bobbie 29/05/2021
Resenhar Bataille: tarefa difícil e ousada.
Não é qualquer um que pode se atrever a resenhar Georges Bataille. E decididamente estou fora desses uns que podem. O que posso fazer com meus parcos conhecimentos metafísicos é fruir o máximo que consigo de um livro como esse. Se não conheces Bataille, vais esperar algo completamente distinto deste livro, pois não, você não vai estudar a História, com agá maiúsculo mesmo, deste órgão do corpo humano. A verdade é que este é um romance que explora ao extremo o desejo sexual humano, em sua organicidade e inorganicidade, em tudo o que ele respeita e desrespeita as normas, ao ponto de que os de estômago fraco ou puritanos em excesso não devem sequer chegar perto. Ou devem. Talvez sejam esses que precisem ler História do olho para, quiçá, começar a deixar de se chocar o a natureza humana do desejo. Aqui vemos personagens imbuídos em desejos que se imbricam com a morte, o homicídio, a sujidade (o que é o sexo senão uma troca de "impurezas" e um ato de indulto à "imundície"?), a metafísica, a existência, os impulsos que movem o ser humano, o profano, o religioso. Sim, o livro vai chocar, principalmente porque ele é uma catarse dos mais recônditos desejos do próprio Bataille, encorajado a externá-los em papel aquilo que o assustava demais na realidade. No mais, perdoem-me por ousar resenhar este História do olho. Estou plenamente consciente na minha inadequação para isso.