Camila Lobo 26/12/2016Resenha: Sombras do Medo (Por Livros Incríveis) Num futuro distópico, o mundo agora concentra-se em uma pequena parte de terra, se comparado com antigamente, e cercado por cinco muralhas. A sociedade divide-se entre Singulares, aqueles que detêm o poder e os bens naturais que restaram; e os Ordinários, que trabalham para que somente possam sobreviver. Entretanto, isso está para mudar. A população corre perigo, a ganância pode matar. Pessoas desaparecem, um fogo congelante vindo de algum lugar. O que pode destruir as Sombras do Medo?
Esse é o segundo livro que eu leio da Camila Pelegrini, apesar de ser o primeiro livro escrito por ela. Com uma premissa totalmente diferente de Aos Olhos de Zoe, a autora nos apresenta uma arriscada e bem sucedida distopia com fantasia.
Sombras do Medo nos apresenta Anabele, uma ordinária de coração puro, que sempre se coloca em último lugar. Mas quanto mais a sobrevivência fica difícil, quanto mais os singulares se afastam dos ordinários, pior a situação fica, principalmente quanto eventos misteriosos têm início. Primeiro vem o frio, congelante, por mais que eles vivam em uma parte onde é deserto, devido às besteiras que os humanos fizeram há muitos anos atrás. Depois, os demaios. Quando acordam, alguém sempre está desaparecido, e isso passa a ocorrer cada vez mais frequentemente.
“Tinham em si todos os sentimentos do mundo, conflitantes ou não, e eram capazes de alimentar todos eles, fazendo-os crescer, de modo que não poderiam, de forma alguma, serem somente maus ou somente bons.”
A primeira coisa que me chamou a atenção na obra foi que é uma história única! Boa notícia para os fãs de distopias, Sombras do Medo foi criado em apenas um livro, não há continuação! Ponto positivo, porque a autora consegue colocar toda a explicação necessária em quase trezentas páginas, e terminei a história sem dúvidas quanto aos acontecimentos. Além disso, ajuda o fato de ter uma linguagem simples, ainda que não seja informal, já que facilita o entendimento do universo criado.
Apesar do básico já conhecido e talvez esteriótipo de distopias, Pelegrini também consegue colocar originalidade, principalmente quanto a protagonista.
Anabele, extremamente importante na história, não é o foco dela. Além disso, é uma garota que mesmo com as adversidades da vida, não começa o livro sendo A protagonista poderosa. Amadurecendo aos poucos, Ane sente medo, receio e muitas dúvidas quanto ao futuro. Ainda assim, não é uma personagem que senti conexão, nem que me cativou ao longo das páginas.
Além disso, prepare-se, porque é uma guerra. Só aviso isso, mantenha lencinhos ao lado. Tive meu coração partido em uma das cenas.
Há um triângulo amoroso, que felizmente não é o foco da trama. Na verdade, eu diria até mesmo que ou você shippa (gosta do casal) Anabele com um dos personagens, ou não shippa ela com ninguém.
A autora trabalhou muito em cima das questões reflexivas abordadas no livro. É uma característica das distopias em geral, e possui presença muito forte em Sombras do Medo. Me arrisco a dizer que a obra é sobre tais questões filosóficas, abrindo espaço para debates importantes, que são muito comentados em nossa sociedade, mas pouco debatidos, de fato. Não quero falar muito para não dar spoilers.
O final não é de muitas surpresas, e meio clichê, eu diria. Entretanto, é um bom desfecho para uma boa história. Camila Pelegrini teve muito sucesso em seu primeiro livro, que possui uma ótima história e escrita, com bons personagens que convencem. Recomendo principalmente para quem adora ou simplesmente gosta de distopia para conhecer uma que se diferencia das demais em diversos aspectos, mas de forma muito positiva.
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