Lucas1429 02/02/2024
O moralismo se retém à curiosidade
Em 1928, Georges Bataille publicou a exegese de sua própria existência até ali: a do homem assolado por um desejo arbitrário. A edição primitiva de sua primeira obra, esta, é a identificação da própria aversão íntima que precisava ser transcrita, segundo indicação de seu terapeuta, para a tentativa de desvio da desgastante rotina lasciva que praticava.
A retórica é simplória; o narrador, entremeado à autobiografia batailliana, é um adolescente na descoberta sexual despudorada ao lado de uma companheira igualmente devassa. Simone e ele, no viés dos anti-pudicos, objetivam ironizar a convenção literária, versada na dispersão das mentes libertinas, direcionando o leitor para situações gráficas e não menos instigantes de um processo coletivo não-tradicional.
Ademais, o olho, a centralização titular, é o elemento da observação dos atos e da fruição do orifício anal. O sexo é discorrido para atestar-se como apogeu máximo de ambos amigos e de suas vidas bestiais - também para quem os vê, pais passivos, colegas abismados; e para quem faz, um sem número de corpos hedonistas.
Contrariado às castrações sintomáticas da sociedade quanto aos processos e excessos do físico, o texto, e seus pares presentes, de pouco desenvolvimento exterior desatrelado às consumações, como um Sade contemporâneo, no agir, no narrar, é a incursão à dimensão pornográfica; dela, à transgressão da vida exemplar de todo e qualquer civil comum.