Thaisa 05/09/2021
Uma comédia reflexiva sobre as mulheres em uma sociedade patriarcal
A Guerra do Peloponeso continua a todo vapor e os homens de Atenas e Esparta não cessam a luta.
Lisístrata, no entanto, já se cansou disso; assim, ela reúne as mulheres atenienses (e até mesmo as espartanas) para propôr uma forma de encerrar a guerra: elas precisam fazer uma greve de sexo, negando transar com seus parceiros até que eles declarem a paz entre as cidades. No princípio, é difícil convencê-las, já que as mesmas têm libido assim como seus maridos e não querem passar tanto tempo sem copular.
Ainda assim, lideradas pela determinação e pela astúcia de Lisístrata, as mulheres invadem a acrópole de Atenas para que os guerreiros não possam utilizar meios financeiros para continuar o duelo, nem consigam persuadir suas esposas a mudarem de idéia.
A revolução que a protagonista origina, além de fazer com que os homens realmente repensem suas atitudes, demonstra bem como as mulheres também são seres sexuais, com desejos e vontades - algo ainda hoje visto, muitas vezes, como um tabu.
Essa comédia grega de Aristófanes não tem apenas o propósito óbvio de divertir (o que, claro, ela faz impecavelmente, levando o público a gargalhar do começo ao fim); "Lisístrata" também é uma peça extremamente reflexiva que dá voz às mulheres silenciadas em uma sociedade patriarcal, que não permite que elas opinem em assuntos gerais que as afetam diariamente, como a guerra, a economia, o luto e o sexo.
Nessa curta história que me fez rir o tempo todo, tanto através de trechos completamente absurdos quanto por meio de situações tão ordinárias que chegam a ser cômicas, foi difícil não admirar a protagonista, sua inteligência, resiliência e impetuosidade - Lisístrata é uma mulher que inspira e que retrata aquilo com que precisamos lidar desde o começo dos tempos: o machismo.
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