Joelson Santos 30/11/2021
Porque a vida não basta, Van Gogh sabia disso
“Prevejo um futuro cheio de problemas, mas não sou pessimista. Eu tenho momentos bons e ruins. Que venha o que tiver de vir.”
É sensível a forma como Barbara Stok apresenta a jornada de Vincent Van Gogh, jornada de altos e baixos, momentos bons e ruins, porém repletos de significado. Aqui nós temos um retrato de um artista não aclamado em sua época, de um revolucionário solitário, de um homem que enxergava a beleza de uma forma única e de uma visão artística que apenas décadas depois seria descoberta. Van Gogh antes de morrer se eternizou e vive até hoje através da sua arte.
“As últimas semanas foram muito estranhas. Perdi as lembranças de vários dias completamente e não consigo reconstruí-las. Agora passo o dia inteiro trancado na cela de isolamento. Sinto uma angústia indescritível e então novamente uma sensação de vazio e exaustão na minha mente. Mas também existem vários momentos em que me sinto completamente normal, então não se preocupem comigo. Até onde consigo julgar, não estou realmente louco.
Vários dos meus vizinhos entregaram ao prefeito um abaixo-assinado com mais de 80 assinaturas no qual eu sou descrito como um homem que não pode viver em liberdade, ou algo assim. A polícia trancou a minha casa. É um tapa na cara que tantas pessoas sejam covardes o suficiente para se unirem contra um homem, ainda mais doente. Fiquei muito chocado, mas, se eu ficar muito bravo, corro o risco de ter outra crise.”
“Meu caro Theo,
Você não imagina como fiquei triste pelas crises terem voltado, quando já estava começando a acreditar que elas tinham acabado. Fiquei confuso durante dias, assim como em Arles. Foi horrível. Mas somos todos mortais e estamos suscetíveis a todo tipo de doença, então nada mais justo do que receber a minha sina.”