otxjunior 24/06/2020Post-mortem, Patricia CornwellA trama é OK e desperta curiosidade, mas se torna secundária, pela função específica da protagonista no seu desenlace. Kay Scarpetta é medica legista, então ao invés de se concentrar na solução do mistério da identidade do serial killer que assola Richmond, Virginia, o foco do livro está no trabalho interno ameaçado por um sabotador que pretende macular a reputação de nossa heroína.
Até aí tudo bem, mas não simpatizei com a tal Kay. Principalmente por ela, sem grande motivo aparente, refutar a teoria principal da investigação sobre a identidade do assassino. Já li outros romances policias assim e quando suspeitos são eliminados quase que por critério intuitivo, admito que perco o interesse. Na verdade, pior, eles nunca são realmente excluídos aqui, mas esquecidos e surgem outros, como numa busca inútil.
Além disso, a vida pessoal da doutora, setor que Patricia Cornwell se preocupa em explorar extensivamente (o livro é o primeiro de uma longa série), não é interessante: namorado almofadinha, sobrinha pentelha, mãe/irmã tóxicas, colega de trabalho canalha. Com um elenco desses, o psicopata responsável pelas mortes parece até inofensivo, e é certamente relegado até um final apressado, o qual o leitor nunca é convidado a antecipar.
Ainda com descrições das técnicas, então revolucionárias (o livro data do início dos anos 90), da ciência forense e do uso da tecnologia de informação como suporte à perícia, post-mortem não se destaca dentro do gênero e não estimula a conhecer mais casos da Dra. Scarpetta. A quem por vezes amei odiar mesmo não sendo a intenção da autora.