Blog MDL 02/07/2016
O mundo como conhecemos já não existe mais. Os vilões, após anos de derrotas e humilhações, uniram-se com o objetivo de erradicar todos os heróis do planeta. Uma missão concluída com sucesso. Todos os super-heróis foram eliminados, e os poucos sobreviventes ou se exilaram, ou fizeram alguma espécie de acordo político para continuarem a viver. Os EUA então foram divididos em feudos, onde cada vilão domina seu próprio pedaço de terra.
Um herói, diferente dos demais, não se uniu às batalhas pela sobrevivência, tornando-se um dos primeiros exilados. Wolverine vive, 50 anos após a queda dos heróis, numa desolada fazenda nas proximidades de São Francisco, com sua esposa e seus dois filhos. O território em que vive é dominado pelo Hulk e sua família, e, pela primeira vez em mais de vinte anos, o carcaju não conseguiu reunir dinheiro para pagar o aluguel.
Logan, diferente de seus dias de herói, não é mais o cara pavio curto que não hesitava em soltar as garras e sua fera interior. Algo aconteceu no passado, fazendo o anti-herói favorito da Marvel exilar-se sem nem mesmo participar das lutas contra os vilões e forçando-o a jurar que nunca mais agredir alguém, ou mesmo mostrar as famosas garras de adamantium ao mundo.
Após levar uma surra dos membros monstruosos da família Hulk (que foram gerados a partir da relação de Bruce Banner com sua prima) com a promessa de pagar o dobro no próximo mês, Logan recebe a visita de outro herói aposentado, o Gavião Arqueiro. Barton então propõe a Logan que ele sirva de navegador numa viagem em que ele precisa fazer para entregar uma mercadoria em “Nova Babilônia” a cidade a Oeste dos Estados Unidos, onde quem domina é o Caveira Vermelha.
Com a promessa de dinheiro o suficiente para tirar a família o aperto, embarcamos com Barton e Logan no Aranhamóvel, onde iremos ver em primeira mão como ficou o mundo e como o Carcaju lidará com as adversidades dessa penosa viagem.
A meu ver, para uma história dar certo, além de diversos outros fatores, um dos principais é saber usar o personagem certo, na ideia certa. E nisso, Mark Millar é exemplar. Wolverine é o tipo de personagem que combina e muito com uma história de Roadtrip¹, e o mundo distópico, ainda mais tomado de violência, somado ao pacto de não violência do x-man torna toda a história ainda mais instigante. A parceria dele com Clint Barton também foi uma escolha ótima. Millar trabalha com ambos de uma maneira tão fenomenal que ora temos o Logan como protagonista e o Clint de apoio, hora as posições invertem.
Mas, a pérola dessa história, a meu ver, não é apenas a visão micro, onde acompanhamos a história do Logan e do Gavião, mas o macro, onde vemos o que o mundo se tornou e temos alguns indícios do que aconteceu. Esse não é um daquele universos que está ferrado, mas sempre há aquele grupo revolucionário, para salvar tudo e todos. Esse é um mundo sem qualquer tipo de esperança, onde mesmo aqueles que parecem ser justiceiros, na verdade são apenas pessoas mesquinhas, com objetivo de tornarem-se os novos líderes.
Com essa trama bem trabalhada, somo totalmente envolvidos na história, curiosos em ver esse mundo caído, enquanto ficamos curiosos com o que houve no passado do Logan. Diga-se de passagem, quando eu descobri o motivo que o fez jurar nunca mais agredir alguém, senti até um aperto nesse meu coração gelado.
Além do plot bem bolado e das trama internas da história, a arte também é algo que é muito bem feita aqui. O traço de Steve McNiven puxa um pouco para o realismo, com expressões mais quadradas e semblantes mais duros, o que pra mim casou bem mais que em Guerra Civil. O ambiente e cenas de luta também são bem feitos, com uma ou outra referência à saga mais famosa da dupla criativa.
Acho q o único ponto que me incomodou um pouco foi a luta final. O que poderia (e deveria) ser o ponto alto da história, tanto pela história em si, quanto pela referência à origem do Logan nos quadrinhos, me pareceu algo feito as pressas. É “Ok”, mas tinha chances de ser algo melhor...
Um arco com roteiro pesado, denso e emocionante, trazendo toda a brutalidade que a arte do McNiven podem criar e com lutas bem boladas e um final aberto a várias interpretações, Wolverine – O Velho Logan é uma história sobre escolhas e como elas moldam nosso destino.
site: http://www.mundodoslivros.com/2016/02/comic-resenha-wolverine-o-velho-logan.html