Valério 28/10/2015
Hard porn
Anaïs Nin escreveu Delta de Vênus (na verdade uma série de contos eróticos) por encomenda. Um senhor misterioso pagava um dólar por página. E exigia que os contos fossem o mais descritivos possíveis dos atos sexuais, sem poesia, sem longas descrições dos personagens, dos locais. O resultado foi um detalhamento assombroso de relações.
Ler o livro e saber que já experimentou as várias sensações ali descritas pode ser um indício de que sua vida na cama foi plena. Ou pode ser um pouco frustrante ler e ver experiências que nunca experimentou (ou sequer imaginou). Assim, quanto mais enfadonha for a vida amorosa do leitor, mais tende a se surpreender. Por outro lado, quanto mais rica, mais tende a ter doces e sensuais lembranças.
A descrição pormenorizada das sensações é muito bem escrita.
Por outro lado, há situações grotescas, de incesto, pedofilia e até mesmo necrofilia (tara por cadáveres).
Contudo, por mais que os contos sejam bem escritos e que despertem apetites, gostei mais de "Incesto", parte do diário da própria Anaïs Nin. Primeiro, porque as situações que ali nos chocam foram reais. E, em segundo lugar, porque neste llivro Anaïs não foi tolhida. Então, convivendo com a pornografia que foi sua vida, Anaïs Nin escreve de forma precisa, com beleza e profundidade. Enfim, a leitura dos dois é imperdível.