Daniel 16/01/2016Prosas PoéticasNos ensaios / contos / crônicas deste volume, numa edição caprichosamente encadernada da editora AUTÊNTICA, temos a essência de Virginia Woolf. A seleção e a tradução do Tomaz Tadeu foram extremamente felizes, e talvez o único senão seja a brevidade do volume, pouco mais de 100 páginas.
O subtítulo “Prosas Poéticas” é perfeito, pois é exatamente isso: a prosa fluida, imaginativa, lúdica de Virginia Woolf, carregada de poesia. Prosa que flui parecida com uma conversa, com o correr de um rio, como se o leitor pudesse captar os pensamentos que passam pela mente e somem, tão misteriosamente como apareceram. As percepções! Ela, Virginia, nos alertando o tempo todo: veja isso! Atente a aquilo! Preste atenção! Ela propõe questionamentos sobre a inconstância de nossos quereres, nossa eterna insatisfação com o mundo e com os homens... Nos lembra do deleite que as maravilhas que existem proporcionam aos nossos sentidos. Os temas se desdobram, se aprofundam, cutucam nossas mentes e nossas emoções. E ela ainda diz, modestamente, “quão pouco somos capazes de transmitir sobre aquilo que pensamos”!
Que mulher interessante! Que inteligência aguda! Não posso deixar de imaginar como seria proveitoso e delicioso poder sentar e conversar com ela! Na orelha da sobrecapa (tão bonita!) que recobre o volume o organizador escreve: “Virginia não filosofa nestas prosas. Ela poetisa. Mas há nelas muita filosofia. Sua filosofia nos deixa perplexos. Sua poesia, extasiados”.
Um livro para ler, reler, guardar... E presentear a quem muito merecer.