bobbie 04/04/2022
Não é apenas uma historinha fantástica: é uma obra satírica.
As viagens de Gulliver é um livro setecentista (século XVIII, anos 1701 em diante) que conta a história de um médico que não aguenta ficar em casa, por isso parte em sucessivas viagens marítimas, ainda que cada uma delas lhe reserve um susto e uma experiência de quase-morte. Através dessas viagens, partindo de eventos inesperados, ele chega a quatro países fictícios e conhece lugares/seres fantásticos. Os mais emblemáticos, na minha opinião, são os dois primeiros (onde ele é um gigante em relação à população nativa, onde ele é uma pessoa em miniatura em relação à população nativa, respectivamente) e o último, onde os homens são subalternos a uma população inteligente de... cavalos. Cada viagem reserva lugar para redescobertas, aprendizagens e, principalmente, muita sátira em relação à própria raça humana, seus costumes e hábitos, suas filosofias de vida. Através desse espelho distorcido, Swift vai nos confrontando com nossos dogmas e crenças, atitudes e posicionamentos, e em muitas vezes nos mostrando o quão mesquinhos e prepotentes podemos ser.