Vitória 27/04/2023
Acho que o comentário sobre esse livro vai ser curtinho porque, ainda que tenha sido uma experiência ok, sem nenhuma grande decepção, ele também não me surpreendeu em nada. Peguei indicação dos livros desse autor por causa da galera que sempre falava do estilo dele ser muito parecido com o do Bernard Cornwell e, já que o Cornwell ultimamente só tá me fazendo entrar em cilada, decidi tentar por um caminho diferente. Como já disse, foi bom, muito melhor que minha última leitura do Cornwell, mas eu acabei por perceber o mesmo problema nos dois autores, e isso me irritou um pouco.
A história acompanha, basicamente, uma guerra civil. O rei tá todo xoxo e capenga, sem uma moeda pra financiar a guerra com a França, e acaba realizando um casamento com a Margarida em troca de um armistício, e aí toda a treta começa. O autor sabe muito bem explicar o cenário político da época, e os acordos entre a própria nobreza que os faziam agir desse ou daquele modo, tudo fica muito claro pro leitor, sem que a leitura se torne cansativa, e isso é ótimo. Ao mesmo tempo, as cenas de batalha, apesar de não terem alcançado toda a beleza que eu vi durante a primeira leitura das Crônicas de Arthur, são ótimas. O leitor sabe a todo momento o que está acontecendo, onde cada personagem está, e isso faz com que a gente fique mais ansioso pra saber o resultado de tudo aquilo.
Os personagens são bons, o autor sabe bem balancear o momento em que cada um deles terá seu destaque merecido, e também gostei deles não serem completamente bons ou maus. Aqui, como era de se esperar, eu vou ter que dar um destaque pro Derry Brewer. O cara é um espião na maior essência da palavra, malandro, escorregadio, que adora soltar uma piadinha de vez em quando, e tenho que admitir que as cenas em que a gente vê ele se livrando de alguma armadilha armada pelos lordes que o odeiam forma de longe as mais divertidas do livro inteiro. A Margarida é uma personagem que vai se tornando mais interessante ao longo da história, e isso condiz com o crescimento e a evolução dela de uma adolescente de 14 anos da realeza pra grande rainha da Inglaterra. Eu fiquei a todo momento esperando a cena em que o romance proibido entre ela e o William de la Pole finalmente aconteceria, tanto que a morte dele foi uma grande surpresa pra mim. Talvez essa decepção tenha me ajudado a baixar um pouquinho a nota, eu estava precisando de pelo menos uma pitada de romance aqui.
Como no último livro que resenhei aqui e em vários outros, o meu grande problema foi a minha falta de apego aos personagens. Eu gostei de todos eles, mas em alguns momentos eles estavam tão envolvidos em intrigas políticas que eu sentia que não sobravam páginas pra que eu os acompanhasse no seu dia a dia, conversando e vivendo suas vidas, e isso pra mim é essencial pra que o leitor estabeleça uma relação de identificação para com o personagem. Talvez eu na verdade esteja numa ressaca literária das brabas e por isso não consiga me relacionar profundamente com livro nenhum? Acho que sim, mas nem a minha ressaca seria capaz de mudar a minha nota para esse livro. Comprei o box completo da série e foi caro, então lerei os outros em algum momento, só espero que o autor melhore isso com o decorrer dos volumes.