Phelipe.Pompilio 29/10/2015Resenha feita para o blog Bravura Literária.Fantasia urbana ambientada em Curitiba, capital do estado do Paraná. Um dos motivos de eu ter adquirido esse livro foi a curiosidade por conta da capa de aparência misteriosa. O projeto de publicação do livro foi feito pela ferramenta de financiamento coletivo denominada Catarse, que é um meio muito interessante para aqueles, que assim como o Lauro, se aventuram nesse ramo da escrita e desejam ter seus exemplares publicados. Além do Catarse, Lauro também contou com o apoio da Prefeitura de Curitiba.
Bem-vindos a Khur!
Tales, um garoto de 11 anos e filho de elfos, é entregue aos cuidados de Aer'delo, um elfo experiente que aceita o garoto como aprendiz.
Quatro anos se passam desde que Tales foi deixado sob os cuidados de Aer'delo e o garoto está cumprindo uma missão que foi dada pelo seu tutor: vigiar os mestiços (seres que são metade orcs e metade humanos), membros da Mão Negra que estão tramando alguma coisa na Praça do Cavalo.
Bro-Thum e Bro-Muir, dois irmãos anões, também estão encarregados de observar e interceptar os mestiços caso haja alguma coisa suspeita. Além disso, a pedido de Aer'delo, também é parte da missão deles vigiar Tales para que nada de ruim possa acontecer.
Após uma série de acontecimentos, Tales é levado até a cidade de Khur, o reino dos anões que fica no subsolo da cidade de Curitiba. Dentro do reino dos anões, Tales conhece muitos personagens que terão um papel importante na história, como Ael'evendi, um elfo que até então tinha seu paradeiro desconhecido; Bur-Daem, rei de Khur e líder da Liga dos Artesãos, uma sociedade formada para combater a Mão Negra; Bur-Tuir, o príncipe dos anões; a rainha Dwa-Ella; Marcel, o bardo que também é o único humano em Khur e muitos outros.
"— Esperava menos luz e mais sujeira, não é guri? — Bro-Thum percebeu a surpresa no rosto do garoto. — Bah... Somos anões, não toupeiras ou orcs."
Uma reunião da Liga tem início e Tales é convidado para participar. Nessa reunião eles descobrem o propósito de os mestiços estarem agindo estranhos ultimamente, dando início assim ao verdadeiro assunto da trama.
Por se tratar de um livro nacional, várias pessoas ficam com um pé atrás. Confesso que também já fui assim, mas nossos autores são, assim como Rothfuss, Martin, Gaiman, Tolkien e outros, dignos de serem lidos.
Usando de criaturas tradicionais do gênero, Lauro conseguiu misturar fantasia com realidade, uma coisa que ficou muito, mas muito bacana mesmo, pois os seres fantásticos tem uma certa participação em acontecimentos históricos ao redor do Brasil e do mundo. Destaque para a explicação do nome Curitiba, que é derivado das palavras "Khur-i-Tibah", que significa, na língua dos anões, Khur de cima.
Os personagens inseridos na trama foram construídos com maestria. Apesar de eu ter gostado muito do Bro-Thum, não tem como escolher um favorito. Todos tem uma personalidade distinta, o que os torna muito cativantes.
Ainda falando sobre os personagens, acho legal destacar o modo como os nomes dos anões foram criados. O início do nome de cada anão nos dá uma ideia de qual clã ele faz parte.
Vale ressaltar que, embora o autor esteja usando criaturas clássicas, ele não abriu mão de mostrar um pouco de tecnologia. Os anões são excelentes mecânicos e constroem seu próprio arsenal utilizando de uma tecnologia que nos lembra um ambiente Steampunk.
A questão da tecnologia também é muito interessante, pois os alvores não conseguem usar o mesmo tipo de tecnologia que os humanos.
Referência. Lauro usou muito bem diversas referências dos autores que o inspiraram, mas sempre ditando seu próprio ritmo. Podemos notar em algumas partes do livro frases famosas que foram usadas por Tolkien e outros autores em suas obras.
Por falar em ritmo, a narrativa é feita em terceira pessoa, mas nunca focando em um único ponto de vista. O autor divide em interlúdios os acontecimentos do passado dos personagens, destacando todo o capítulo em itálico. "Ah, mas isso deve deixar a leitura chata". Não. Não deixa a leitura chata, pois é através desses fatores que conseguimos adentrar mais ainda no universo Alvores.
Tratando-se de uma publicação independente, o autor e sua equipe estão de parabéns. A revisão ortográfica e gramatical ficou quase impecável, contendo somente alguns errinhos básicos. A capa é maravilhosa, foi feita de um modo que nos lembra couro, somente com o símbolo em alto-relevo e sem título. Internamente, a diagramação é boa, semelhante a que encontramos nos livros da série Percy Jackson. O livro possui desenhos no fim e no início de cada capítulo, o que deixou a parte física ainda mais bela.
Os demais livros ainda estão por vir. O autor escreveu mais alguns contos após a publicação de A Liga dos Artesãos. Esses contos são facilmente encontrados em formato digital na Amazon.
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