entendendo o andar da história e o comportamento do autor, o leitor acaba por se adaptar a forma como a narrativa acontece e é capaz de aproveitar ao máximo a experiência alucinógena que Huxley viveu.

É bem interessante também ver o quanto ele varia entre o que faz sentido e o que não e como um simples objeto é capaz de despertas os mais diversos pensamentos e conexões.

Já em Céu e Inferno temos ele, dois anos depois, de forma lúcida, analisando toda a experiência por que viveu e dai, obviamente, tudo faz bastante sentido, já que ele cita várias fontes de referências e outros escritores, filósofos e artistas que ele acredita terem se usado de experiências assim para compor suas obras, ou estudaram esse assunto a fundo.

Eu tenho alguns pontos de pensamento em comum com o autor, como por exemplo que o uso controlado das drogas poderiam ser de grande utilidade para a humanidade, como já são em alguns tratamentos, como o de estresse pós traumático com membros do exército americano. Porém também compreendo que em um mundo louco, pouco desenvolvido e, por vezes, burro em que vivemos, talvez o tiro saísse pela culatra e tenhamos que esperar mais um pouco para que isso se torne uma realidade.

O livro fecha com um posfácio do Sidarta Ribeiro, onde ele conecta os pontos apresentados por Aldous nos anos 50 com a realidade que vivemos hoje e o que pode ser o nosso futuro, se seguirmos andando por esse mesmo caminho.

Achei o livro muito interessante, mesmo não sendo meu típico tipo de livro e, com toda a certeza, quero ler mais coisas do autor!

site: http://resenhandosonhos.com/as-portas-da-percepcao-e-o-ceu-e-inferno-aldous-huxley/
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Lista de Livros 29/10/2015

Lista de Livros: As portas da percepção / Céu e Inferno, de Aldous Huxley
“““O leito”, como o define pitorescamente o ditado italiano, “é a ópera do pobre.” De modo análogo, o sexo é o paisagismo do hindu; o vinho, o impressionismo persa. E isso, evidentemente, porque as experiências da união sexual e da embriaguez gozam daquela diversidade essencial característica de todas as visões, inclusive na de paisagens.
Se, em certa época, o homem encontrou satisfação em determinada atividade, é de presumir-se que, até então, deveria ter havido qualquer outra coisa que a substituísse. Na Idade Média, por exemplo, os homens tinham uma preocupação obsessiva, quase maníaca, por palavras e símbolos. Qualquer coisa, na Natureza, era imediatamente considerada a ilustração concreta desta ou daquela noção formulada em um dos livros ou legendas considerados sagrados pela opinião corrente.
No entanto, em outros períodos da História, o homem encontrou uma profunda satisfação em reconhecer a diversidade autônoma da Natureza, incluindo muitos aspectos da qualidade humana. A manifestação dessa diversidade foi expressa em termos de arte, religião ou ciência. Quais seriam os equivalentes medievais de Constable e da ecologia, da observação dos pássaros e das Eleusínias*, da microscopia e dos ritos de Dionísio, e do haiku japonês? Creio que poderão ser encontrados, em um extremo da escala, nas Saturnais e, do outro lado, no misticismo. Carnavais, Festas da Primavera, bailes de máscaras são coisas que permitem uma constatação direta da diversidade animal, subjacente à personalidade individual e social. A contemplação inspirada revela o extremo oposto dessa diversidade da sublime Despersonalização. E algures, entre esses dois extremos, situam-se as experiências dos visionários e das artes propiciadoras de visões, por meio das quais se busca retomar e refundir essas experiências — a arte do joalheiro, do fabricante de vidro pintado, do tapeceiro, do pintor, do poeta e do músico.
A despeito de uma História Natural que não passava de um conjunto de símbolos monotonamente moralistas, sob o jugo de uma teologia que, em vez de encarar as palavras como a representação das coisas, tratava essas coisas e os fatos como demonstrações das palavras bíblicas e aristotélicas, apesar disso tudo nossos antepassados permaneceram relativamente sãos. E isso lhes foi possível graças à fuga periódica à asfixiante prisão de sua presunçosa filosofia racionalista, de sua ciência antropomórfica, autoritária e não-experimental, de sua religião demasiadamente rígida, para mundos não-verbalistas, inumanos, habitados por seus instintos, pela fauna visionária dos antípodas de suas mentes e — mais além, embora ainda incluído nessa totalidade — graças ao Espírito Interior.”

* Os festivais de Elêusis ou Eleusínias, em que se celebravam os mistérios de Demétrio e Perséfone, na cidade grega de Elêusis, próxima a Atenas.
*
Mais do blog Lista de Livros em:

site: www.listadelivros-doney.blogspot.com.br/2015/10/as-portas-da-percepcao-ceu-e-inferno.html
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Carla Porto 05/05/2015

Sublinhados por Huxley
Não vim escrever uma resenha, apenas sublinhar estes parágrafos, os mesmos que Aldous Huxley selecionou da obra A lâmpada da visão, de George Russell (pág. 57):
"Eu estava sentado à beira-mar, ouvindo vagamente um amigo que discorria com veemência sobre algo que apenas me aborrecia. Inconscientemente, fitei um punhado de areia que colhera na mão quando, de repente, dei-me conta da delicada beleza de cada grãozinho: ao invés de amorfa, verifiquei que cada partícula possuía uma forma geométrica perfeita, com arestas vivas, de cada uma das quais partia um brilhante feixe de luz, enquanto cada minúsculo cristal refulgia qual arco-íris. Os raios cruzavam-se e recruzavam-se, formando delicados desenhos de uma beleza tal que perdi o alento. E então, de inopino, meu consciente iluminou-se e eu percebi, de modo vívido, como fora criado o Universo: partículas materiais que, embora pudessem ser amorfas e inanimadas, estavam, não obstante, prenhes dessa intensa e vital beleza. por um segundo ou dois o mundo inteiro surgiu diante de mim qual resplendor de glória. Quando isso se dissipou, deixou-me com algo que jamais esqueci e que constantemente me faz recordar a beleza encerrada em cada átomo que nos envolve."
George Russell também nos fala de ter visto o mundo iluminado por um inexcedível esplendor de luzes; de ver-se admirando panoramas tão belos quando o Paraíso perdido; de observar um mundo onde as cores eram mais brilhantes e puras, o que não as impedia de criar uma mais suave harmonia. E, em outra passagem: "os ventos eram resplandecentes te tinha a limpidez do diamante, embora possuíssem a cor intensa da opala enquanto fulguravam pelo vale, percebi que estava imerso na Idade Áurea e que éramos nós que estávamos cegos para ela e não ela ausente pois que jamais se afastara do mundo".
Procurei imediatamente uma tradução desta obra para o português, mas só achei, infelizmente, em inglês (The Candle of Vision). Se alguém souber de uma tradução por favor avise-me.
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Fabiano 21/09/2012

A leitura não é muito simples. Tem uma pegada inglesa, sisuda... cheia de palavras difíceis e referências que desconheço, de artistas e coisas assim "européias" e elegantes...

Já tinha lido outro livro dele o "Admirável Mundo Novo". Esse "As Portas da Percepção / Céu e Inferno" eu tinha começado a ler há alguns anos atrás mas desisti... aí agora que tenho andando bastante de trem voltei a ler e dessa vez consegui terminar :)

O livro na verdade são dois ensaios, um que é o "As Portas da Percepção" e o outro que é "Céu e Inferno". Ambos da década de 50 e falando sobre as experiências de Huxley com a mescalina, principio ativo de um cacto muito utilizado por certos povos para cura e transcendência espiritual.

Se ler o livro com calma, "palavra por palavra", dá para captar bem os aspectos mais interessantes sobre as experiências de Huxley e suas teorias a respeito da natureza da consciência e da percepção.

Pelo que entendi, o cara pensa no cérebro como possuindo uma "válvula redutora de percepções" que nos permite ter maior chance de sobrevivência biológica e nos protege da onisciência, porque um indivíduo que pudesse perceber (muito) mais do que precisa, ficaria pirado. Segundo ele, do ponto de vista de sobrevivência convém limitar nossa percepção ao que interessa.

No entanto, segundo a visão do inglês, quando essa válvula redutora de percepções perde sua eficiência, a noção do "eu" é diminuída e o sujeito é capaz de visualizar um pouco da eternidade, transcendendo os aspectos mais comuns de sobrevivência e vivenciando experiências espirituais muito profundas (não necessariamente boas ou ruins, mas muito profundas). E ele relata tais experiências com detalhes muito ricos e bem descritos. E também expões suas reflexões muito interessantes a respeito do assunto.

O que achei interessante dessa ideia é que esse contato mágico não acontece através de um aumento de alguma atividade cerebral, mas sim de uma diminuição. Não é que o sujeito procura perceber mais, ele só deixa de perceber menos :P

O título do livro é inspirado num poeta inglês que dizia que "quando as portas da percepção estiverem abertas o homem poderá ver as coisas como elas são: infinitas"

Se tiver interesse pelo assunto e saco para palavras difíceis vale a pena ler.


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Leonardo Rosa 13/04/2012

Sentir sem provar
Fiquei surpreso com os relatos do autor. Ler sobre experiências com alucinógenos sem usar pode parecer difícil uma compreensão do que Huxley nos quer dizer. Mas não. Ele é extremamente erudito e consegue passar com uma certa clareza as sensações experimentadas.
Ponto interessante no livro é sobre comentários sobre as artes, principalmente a pictórica, onde ele relaciona a visão que certos artistas têm, (retratando em suas obras) mas acordados; não em um estado de inconsciência, mas de extrema lucidez e que para eles parecem bem claros.
Me atrevo a dizer que no final, Huxley passa a impressão de sentir uma certa afinidade com a filosofia espírita. Para ele, a grande maioria, precisará passar por estágios e experiências para se atingir a Suprema Luz. "Apenas uma minoria infinitesimal dos que morrem consegue ligar-se imediatamente ao Divino Princípio (sic)". A aterradora experiencia do Inferno no qual o autor cita seria o estado mental de perturbação (dependendo do estado evolutivo) em um desencarne.
Recomendo a leitura.
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Mari 09/01/2010

As Portas da Percepção / Céu e Inferno Aldous Huxley
As Portas da Percepção

Escrito em 1954, o ensaio trata dos efeitos da ingestão de drogas alucinógenas, mais especificamente a mescalina, um alcalóide encontrado em um cacto mexicano chamado peiote. Trata-se da descrição de uma experiência assistida por médicos realizada por Huxley com intuito científico, e das inferências feitas a partir da análise de dados recolhidos.

O título da obra provém de uma célebre citação do poeta William Blake: "Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.

Através desse conceito, Huxley acredita que o cérebro humano filtra a realidade, de forma que apenas parte das imagens e percepções possíveis cheguem de fato até a consciência, pois o processamento da realidade em sua plenitude seria insuportável devido ao volume elevado de informação.

Segundo o autor, as formas de atenuar a existência desse filtro e vivenciar o mundo em sua plenitude seriam a ingestão de determinadas drogas, a prática de jejuns prolongados, a auto-flagelação e períodos prolongados de silêncio e isolamento, devido aos efeitos fisiológicos e psíquicos que essas práticas propiciam à percepção humana. É realizada ainda uma comparação possível entre os efeitos das drogas e os sintomas esquizofrênicos, pelo desequilíbrio químico semelhante.

Huxley descreve sua experiência como visão da onisciência, com desapego de idéias e conceitos e percepção da existência em si, deixando de ter a visão cotidiana dos objetos segundo sua funcionalidade. Essa nova percepção torna-se fascinante pela intensidade com que tudo parece pulsar existência (paralelo e influência do Existencialismo, corrente filosófica e literária que destaca a liberdade, a responsabilidade e a subjetividade do ser humana, considerando cada ser como único, mestre de seu destino, e afirmando o primado da existência sobre a essência, segundo a definição de Sartre: A existência precede e governa a essência).

A percepção se alarga e o espaço e as dimensões tornam-se irrelevantes, gerando uma sensação de pequenez, já que assim o ser humano percebe sua incapacidade de assimilar tantas impressões. O autor também descreve sua mudança de interesses, pois o mundo toma novas formas e significados perante a experiência. Huxley disserta ainda sobre a necessidade de fuga, a possibilidade da droga perfeita e a ligação entre drogas, transcendência e religiosidade.

Ensaio muito interessante e profundo, essencial para o entendimento das limitações cotidianas em nossa relação perceptiva com o Universo.


Céu e Inferno

Ensaio posterior ao As Portas da Percepção, também trata da ingestão de mescalina, sob o ponto de vista de ser um dos meios de conhecer antípodas da mente (áreas desconhecidas, inconsciente), sendo outro meio citado o hipnotismo. Visa acrescentar alguns pontos esquecidos no ensaio anterior, essencialmente a questão da possibilidade de uma experiência negativa com alucinógenos, talvez por motivos fisiológicos, mas, principalmente, por motivos psicológicos.


Huxley afirma que a mescalina altera a percepção, tornando conscientes coisas que o cérebro ignora em seu estado normal por serem inúteis a sobrevivência. Interfere, possivelmente, no sistema enzimático, diminuindo a eficiência do cérebro como válvula reguladora de informações percebidas.


O autor cita a obra Diário de uma Esquizofrênica em suas descrições do inferno na experiência visionária: pode haver existencialismo aterrador, claridade elétrica e implacável, percepção muito apurada, sensação de estar mais presa ao corpo e à condição. O exemplo é utilizado para traçar um possível paralelo entre os efeitos de droga e os sintomas da esquizofrenia, de forma que o desequilíbrio químico que há em ambos os casos fosse semelhante, especulação já feita em As Portas da Percepção.


Huxley descreve mudanças drásticas na percepção, com luzes e cores intensificadas, ampliação dos valores (passando ao significado puro), visualização geométrica (enxerga-se desenhos dentro de desenhos). O autor afirma que nos antípodas da mente estamos quase livres de linguagem e conceitos. Há ainda uma descrição de componentes comuns nas experiências visionárias, como pedras preciosas, vidro, paisagens; e a interpretação em termos teológicos e tradução artística da experiência.


Ótimo ensaio, não servindo apenas de complemento ao anterior, mas sim como nova visão sobre a percepção humana e os possíveis desdobramentos desta.
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Grecco 13/04/2010

Arte
A descrição que faz relacionando a experiência com a droga com a possibilidade de sensações que as artes visuais e o paisagismo provoca é incrível.
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