ladylazarusplath 08/05/2024
O erotismo e sua formosura
A beleza, o encanto, a euforia voluptuosa que persegue o sexo provém das numerosas emoções divergentes que embalam os amantes: Fome, desprezo, ânsia, paixão, dor, medo, angústia. O ato sexual é belo não por deter a liberação selvagem do prazer paralisante, mas sim pela capacidade humana em entregar-se inteiramente, dispondo sua alma nas mãos alheias.
Delta de Vênus reúne 15 coletâneas eróticas; Anaïs Nin conjuntamente com outros artistas e escritores, enfrentara o desafio de escrever histórias despidas de poesia - a poesia trata-se da medula piegas, progenitora do embevecimento íntimo e vísceral acercando o vínculo vulnerável -, seu dever seria implantar somente a reprodução vivaz do ato, áspero e opaco.
Sob estas reprimendas, o leitor surpreende-se ao encontrar os primeiros despertares desejosos da mulher - as excitações oníricas, túrgidas pelo aguardo, decrépitas, rosáceas de ingenuidade - em um cenário onde o anseio masculino é esmagador, antigo, mesquinho e inflexível. A figura feminina tenta então conciliar o intermédio em suas descobertas aprazíveis, o recém encontro com a satisfação e o contínuo transitar de si na perspectiva do outrem.
Anaïs Nin penetra fervorosamente o ardor em meu ser; sua escrita é elétrica, próxima, estupefaciente, excitante e inusitada. Mesmo sendo forçada a abandonar o seu lado amorosamente profundo e poético, há resquícios percebidos no desvelar minucioso que demonstram a sensibilidade de Nin em abordar o erotismo demasiadamente intrigante, acarretador duma enxurrada de críticas fastidiosamente puritanas.
Tal obra é inegavelmente formosa, sua crueza que resseca a garganta e estremece o estômago reivindica uma consagração merecida; um verídico retrato do desabrochar feminino, a busca constante pelo preenchimento interno, o urdir irradiante do sexo com o amor.