Mari Siqueira
03/06/2015Apenas perfeito! Uma fantástica viagem pela Europa, um amor interrompido, uma série de acasos e o outro lado da história. Se no primeiro volume da duologia, Gayle Forman já havia conseguido me conquistar, neste segundo volume, a autora prova, mais uma vez, sua genialidade. Uma mesma história tem diferentes verdades e esse conceito abstrato e subjetivo de verdade é, como na duologia Se Eu Ficar, o eixo central da sua narrativa.
'Apenas Um Ano' é a continuação de Apenas Um Dia e mostra, o que aconteceu com Willem neste um ano que se passou durante o livro anterior. Conhecendo a sua versão da história, descobrimos porquê ele não voltou para buscar Lulu em Paris. Com um desenvolvimento ainda mais intenso que o do primeiro livro, Apenas Um Ano tem drama, realidade e ficção na medida certa. Além, é claro, de todas as ricas referências shakespearianas que Gayle Forman emprega em seu texto.
Os livros da autora são todos baseados em pdvs (pontos de vista) específicos. Isso faz cada um de seus livros, uma obra única e ao mesmo tempo múltipla. Sob uma mesma história, Gayle cria duas verdades e essa compreensão estendida sob os olhares de cada protagonista é o diferencial em sua escrita. Ao término do primeiro livro você formará uma imagem a respeito do protagonista, porém, no decorrer do segundo livro, você vai enxergá-lo de outra forma.
Essa transição entre pontos de vista é uma tendência literária que tem conquistado espaço no mercado e está presente em grande parte dos new adults. O fato de você enxergar que cada história tem vários lados a serem analisados, não só te ajuda a compreender o livro, mas também a vida. Por esse e outros motivos, Gayle Forman tem o meu absoluto respeito e admiração, ela amplia os horizontes e as possibilidades de compreensão do texto.
Depois de um dia perfeito, Willem e Lulu se desencontram. Assim como o destino os uniu, também os separou e aí, provavelmente se esconde uma das maiores sacadas da autora: a improbabilidade dos acasos. Qual a chance de você se apaixonar à primeira vista pela pessoa certa? E o que você faria se encontrasse a pessoa certa dentre todas as pessoas do mundo e simplesmente a perdesse? Sem nem mesmo saber o nome verdadeiro de Lulu, Willem descobre que reencontrar a única garota por quem ele já se apaixonou pode ser impossível. Mas o que é o impossível se não um grande acaso?
A fama de Willem De Ruiter não é das melhores: mochileiro, playboy e conquistador. É assim que todos o vêem, e possivelmente, assim que ele mesmo se vê. Mas depois de conhecer uma garota diferente de todas as outras, ele talvez tenha encontrado o que sempre esteve buscando. Viajar pelo mundo era uma fuga, gostar de todas - e não amar nenhuma - também.
Enquanto tenta reencontrar a jovem que o encantou, ele vai viajar o mundo tentando se reencontrar também. A relação difícil com os pais, a indecisão sobre o futuro, o medo de arriscar. Todos os anseios e medos dos jovens são explorados nesse livro de Gayle, que vai conquistar os corações, assim como Willem.
A duologia é uma viagem fantástica! Holanda, Inglaterra, Índia, México, o mundo todo em trezentas páginas. A leitura me conquistou de mil maneiras diferentes, e em especial, por eu ter enxergado tanto de mim mesma nesses protagonistas. Os sentimentos, as sensações, os temores que a autora expôs me são familiares e em muitos momentos vi minha própria vida se confundir com a narrativa. Foi uma das melhores leituras que eu já fiz, me levou para ver o mundo ao mesmo tempo que me fez refletir. Gayle é assim mesmo, duologia, dupla felicidade, dois pontos de vista. Duas dicas: ame e viaje.
"Ela tem de estar aqui. Talvez não nesta festa, nem nesta praia, nem nos resorts que visitei, mas em algum lugar aqui. Nadando nesta água, na mesma água em que estou agora.
Mas o oceano é imenso. E o mundo é ainda maior. E talvez tenhamos chegado o mais próximo que devêssemos chegar." (p. 131)
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