Erudito Principiante 25/04/2021
Pessimismo, mas nem tento
Durante toda minha vida ouvi falar da filosofia e de seus maiores expoentes, porém nunca havia me debruçado sobre nenhuma obra de forma integral. E após uma sugestão de leitura muito especial, resolvi aceitar o desafio de ler "As Dores do Mundo" de Arthur Schopenhauer.
Nascido em 22 de fevereiro de 1788 na então cidade livre de Danzig, naquela época sob a tutela da Polônia, Arthur era filho de Heinrich Floris Schopenhauer, um grande negociante. Quando em 1793 Danzig foi anexada à Prússia, a família Schopenhauer decidiu mudar-se para Hamburgo. Arthur já dera sinais de sua inteligência quando aos 9 anos aprendeu francês e aos 17 já dominava o inglês.
Ao entrar na faculdade chegou a estudar medicina e biologia, mas não se formou. Logo em seguida matriculou-se no curso de filosofia.
Sua visão cética e pessimista do mundo foi o que marcou a expressão de seu pensamento.
Neste "As Dores do Mundo", apesar de não ser sua principal obra, fica claro quais são os pilares de sua filosofia. O primeiro capítulo, que é o título do livro, chega a ser autoexplicativo sobre o tema abordado pois logo na primeira linha decreta que "se a nossa existência não tem por fim imediato a dor, pode-se dizer que não tem razão alguma de ser no mundo". Um leitor de sensibilidade mais acentuada não passaria deste primeiro capítulo, mas me deparei com várias pérolas, grifando tantas passagens que perdi as contas. Eis uma dessas pérolas: "Penso, às vezes, que a maneira mais conveniente de os homens se cumprimentarem, em vez de ser Senhor, Sir etc. poderia ser: companheiro de sofrimentos, soci malorum, companheiro de miséria, my fellow-sufferer". No próximo capítulo ele fala sobre o amor, que considera como sendo o mais sofisticado subterfúgio da natureza aplicada à perpetuação da espécie humana. Neste mesmo capítulo apresenta um "esboço acerca das mulheres", que seria motivo mais do que suficiente para ser queimado numa imensa fogueira pelas feministas mais radicais visto que apresenta as mulheres como criaturas "pueris, frívolas e de inteligência acanhada". Devo crer que teria sido este o pensamento do homem ocidental de forma geral à época para não cometer o pecado do anacronismo.
No capítulo seguinte disserta sobre a morte, que considera necessária visto que põe fim à toda miséria (grosso modo, claro). A seguir percebemos que, falando sobre a arte, Schopenhauer não era de todo pessimista. Ele demonstra grande admiração sobre a pintura, poesia e, sobretudo a música, a qual afirma dar "voz às profundas e surdas agitações do nosso ser, fora de toda realidade, e por conseguinte, sem sofrimento”. O autor dedica também um capítulo à Moral, onde fala acerca do egoísmo, piedade, resignação, renúncia, ascetismo e libertação.No último capítulo é dedicado às considerações sobre religião, política, o homem e a sociedade. Apesar de discordar de muitas de suas colocações (e concordar com muitas outras), Schopenhauer cumpre perfeitamente o papel que todo filósofo deveria exercer na sociedade: nos faz pensar!
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