Lurdes 14/12/2023
Estevão é um escritor que vive sozinho, recluso, apenas na companhia eventual da Dna. Maria, que faz sua comida, cuida das roupas e sempre tem histórias trágicas de sua familia para contar, além de ficar o tempo todo com o rádio ligado em um programa de auditório que aborda casos cabeludos, repletos de polêmicas.
Tem ainda Lilia, a faxineira que vai duas vezes por semana, mas que nunca fez nenhuma faxina, pois sempre acaba na cama de Estevão.
Os livros que Estevão escreve são thrillers banais, vendidos em bancas de revista. Ele usa vários pseudônimos, mas o protagonista das estórias sempre se chama Conrad, que desde o último romance, Ritual Macabro, está às voltas com Grego, o assassino que escreve nas paredes "coisas" em grego, usando o sangue da vítima.
O que ele não esperava é que um assassino de verdade iria começar a cometer seus crimes imitando o assassino dos livros. Ou seria Estevão que estaria usando nos livros a reprodução de crimes conhecidos ou cometidos por ele?
Ele toma conhecimento dos crimes reais através do Inspetor Macieira que, sendo leitor de seus livros, detecta as coincidências e o procura para investigar.
"Você há de convir que eu precisava investigar esta coincidência. Nós, da polícia , desconfiamos das coincidências. ? Nós, os escritores, não podemos viver sem elas. ? O fato de nós dois não termos um pé "
O livro é interessante e traz o humor refinado de Verissimo mas me frustrou um pouco. Eu, que amo suas crônicas e narrativas curtas, achei que este seu primeiro romance, publicado a primeira vez em 1987 ficou aquém do que eu esperava.
Mas o livro traz ótimas ideias, como o espelhamento das personagens.
Temos um livro dentro do livro e este cruzamento de personagens é bem interessante, embora tenha ficado um tanto confuso em algumas passagens