Lauraa Machado 29/03/2022
Poderia ter sido bem melhor
Acho bom começar essa resenha deixando claro que eu gostei desse livro. Acho, aliás, bastante fácil gostar dele, pois é bem comercial e agradável. Mas eu esperava mais. Esperava que fosse mais tocante, mais aprofundado, mais complexo e emocionante. Mais inteligente e instigante também. A história me pareceu, na maior parte do tempo, bastante mastigada e foi difícil não perceber constantemente que era uma história escrita por uma autora americana.
Não tem problema uma pessoa dos Estados Unidos escrever sobre a guerra na França, o problema foi que isso ficou bastante claro desde o começo. A visão dela sobre a França me pareceu tão turista, forçando demais o fato de ser uma história francesa, comida francesa, tudo na França era francês, como se não pudesse só ser coisas, só ser uma vida comum, que acabou me parecendo mais lúdico do que real. A França do livro me pareceu mais como um palco romântico para uma história idealizada do que como um país, e isso porque eu já morei em uma das cidadezinhas do Vale do Loire que são mencionadas na história. Nem para mim, nem assim, pareceu real.
Tem vários detalhes que me soaram bastante idealizados e romantizados sobre o país e a guerra, não em um sentido sempre bom, mas dramático e desnecessário. Muito das relações entre os personagens, da própria Resistência e do sofrimento das personagens me pareceu dramatizado. A partir do momento em que comecei a encarar o livro mais como um filme de drama bem comercial, comecei a gostar mais dele. Não esperava mais construções do enredo que fossem complexas e aprofundadas, só fui aceitando o entretenimento da vida das irmãs e, nesse sentido, é um livro muito bom.
Mas não é nada absurdamente marcante, nada impactante como deveria ser. É estranho dizer isso, porque é claro que chorei com várias partes, mas pelas coisas que acontecem no livro, se eu as listasse aqui para vocês, era de se esperar que a história fosse emocionante ao máximo, mas não foi. Não para mim. Coisas absurdas, cruéis e sofridas eram narradas de um jeito um pouco seco demais e até clínico às vezes, o que me impediu na maior parte do livro de sentir algo além do entretenimento básico. Não senti medo, nem empolgação, nem tanta tristeza assim.
Foi como se eu realmente listasse as coisas cruéis e difíceis que acontecem no livro, com as quais é difícil ficar emocionado sem uma narrativa envolvente. Além disso, foram centenas de acontecimentos importantes do começo ao fim, então todos foram passados bem por cima e não dava tempo de explorar nenhum afundo, de nenhum assentar e mudar o tom da história antes de outra coisa acontecer e aquela anterior mal importar.
Eu ainda gostei do livro, já falei, né? Mas poderia ter sido bem melhor. Recomendo como uma leitura um pouco mais simples e de passatempo, mas não para quem está procurando realmente um romance emocionante que se passe na Segunda Guerra. Os romances aqui foram bem dispensáveis, infelizmente.
A graça da história foi mesmo ver o lado das mulheres durante a guerra, daquelas que foram deixadas para trás e que ninguém via como importantes ou capazes de ajudar a ganhar a guerra. Foi especialmente interessante ver a diferença entre a Vianne e a Isabelle, e eu gostei do que aconteceu, se ao menos a narrativa tivesse sido um pouco melhor. Estou animada, porque descobri que haverá um filme, e essa é uma história que funcionaria muito bem assim! Só queria ter gostado bem mais desse livro.