thaísa 15/12/2021
Mulheres fortes prezam por justiça.
O terceiro livro de Stieg Larsson mostra para o que veio através de uma narrativa fluida e surpreendente. Por isso, aos que gostam, é o tipo de livro pra virar a madrugada, passando de página em página com sangue nos olhos e com a curiosidade no nível máximo.
Nessa parte da história Millenium, tudo aquilo que foi revelado no segundo livro é desenvolvido e explicado de uma maneira que faz com que o leitor sinta ódio da justiça e do governo sueco. Isso ocorre pois fica evidente todos os trâmites articulados contra Lisbeth Salander, a qual foi perseguida, da infância à fase adulta, por um grupo ilegal presente dentro da Säpo, comandado por homens sem escrúpulos, integridade, sensatez, ou qualquer outra característica que remeta a um indivíduo ético e humano. Não só Lisbeth, como também outras mulheres foram alvos e vítimas das atrocidades cometidas por essa milícia, a qual arrecadava rios de dinheiro com o tráfico e, consequentemente, tortura de inúmeras meninas e jovens adultas. E, justamente por ficar a par de toda essa situação, Lisbeth volta a ser perseguida pelos canalhas da Säpo, que agora querem deixá-la sob o controle deles novamente.
A história, quase que por completo, se passa com a protagonista no hospital, enquanto o resto da Suécia e do mundo a veem como uma assassina descontrolada com enormes problemas psíquicos (devido às armações do clube Zalachenko), que até aqui já podem ser totalmente refutadas pelos leitores da trilogia. No entanto, Mikael Blomkvist, mesmo sem provas, sabe a verdade e, mais que ninguém, conhece a Salander. Diante disso, ele se entrega totalmente à busca de provas e descobre mais e mais podres sobre a Seção. A partir daí, ele passa a recorrer à pessoas que estão dispostas a ajudar Lisbeth, contando com os poucos amigos dela e a irmã dele, advogada que atua no que diz respeito aos direitos da mulher. Com tal ajuda, Lisbeth consegue atuar nos planos que Anika Gianini tem para sua defesa.
E depois de inúmeros acontecimentos, finalmente chega o julgamento da acusada. Nessa parte do livro, qualquer um que tenha se envolvido minimamente com a história vibra com a maneira que a justiça é feita e com o jeito que os fatos são apresentados. Particularmente, é a minha parte preferida de todo o livro, e só lendo para entender.
Além disso, por se tratar de uma história detalhada e relativamente grande, o autor sai da trama principal de uma forma que não torna o livro desconexo. Isso faz com que a obra não seja cansativa e desperte o interesse tanto para o desenrolar do caso de Lisbeth, quanto para todo o resto que está acontecendo. Nesse sentido, são introduzidas à história mulheres com garra e coragem, o que torna o livro fascinante, visto que as características são bem apresentadas e reais.
A Rainha Do Castelo De Ar não é apenas mais um livro muito bom. Trata-se de uma denúncia ao machismo estruturado e também à violência desumana vivenciada por milhares de mulheres, não só na Suécia, como também em todo o mundo, atualmente. Aliás, toda a trilogia Millenium pode ser classificada dessa maneira.
ps: sério, as mulheres desse livro são surreais!!! leiam.