Sparr 18/05/2023
Uma releitura agradável, mas só!
Quando li Agnes Grey pela primeira vez, lá pelos anos de 2006, achei o livro sem par. Anne, das irmãs Brontë, surpreende ao colocar em seu enredo uma mulher que deseja a liberdade por si só, a vontade de existir e escolher por puro consentimento de si mesma, quando a sociedade tolhia a mulher de todas as formas possíveis e imagináveis.
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Então o que mudou? Apesar de nobre e corajosa, a escrita em segunda leitura, não me pareceu tão profunda ou certeira como eu me recordava. Acredito que isso também esteja acontecendo porque tenho outra visão de mundo no meu agora. O ponto é que mesmo na observação dessa coragem de Agnes, mesmo enxergando a presença de variação de temas e abordagens, como mostrar um personagem saindo da melancolia presente na literatura gótica e abordando aspectos que o apresentam como uma pessoa que se afundou na depressão, após sentir que falhou em seu papel provedor. Apesar de tudo isso, senti que a personagem perde muito ao querer aprovação e redenção. Essa busca de validação me irritou tanto quanto os personagens odiosos que aparecem nos primeiros momentos de Agnes como preceptora.
O livro continua encantador, a escrita da Anne é atemporal e boa, por isso recomendo a leitura.