sankdeepinside 07/04/2014
Eu sou o mensageiro: por que nem só de ladras de livro vive o homem
Meu primeiro contato com este livro foi em uma estante do Extra, e neste dia, por infortúnio, ocorreu de eu não ter dinheiro suficiente para efetuar a compra e levá-lo para casa. Só fui realmente lê-lo alguns anos depois em pdf, e posteriormente o loquei na biblioteca da faculdade e o reli.
Em meu íntimo, consigo inclusive ver minha própria história entrelaçada com a do personagem principal, e talvez isso tenha feito com que me afeiçoasse tanto com a história de um tremendo perdedor.
Se está a procura de algo semelhante à Menina que roubava livros, pare aqui. Markus Zusak não é o autor que você pensa que é (caso apenas o conheça por seu best-seller). Antes de seguir adiante, preciso que entenda que Liesel Meminger e seu universo na Alemanha nazista só existem naquele livro, pelo simples fato de ele ter sido um presente. Ter sido único.
Markus não é um autor de livros baseados em dramas históricos, apesar de que todos sabemos que, caso ele queira fazer outro, ele pode muito bem o fazê-lo, e com maestria.
Eu sou o Mensageiro conta a história de Ed Kennedy, um rapaz fracassado na vida profissional, familiar, social e amorosa. Não espere nada de Ed, ele é um perdedor. Após ter um lapso de coragem e impedir que um ladrão de banco fugisse, Ed começa a receber cartas de baralho com endereços ou charadas, cada uma levando a uma pessoa diferente. A uma história diferente.
As charadas o levam causar mudanças na vida de várias pessoas, incluindo seus amigos e a sua própria. As mudanças ocorrem não no sentido religioso, como de certa forma o título sugere, mas de uma forma suave e extremamente necessária. Desde pequenas coisas que aparentemente não fazem a diferença, como um simples sorvete, até coisas urgentes, como um marido agressivo e abusivo.
O livro em si é repleto de bom humor, dá para você ler sorrindo até o fim, típico da maioria das obras do australiano, mas também remete a dramas intensos, especialmente familiares, uma vez que Ed é o filho mais insultado por sua mãe, mesmo sendo o único que sempre se mantem presente em sua vida. Até os personagens secundários são de extrema importância para o decorrer da história, os idiotas são importantes, as famílias são importantes, os marginais são importantes. São as pessoas com seus dramas reais que dão o verdadeiro valor ao livro.
Caso espere um livro pesado, ou recheado por dramas, garanto que este não é seu livro. Markus consegue despertar certo descontentamento com o final do livro (que não revelarei, para não estragar a graça), mas eu confesso que levei quase quatro meses 4 fucking meses para entender. E quando eu entendi, me fez querer ler o livro novamente. De fato, não é um livro para todos os gostos, chega um pouco a se enquadrar no estilo Young-adult, um tanto semelhante ao de John Green, que não agrada a todas as pessoas.
Eu sou o mensageiro é um livro introspectivo, reflexivo, mas sem nem passar perto de ser autoajuda. É leve, engraçado e sutil, cheio de frases e falas que vão fazer você associar facilmente a pessoas do seu dia a dia, e até mesmo a você.
A leitura é recomendada, vale a pena olhar para si mesmo, para as pessoas ao seu redor e buscar a mudança. Se até um fracassado consegue, então não deve ser impossível.
"As vezes as pessoas são bonitas. Não pela aparência física. Nem pelo que dizem. Só pelo que são."- Ed Kennedy
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