Erika 31/12/2017
No geral, me surpreendi com o livro.
Concordo com várias coisas e discordo de outras. Algumas são lindas, mas bem utópicas.
Alguns trechos que destaquei/gostei:
Sobre compreender a vida:
"Em última análise, o homem que continua tentando compreender a vida revela ser um tolo, enquanto o homem que desfruta a vida torna-se sábio e continua aproveitando a vida, porque se torna cada vez mais consciente dos mistérios que rondam todas as pessoas.
A maior compreensão é saber que nada pode ser compreendido, que tudo é misterioso e miraculoso. Para mim, esse é o início da religião na vida do indivíduo." (p.10)
Sobre crescimento:
"Milhões de pessoas decidiram permanecer sementes. Por quê? Se podem se tornar flores, se podem ter uma dança ao vento, ao sol e à lua, por que decidiram permanecer sementes? Há alguma coisa nessa decisão: a semente é mais segura do que a flor. A flor é frágil. A semente não é frágil e parece ser mais forte. A flor pode ser destruída com muita facilidade, basta um vento forte e as pétalas vão se espalhar.
A semente não pode ser destruída tão facilmente pelo vento, pois está muito protegida e segura. A flor está exposta, é uma coisa delicada, e fica exposta a muitos perigos: pode vir um vento forte, pode chover a cântaros, o sol pode ficar muito quente, algum homem tolo pode colhê-la. Qualquer coisa pode acontecer à flor, tudo pode acontecer com a flor, a flor está constantemente em perigo. No entanto, a semente está segura, e é por isso que milhões de pessoas decidem permanecer sementes. Porém, permanecer uma semente é permanecer morto, permanecer uma semente é deixar de viver. É seguro, certamente, mas não tem vida. A morte é segura, a vida é insegura. Aquele que realmente quiser viver tem que viver em perigo, em constante perigo. Aquele que quiser chegar aos picos tem que correr o risco de se perder. Aquele que quiser escalar os picos tem que correr o risco de cair de algum lugar, de escorregar." (p.65)
Sobre educação dos filhos:
"Ora, a própria ideia de criar filhos é uma bobagem. Os pais podem, no máximo, ajudar, mas não podem educá-los. A própria ideia de educação das crianças é um absurdo; aliás, não apenas um absurdo, mas também muito prejudicial, bastante prejudicial. Não se pode construir... Uma criança não é um objeto, não como um edifício.
A criança é como uma árvore. Sim, os pais podem ajudá-la. Podem preparar o solo, podem colocar fertilizantes, podem regar, podem observar se o sol atinge a planta ou não, e isso é tudo. Mas não vão criar a planta, pois ela está crescendo por conta própria. Os pais podem ajudá-las, mas não podem criá-las, nem construí-las.
As crianças são grandes mistérios. No momento em que os pais começam a desenvolvê-las, no momento em que começam a criar padrões e tipos de caráter ao redor delas, estão aprisionando-as." (p.91)