Bárbara 22/09/2015Atenção: Este não é um livro distópico.Eva chegou a Califia, o acampamento secreto só para mulheres que faz parte da Trilha (organização secreta contra o regime do Rei). Ela aprendeu a lutar. Aprendeu a se defender. Aprendeu a sobreviver. Mas não aprendeu a ficar sem o Caleb.
O ambiente do livro é apocalíptico, sim, com uma trama distópica antigoverno, ou seja, mundo destruído e rebeldes tentando derrubar o presidente (ou Rei). Mas eu demorei um pouquinho demais para perceber que o foco não era a rebelião, mas o romance do Caleb com a Eva. E advinha? Sim, doce venenosa decepção.
No primeiro livro, o assunto principal é os absurdos que o governo comete (claro, né, estamos falando de uma distopia, dã), aprisionando garotas em clínicas contra sua vontade para servirem de parideiras e repovoar a Nova América. Em "Uma Vez", acaba praticamente todo o originalismo de "Eva" logo depois de o livro começar estupendamente bem. Nas primeiras 100 páginas, temos a nova Eva, forte, lutadora como vimos no final do primeiro livro. E, então, de repente, ela volta ao seu estágio lesma-pamonha-idiota! E pior! Agora ela está toda apaixonadinha. Okay. Sabemos que paixão é uma monstruosidade diegocêntrica entre o casal, sabemos sim, mas, alô-ou! E as amigas dela? Tudo o que ela fez com elas (de ruim) mal passou pela cabeça da Eva enquanto ela estava com o Caleb (e ela foi uma pessoa simplesmente muito, muito baixa, ainda mais depois de tudo que a Arden fez por ela).
Então, no segundo livro, o foco passa completamente para a luta da Eva em ficar com o Caleb, quando o primeiro nos prometeu uma distopia emociante de tirar o fôlego! É inevitável decepcionar, nesses casos. Para completar, o Caleb perde boa parte da personalidade selvagem dele de "Eva" e se torna uma figura inerte e clichê, só mais um bobo apaixonado.
Ou seja, "Uma Vez" nos faz criar expectativas com seu início turbulento... Mas termina de um modo decepcionante, porque nos ilude completamente fazendo-nos esperar algo que não nos oferece. A não ser que você saiba: esqueça a trama distópica e leia o livro como um romance romântico (todo mundo sabe que isso não é pleonasmo, né? Que bom). Não vai ser o melhor que você pode encontrar por aí, mas ainda vai ser legalzinho.
Só posso esperar que Rise, o último livro da trilogia Eva, nos traga mais ação e menos "mimimi", mais sangue e menos casamentos hahaahaha. Mentira. Não espere por isso. É um romance. Não vai ter sangue, como teve em "Eva", vai ter drama adolescente para ficar a paixão eterna da sua vida. Conformemo-nos, infelizmente.
Anna Carey começou certo, mas terminou errado.