Nietking 13/01/2015
Nos seres humanos vivemos nossas vidas sem ao menos um segundo observá-las, como a procedemos, a decidimos, e a escrevemos, falando em uma escala cientifica, somos movidos por nossos impulsos nervosos, e falando por filósofos infortunadamente inteligentes como Schopenhauer somos movidos por nossas vontades, e em meio disso somos fantoches, a vontade comanda o nosso the sims, a nossa vida e nossas escolhas, mas o que seria a vontade? Será apenas o desejo de comer um lindo bolo, ou uma deliciosa torta? Também, mas aqui a olharemos em escalas maiores, em escalas que envolvem diretamente nossas ações, pensamentos, atitudes, o que define o ser nós.
Olhamos o mundo, olhamos nós e nossas relações sociais, viver em sociedade determina muitas regras para serem severamente compridas, isso não é novidade a ninguém, e já está tão comum falar em alienação, que o termo "escravos do sistema" não tem o mesmo impacto que tinha na era punk, os postulados sociais se apresentam de várias maneiras umas absurdas outras congruentes, porém nós não o constatamos pelo fato de que por mais que o estado seja chulo, ele mantem um funcionamento "estável". Para a sociedade funcionar ela precisa de uma estabilidade, um grama para Huxley, uma cooperação para Marx, e uma burrice sem tamanho da humanidade para Schopenhauer, que diz que o estado reconstrói o homem que não deveria existir, pois não passa de um bípede!
A visão do livro e do próprio autor é total pessimista, onde a razão para se viver são miseráveis e praticamente inexistentes, o mundo não passa de um lugar de penitencia e tormentos da existência, “se nossa existência não tem por fim o imediato, a dor, pode se dizer que não tem razão alguma de ser mundo” para o autor a desgraça e o sofrimento é a regra da vida.
Schopenhauer vê a dor como positiva, já que tudo que vimos e desgostamos, pensamos só neles, porém a dor é corrosiva então corremos dela em busca da satisfação, negligenciando nós mesmo, pois a satisfação sempre está intercalada em uma das regras sociais e do estado, o homem é selvagem nós o conhecemos no estado civilizado já que “o Estado não é mais do que o açamo cujo fim é tornar inofensivo esse animal carnívoro e dar-lhe aspecto de um herbívoro”então a satisfação é negativo por que suprime o desejo e termina o desgosto, termina o que você de fato é, na busca da satisfação que é o cômodo, o trivial, estar coerente com o mundo nós negamos a vontade e o nosso próprio ser. Portanto o Estado nos dá a ajuda de seguir caminhos confortáveis, garantidos, para que possamos ter satisfação e não frustração.
O homem crê em deus por que sabe que sua sobrevivência depende desse status quo, o mundo sujo o faz sobreviver á essa miséria, “na terra cada um sofre a pena da sua existência”
A vida portanto é um lugar de penitência pois se essa fosse pura reflexão e razão a espécie humana não existiria já que teriam pena e polpariam a geração futura.
Essa questão do Estado castrar quem somos, fazer-nos temer das nossas vontades, define nossa ética e afirma nossa moral, e nos torna essa espécie humanamente corrompida.
Em meio as regras e o homem, existe o tempo “ao tormento da existência vem ainda juntar-se a rapidez do tempo, que nos inquieta, que não nos deixa respirar, e se conserva atrás de cada um de nós como uma, e poupa apenas aqueles que entregou ao aborrecimento”
“matar o tempo” é uma forma de fugir do aborrecimento, é a origem do instinto social, do estado, e da miséria.
“na vida civil o domingo representa o aborrecimento e o resto a miséria”
“o aborrecimento dá-nos a noção de tempo a distração tirá-o”
A sociedade trabalha de modo a manter uma miséria suportável e uma ausência de dor relativa que o tédio logo aproveita para banir o sofrimento, os seres humanos não suportam a si mesmos, então procuram a distração, as coisas toscas e comuns que pessoas, toscas e comum procuram, entre essas coisas destacaram tanto as materiais, quanto as sentimentais. Reclamamos de tempo mas quando o temos o usamos de mau gracejo.
Schopenhauer faz uma critica severa ao modo de vida da sociedade em que viveu, em sua visão as atitudes que as pessoas tomam são uma bagatela ao intelecto humano, e é esse que reflete o gênio do homem, a miséria, toda as coisas que as pessoas realizam hoje ainda em sua visão realizarão daqui duzentos, trezentos e quatrocentos anos a frente, as atitudes pensadas no futuro, e as lembranças do passado, negligência quem somos hoje no presente, e a humanidade anda portanto em um circulo sem fim, gerações e gerações cometendo os mesmos pecados, se iludindo com as mais pacatas ideias, revivendo as histórias diversas vezes contadas, fugindo do tempo, e de si mesmas, colaborando apenas para que essa humanidade progrida para o regresso.
E quando o homem desperta desse mundo montado pela walt Disney, terá a visão límpida de que, apenas a morte é a libertação em um mundo tão podre como este.
“todo homem que despertou dos primeiros sonhos da mocidade que tem um consideração a sua própria experiência e a dos outros que estudou da história do passado e a da sua época, se quais quer preconceitos demasiados arraigados não lhe perturbam o espirito, acabara por chegar a conclusão de que esse mundo dos homens e o reino do acaso e do erro, que o dominam e o governam ao seu modo sem piedade auxiliados pela loucura e pela maldade, que não cessam de brandir o chicote”
Após essas porradas na consciência, me pergunto, e até mesmo o próprio Schopenhauer pergunta:
“então entre todos os fins que tem a vida humana pode haver um mais considerável?”
O autor não admite uma solução direta, mas anuncia os mais grandes efeitos que podem viver uma alma humana, ele diz que a arte nos livra da vontade e portanto da dor, dentre as citações que ele anuncia deixo aqui a que mais me chamou atenção:
“o que há de intimo e inexplicável em toda a musica, o que nos procura a visão rápida e passageira de um paraíso familiar e inacessível ao mesmo tempo, que compreendemos e que contudo não lograríamos explicar, é ela dar uma voz as profundas e surdas agitações do nosso ser, fora de toda a realidade, e por conseguinte sem sofrimento”
“quando ouço musica, a minha imaginação compraz-se muitas vezes com o pensamento de que a vida de todos os homens e a minha própria vida não são mais de que sonhos de um espirito eterno, bons e maus sonhos, de que cada morte é o despertar”
"o espirito intimo e o sentido da vida verdadeira e pura do claustro e do ascetismo em geral e sentirmo-nos dignos e capazes de uma existência melhor do que a nossa, e querermos fortificar e manter essa convicção pelo desprezo de todos os vãos gozos deste mundo.espera-se com segurança e calma o fim desta vida, livre de ilusões enganadoras, para saudar um dia a hora da morte como a da libertação"