Naty__ 13/03/2020Perfeito!O livro já começa nos assustando. Primeiro porque Thea Von Harbou não é quem a gente pensa, não tem uma visão tão agradável quantos muito gostariam… Mas o livro já inicia com uma nota dos editores mostrando a grandiosidade da história e nos deixando cientes que a autora se filiou ao partido nazista, e ainda, durante o governo de Hitler, foi presidente da Associação Alemã de Autores de Filmes Falados, que estava alinhada à Câmara de Cultura do Reich.
Em nota, já deixa-nos claro que essa edição é inédita no Brasil, traduzida direto do alemão e publicada com apoio do Instituto Goethe, mas que não tem a intenção de apagar e nem tampouco diminuir o envolvimento da autora com o regime nazista. Pelo contrário, traz à tona este importante documento histórico, além de encontrarmos conteúdos extras ao final do livro, como um posfácio de Franz Rottensteiner, famoso editor de ficção científica de língua alemã; um texto inédito da cineasta Marina Person a respeito do filme; assim como um relato do autor de Laranja Mecânica, falando sobre o impacto do filme em sua vida.
Para quem não sabe, Metrópolis foi um filme alemão lançado em 1927, dirigido por Fritz Lang, que se tornou esposo de Thea Von Harbou. E, ainda que ela tenha tomado um rumo não muito aceitável, como disse, em contrapartida temos uma história incrível criada de uma forma genial. É possível constatar tais acontecimentos nos dias atuais, acreditem. Parece que a autora escreveu o livro hoje, pois é tudo muito real.
Em 2026, na cidade futurística de Metrópolis, a população divide-se em dois andares. No primeiro, uma elite dominante dispõe de todos os privilégios e desfruta os prazeres da vida; no segundo, subterrâneo, os trabalhadores empobrecidos e miseráveis lutam para sobreviver em jornadas estafantes; trabalhando constantemente para operar as máquinas que fornecem o poder aos ricos dirigentes.
Quando Freder, o filho do Senhor da grande Metrópolis e habitante do primeiro andar, se apaixona por Maria, da cidade subterrânea, começa a conhecer melhor as condições às quais os trabalhadores são submetidos. Uma revolta começa a surgir entre os operários, e só o que faltava para uma revolução era uma líder. Quando ela surge, nada pode conter a fúria dos oprimidos.
Temos personagens marcantes e Freder se tornou o mais querido, não acredito que seja novidade para quem leu. Ele é sábio, bate de frente com as ideias egocêntricas do pai e vê coisas que o seu pai não é capaz de enxergar: rostos em lugar de máscaras. Essas pessoas que manuseiam as máquinas são meros objetos para o Senhor da grande Metrópolis. Mas nosso sábio Freder não observa as coisas dessa maneira. E ele pode provar isso.
Esse livro me lembrou Charlie Chaplin com seu clássico filme “Tempos modernos”. É impossível ler e não pensar em como essas pessoas não têm uma vida digna após o trabalho, aliás, nem deveria ser chamado de labor e sim de um local em que são exploradas e tratadas como objetos, com insignificância, sem olhar que, por trás daquelas roupas, daquele rosto escondido, existe uma vida, um coração. É uma coisa aparentemente tão pequena, mas que me deixou reflexiva.
Acredito que não é necessário falar mais da história, já que o seu sucesso fala por si. E não recusem a leitura apenas pelo fato que citei no início da resenha. É uma obra grandiosa com uma das melhores edições que tenho na estante.
Sobre a edição:
A capa conta com tons em preto e dourado, a diagramação é impecável, com folhas em preto, ilustrações e conteúdos extras que enriquecem o trabalho da editora Aleph. Sem dúvidas, é um ótimo presente para si e para as pessoas.
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2020/03/resenha-metropolis.html