Espere a Primavera, Bandini

Espere a Primavera, Bandini John Fante




Resenhas - Espere a Primavera, Bandini


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Agnaldo 03/04/2022

Não de motivos para alguém entender errado suas ações
Uma obra bem construída em vários aspectos, tanto na sua forma de mostrar a dificuldade dos personagens em enfrentar as crises econômicas vividas e na dificuldade de ser pais responsáveis e agir de acordo com o que todo mundo espera. Sem falar no processo de crescimento dos filhos que envolve um grande abalo emocional por serem muito jovens e terem que lidar com o jeito do seu pai que acabou abdicando deles por um tempo.
roses in winter 03/04/2022minha estante
recomenda?


Agnaldo 03/04/2022minha estante
Sim, é uma leitura tranquila, esse autor é uma versão mais normal do Bukowski, puxando mais para as dificuldades pessoais ou da família


anaquerler 03/04/2022minha estante
Nunca li bukowski kkkk fala sobre o que ? A não tenho esse intelecto seu mas vou acompanhar mais pra aprender...


Agnaldo 04/04/2022minha estante
Imagina, isso é só uma das muitas coisas boas que a leitura nós proporciona




Victor 22/10/2009

Nenhum autor consegue injetar tamanha emoção em pequenos gestos, frases ou pensamentos como John Fante. Em "Espere a Primavera, Bandini" temos um cenário muito parecido com o de "1933 Foi Um Ano Ruim", escorado pela mesma doce compaixão que me venceu em todos os livros de Fante. Difícil explicar. Prefiram sentir.
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Alessandro 24/11/2011

Os dias de espera de Bandini
A José Olympio Editora relança os clássicos "Pergunte ao Pó" e "Espere a Primavera, Bandini", obras que ainda surpreendem pelo lirismo e atualidade da narrativa de John Fante.

Arturo Bandini tem pressa. Mas na sua pressa, ele espera, somente. Espera que os dias profundos, os dias tristes evaporem junto com a neve, derretida pelo sol que virá, que ele sabe que virá. Bandini espera que a primavera chegue logo. E o liberte dos dias enregelados, da estufa a ser ligada todos os dias, e dos casacos puídos que o envergonham no colégio. Quer principalmente que o sol derreta o campo de beisebol para que ele possa voltar a aspirar ao sonho de jogador. Bandini espera por mais do que um sorriso de escárnio de Rosa.

Mas Bandini espera mais. Espera também ir além do conto O Cachorrinho riu. Espera diariamente por uma carta de J. C. Hackmuth, que lhe traga a notícia de mais um texto seu publicado. Espera não ter que depender do dinheiro enviado por sua mãe. Espera se comportar de maneira diferente com Camilla Lopez, além do desprezo por seus odiosos huaraches. Bandini espera no quarto do Alta Loma Hotel. Com laranjas embaixo da cama.

Dois Bandinis se revelam e se completam ao cabo de Espere a Primavera, Bandini e Pergunte ao Pó, clássicos maiores e os dois primeiros livros de John Fante. Embora o primeiro retrate a vida de Bandini aos quatorze anos de idade - no inverno rigoroso do Colorado, ainda um garoto em meios aos seus dois irmãos menores, uma mãe extremamente religiosa e um pai pedreiro -, portanto, dando o prólogo ao que viria a ser o Arturo Bandini escritor e homem, morando sozinho em Los Angeles, perdido na agonia da literatura e na relação de amor e ódio com Camilla, descubro que a ordem em que se fizer suas leituras não importa muito.

Comecei por Pergunte ao Pó, encontrando este Bandini perdido pelas ruas de Bunker Hill, entre os tostões divididos no aluguel de quarto, comida e em suas perambulações constantes pelo Columbia Buffet. O Bandini de origem italiana, cheio de orgulho por sua condição, imodesto a se vangloriar pelo seu primeiro conto publicado em revista. “O Cachorrinho riu” é o cartão de visitas de Arturo. É o que faz ser escritor, é o que lhe dá certeza da sua condição, orgulho em sua superioridade de escritor. E o que lhe leva a esperar, até que brote novamente o inebriante momento em que as palavras parecem escorrer por seus dedos:

“Tentei e a coisa andou com facilidade. Mas eu não estava pensando, não havia cogitação. A coisa simplesmente se movia sozinha, esguichava como sangue. era isto. Finalmente eu conseguira. Lá vou eu, deixem eu me soltar, oh, como adoro isto, ó, Deus, eu o amo tanto, você e Camilla e você e você. Aqui vou eu e é tão bom, tão doce, quente e macio, delicioso e delirante. Subindo o rio e sobre o mar, isto é você e isto sou eu, grandes palavras gordas, pequenas palavras gordas, grandes palavras magras, uii uii uii.

Uma coisa ofegante, frenética, interminável, vai ser algo bem grande. Continuando e continuando, martelei durante horas até que gradualmente me pegou na carne, tomou conta de mim, assombrou meus ossos, escorreu de mim, enfraqueceu-me, cegou-me. Camilla! Eu tinha de possuir aquela Camilla! Levantei-me e saí do hotel e desci Bunker Hill até o Columbia Buffet.”

Na nova edição da José Olympio Editora, o trecho acima se encontra na página 132. Quando o li, tive a certeza, que era o momento que, para mim, de maneira mais sublime, resumia todo o sentido do incensado Pergunte ao Pó.

Idolatrado por Charles Bukowski e pelos beatniks, é em Pergunte ao Pó que a saga do então escritor Bandini se desenvolve na sua intensidade e, se lido antes de Espere a primavera, Bandini, traz à tona uma série de indagações sobre aquele perdido em Los Angeles. Por que Bandini é um perdido. Um solitário que cai de pára-quedas na cidade grande, e John Fante o oferece para nós como em um instantâneo: uma trajetória da sua vida, arrancada e contada. Arturo é um anti-herói em comiseração por achar que em seus poucos anos de vida, viveu pouco para ter o que contar. Arturo Bandini tem apenas vinte anos de idade, uma vontade intermitente de ser reconhecido como escritor e o submundo de Los Angeles à disposição como laboratório. É um amargo que humilha a mexicana Camilla Lopez desde o primeiro encontro (e se apaixona por ela!), caindo em doçura em outros momentos, querendo tê-la com a maior intensidade possível. Levanta muitas considerações sobre sua forma de agir, seu modus operandi para a vida. É um tanto complicado de se compreender Arturo. No entanto, apesar da não estampada simpatia, também é difícil de não se encantar com ele, em sua solidão pelas noites de Los Angeles.

A prosa de John Fante (1909-1983) tem uma leveza que seduz desde as primeiras linhas. Lidando com um personagem que teria tudo para dividir a mesma amargura de um Holden Caufield, Arturo Bandini vive em uma oscilação constante entre a graça e a dor. Este clássico de Fante finalmente ganhou nova e caprichada reedição. Lançado pela José Olympio Editora, Pergunte ao Pó [206 págs.] é uma boa chance aos não freqüentadores de sebos de adentrar no universo deste escritor tão aclamado. É um clássico cult da literatura underground norte-americana das décadas de 30 e 40 que volta, trazendo novamente frescor à obra de Fante.

Basicamente uma trama linear, o texto oculta ricas passagens digressivas e se amarra de maneira sutil ao seu predecessor, Espera a Primavera, Bandini, apresentando flashes da vida íntima do personagem (sua relação com a mãe, por exemplo). Toda a atordoante forma de ser de Arturo é magicamente explicada com a leitura deste. Relançado meses depois de Pergunte ao Pó, pela mesma José Olympio Editora, este foi o motivo para minha leitura fora da ordem em que foram escritos. A alteração, no entanto, se mostrou um delicioso exercício de correlações. O pequeno e amargo Arturo se revelará o escritor angustiado anos mais tarde. A linha narrativa, de extrema oralidade que permeia ambos os textos é o que dá margem ao já conhecido vocabulário “bukowskiano” característico deste tipo de literatura, chamada beatnik (movimento onde há uma busca pelo rompimento com a convencionalidade temática e estilística da literatura tida como cânone, acadêmica; produção literária emergente das ruas, dos becos, da decadência até então refutada pela “alta cultura”).

Espera a Primavera, Bandini, Pergunte ao pó e, além, Sonhos de Bunker Hill têm o mesmo protagonista: Arturo Bandini, Arturo, pode-se dizer, é John. Como seu personagem Bandini, John Fante trocou o friorento estado do Colorado pela ensolarada Califórnia. Como Bandini, Fante também se perdeu por Los Angeles.

Uma das passagens mais tocantes de Espere a Primavera, Bandini se dá no capítulo cinco, logo depois que Arturo [o alter ego de Fante] e seu irmão August, vêem seu pai, Svev, que tinha sumido de casa a alguns dias, acompanhado de Effie Hildgarde, uma das mulheres mais ricas e bonitas da cidade. Na tentativa de dissuadir seu irmão mais novo a não contar para a mãe o que viram, Arturo se debate em tentativas que vão desde a ameaça de castigo físico, que, uma vez consumada, não dissolve a resolução de August. Desesperado com a mágoa que tal revelação pode causar a sua mamma, Arturo implora solene e desesperadamente para que August não conte nada a ela. August, no entanto, resoluto - é um guri extremamente religioso e pretensamente reto, constantemente se inquirindo dos pecados que diferentes situações apresentam e se são veniais ou mortais -, se mostra inflexivo na sua decisão.

Com a pouca raiva que consegue trazer à tona, já que está mais triste pelo sentimento que August trará à mãe ao contar, Arturo, por fim, soqueia seu irmão, sem, no entanto, dissuadi-lo da idéia. Este, pelo contrário, cada vez mais resoluto em mostrar-se reto, ri, zombeteiro, dizendo ao outro que pode continuar a bater nele, que nada o impedirá de contar à mãe. A cena se estende por algumas boas páginas, e é de uma riqueza descritiva tal, que as imagens se desenham à sua frente conforme a leitura vai avançando. Ainda que no estado americano do Colorado, em um inverno rigoroso, em um embate que se dá em meio ao frio da neve, é como se estivéssemos em algum ponto daquele caminho, observando a luta que se dá entre os dois.

Mesmo depois de ter soqueado o irmão, em uma atitude que se dá por desespero, sugando uma raiva inexistente - ele mesmo confessa que, em alguns momentos, surrar seu irmão se mostra divertido, mas naquele momento não queria fazê-lo -, Arturo, vendo o sangue que se esvai de seu nariz pela pancada, nada mais consegue do que um sorriso desafiador de August.

Espere a Primavera, Bandini é muito rico e generoso em cada uma das cenas descritas. O autor narra com forte gosto por imagens que desde as primeiras linhas nos trazem claramente o universo dos Bandini. Tanto o exterior, com sua pobre casa e seus móveis e utensílios que também parecem dialogar com o leitor, ter vida própria, quanto a alma de cada personagem, que se desenha com uma perspicácia absoluta. Os dilemas do menino Arturo, sua relação dúbia com a mãe e o ódio e admiração pelo pai, todo o sofrimento da discriminação por sua condição ítalo-americana, católica, sua pobreza que grita e o envergonha por suas vestimentas puídas, os sonhos com a menina Rosa... - tudo é tão claro e de uma riqueza tal, que além de Pergunte ao Pó, que, dizem, virará filme em 2005, este livro daria uma linda e tocante obra cinematográfica.

Charles Bukowski é quem resume de maneira muito precisa o significado da prosa de Fante. Recordando-se de quando o livro caiu em suas mãos, numa biblioteca pública, ele escreveu: ‘‘Aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim.’’
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Ivan Picchi 03/12/2010

Ainda melhor que pergunte ao pó
Por mais incrível que pareça.

Não sou digno aqui de uma resenha do dito cujo, só deixo dito a emoção do livro, escrito com aquele jeitinho fanteano do olhar de uma criança. Uma criança contando a história, um Bandini, sim.

Se superou, mas foi o primeiro

Como chamo isso então?
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Talula 30/01/2012

Imperdível
Diferente da grande maioria das pessoas que julga "Pergunte ao Pó" o melhor livro do Fante, eu sou encantada por "Espere a primabera, Bandini".
A personagem Maria, que praticamente enlouquece de tanto amor, Arturo, o menino que queria se chamar John e Svevo, o pai beberrão, tornam este livro irresistível.
Eu não sou uma grande fã do Fante, mas posso garantir que conhecer Arturo Bandini ainda de calças curtas é um imenso prazer!
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Isabel 01/12/2012

Ah, os Bandini...
“Não escreva poemas de amor, evite a princípio aquelas formas que são muito usuais e muito comuns: são elas as mais difíceis, pois é necessária uma força grande e amadurecida para manifestar algo de próprio onde há uma profusão de tradições boas, algumas brilhantes. Por isso, resguarde-se dos temas gerais para acolher aqueles que se próprio cotidiano lhe oferece; descreva suas tristezas e desejos, os pensamentos passageiros e a crença em alguma beleza – descreva isso com sinceridade íntima, serena, paciente, e utilize, para se expressar, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de sua lembrança”.

Se eu fosse colocar aqui todos os trechos que considero brilhantes nessa pequena obra – uma coletânea de cartas escritas por Rainer Maria Rilke a um jovem poeta chamado Frank Kappus, que lhe pede conselhos sobre arte e vida em geral – eu a transcreveria inteira. Os conselhos dados por Rilke são geniais, são preciosos. Já abri um documento do Word milhares de vezes para tentar falar deste livro, mas minhas palavras nunca parecem honrá-lo.

Mas não estamos em outra tentativa de resenhar Cartas a um jovem poeta, e Espere a primavera, Bandini. Cronologicamente, esse é o primeiro livro de quatro da Saga de Arturo Bandini – como os livros do autor com seu mais conhecido e auto biográfico personagem ficaram conhecidos após a sua morte – relatando parte de sua infância no Colorado e o início dos conflitos de identidade que me fizeram detestá-lo em Pergunte ao pó.

Arturo Bandini é o mais velho de uma família pobre de imigrantes italianos, composta pelo pai bruto, Svevo; a mãe fanática pelo catolicismo, Maria e os dois irmãos, Federico e August. Os Bandini têm dívidas que sabem que nunca vão conseguir honrar. Svevo detesta o inverno – nessa época, é difícil conseguir trabalhos (ele é pedreiro). Maria encontra em rezar seu rosário sua única diversão e consolo. Federico alimenta a esperança de ganhar um barquinho no natal, mas sabe que esta é vã. August quer ser padre – não só pela batina em si, mas pelo conforto e pela comida. Arturo só quer roupas novas para impressionar Rosa, sua colega.

Antes que você possa dizer “mas eu já vi isso!” lhe respondo “não, não viu”. O domínio que Fante tem sob a linguagem é único. As ditas “emoções universais” são colocadas de um jeito tão próximo, tão claro, tão cru que é impossível não se envolver. Jonh Fante escreveu, em geral, romances auto-biográficos, relatando suas frustrações, desejos e paixões. Seus temas preferidos (a construção da identidade de imigrantes, a pobreza e a vida como escritor) eram todos tão profundamente pessoais que é difícil saber quem era Bandini e quem era Fante.

Ainda que inconscientemente, o autor seguiu o conselho de Rilke. E não poderia ter dado mais certo.
Publicada originalmente em http://distopicamente.blogspot.com.br
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jota 14/01/2013

Quero ser John Fante
Espere a Primavera, Bandini (1938) é o romance de estreia de Fante; primorosa, por sinal. Depois, Arturo Bandini, que aqui é um garoto de apenas 14 anos, filho de imigrantes italianos (como o próprio Fante), ganha destaque em Pergunte ao Pó (1939), o livro mais conhecido do autor.

Arturo Bandini é o alter ego de John Fante e todos os livros do autor, em maior ou menor grau, têm traços autobiográficos. Aliás, Arturo não gosta de seu nome; gostaria de se chamar John e que sua família fosse americana, não italiana. Ele sonha com o dia em que, entre outras coisas, terá uma cama somente para si; não precisará dividi-la com August. E poderá tomar banho de banheira, não de tina e caneca...

A família Bandini - Svevo, o pai, Maria, a mãe, e os meninos Arturo, August e Federico - vive em Rocklin, Colorado (mesmo estado do autor) nos anos 1920. Os meninos estudam em uma escola católica e têm uma professora, uma freira, que tem um olho de vidro - motivo para maldosas reflexões de Arturo. Estão em pleno inverno, perto do Natal, sem dinheiro, com pouca comida e carvão para aquecimento.

São os anos que prenunciam a derrocada da economia americana, que ocorrerá em 1929. A mãe é uma santa (toda mamma italiana se comportava como uma ou pensava ser uma, então) e o pai, meio trabalhador e meio malandro igualmente (gosta de charutos, beber e jogar) - foi visto pelos dois filhos mais velhos, em atitude suspeita, dentro do carro de uma viúva ricaça para quem estaria reformando a casa; Svevo é pedreiro. E no Natal não há o que comemorar – há uma briga terrível entre os pais e Svevo sai de casa.

Mas nem tudo é pra baixo, no entanto; os meninos sempre acham um jeito de tocar a bola pra frente, arranjar alguma diversão para passar o tempo, especialmente Arturo, que não hesita muito em roubar algumas moedas debaixo do colchão da mãe para ir ao cinema - diversão barata naqueles dias. Depois vem o arrependimento - afinal de contas, eles são católicos e quase tudo é pecado aqui.

Mas Arturo não se emenda, ele não para de mentir e roubar a mãe. Num momento se arrepende, noutro manda tudo para o inferno e rouba novamente. Mas se arrepende, teme Deus por uns tempos e depois volta a roubar a mãe... Rouba até mesmo uma joia dela para presentear Rosa, sua paquera da escola, que não gosta dele, no entanto. E esse amor não correspondido se encerra tragicamente um dia...

São pequenas histórias tristes e alegres dentro de uma história maior, a de uma família que deve ter muito da própria família do autor. Isso faz de Espere a Primavera, Bandini um romance muito simples e verdadeiro, ao mesmo tempo risonho e comovente. Não tem como não dizer que é ótimo. Ou excelente, pensando melhor.

Lido entre 08 e 14/01/2013.

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Dose Literária 17/04/2013

A essência de Fante
Não estava sendo nada fácil aquele inverno para Svevo Bandini. Nenhum trabalho fixo, somente uns bicos de pedreiro, uma lareira que precisava de tijolos aqui, um telhado esburacado ali, era tudo o que conseguia.
Quem narra essa história é seu filho mais velho, Arturo.

“Era um pedreiro e para ele não havia vocação mais sagrada na face da terra. Você podia ser um rei; podia ser um conquistador, mas não importa o que fizesse, precisava ter uma casa; e se tinha o menor bom senso, era uma casa de tijolos; e naturalmente, construída por um homem do sindicato, na tabela do sindicato. Aquilo era importante.” Pag. 57


As crianças em casa com fome, batendo os dentes de frio, sentados à mesa, carrancudos, porque papa novamente não poderá pegar macarrão fiado no mercadinho, e terão que passar mais uma noite a base de ovos. Mexidos, cozidos, fritos, quê importa, Arturo não aguentava mais comer aqueles ovos daquelas galinhas idiotas.
Mas Svevo não voltará para casa esta noite, nem para Maria, nem para os filhos, porque tudo o que ele mais quer é passar bem longe da sogra, vovó fará-lhes uma visita aquela noite.
Papa foi para o bar, de novo, e voltará com a roupa cheirando a charutos, e mama ficará brava de novo, porque ele voltou sem dinheiro, perdeu-o todo em apostas.

Continue lendo... http://www.doseliteraria.com.br/2013/03/espere-primavera-bandini-john-fante.html
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Junior Lima 08/12/2014

"A simplicidade é essencial."

Disse Charles Bukowksi, em "O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio."

Fante sabia escrever com simplicidade e simplicidade é algo que particularmente gosto muito. Confesso que não gostei tanto deste quanto gostei do "Pergunte ao pó", romance publicado no ano de 39. Mas isso não tira o brilho dessa obra, recomendo-a.
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Monalisa (Literasutra) 06/01/2016

História forte com personagens marcantes
Em sua brancura que machuca os olhos, em sua fofura que gela os ossos, o inverno é implacável. Para a família Bandini especialmente: O casal Svevo e Maria e os rebentos Arturo, Federico e August (em ordem de nascimento). Para eles o inverno é obstáculo. As roupas não são suficientes; o cimento congela e atrapalha o andamento da obra; não há treinos no campo de beisebol coberto de neve. O inverno é estação a ser suportada, relevada, sobrevivida. Portanto, “Espere a Primavera, Bandini”, e tudo poderá se acertar.

Primeiro romance do aclamado John Fante, o título foi publicado pela primeira vez em 1938. Aclamado pelo público e pela crítica, o livro acaba de ganhar uma nova edição pelas mãos da Editora José Olympio (que fez o mesmo com “Pergunte ao Pó”, publicado em 1939 e considerada sua obra-prima).

Embora em terceira pessoa e contemplando a , a narrativa tem preferência pelo ponto de vista de Arturo, alter ego do autor. O filho primogênito (e claramente o de personalidade mais complexa) divide o fio condutor da história com o pai, seu grande ídolo. E assim, com um retrato da pobreza mas sobretudo da inocência, John Fante apresenta e desenvolve personagens inesquecíveis.

“Seu nome era Arturo, mas ele o detestava e queria se chamar John. Seu sobrenome era Bandini, mas queria que fosse Jones. A mãe e o pai eram italianos, mas ele queria ser americano. O pai era pedreiro, mas ele queria ser um lançador dos Chicago Cubs. Morava em Rockling, Colorado, população: 10 mil, mas ele queria morar em Denver, a 50 quilômetros dali. Seu rosto era sardento, mas ele queria que fosse limpo. Frequentava uma escola católica, mas queria ir para a escola pública. Tinha uma namorada chamada Rosa, mas ela o detestava. Era coroinha, mas era um demônio e detestava coroinhas. Queria ser um bom menino, mas tinha medo de ser um bom menino porque receava que seus amigos o chamassem de bom menino. Era Arturo e adorava o pai, mas vivia no temor do dia em que cresceria e seria capaz de bater nele. Venerava o pai, mas achava que a mãe era fraca e tola.” (Pág. 26)

Há histórias que merecem ser lidas; autores cuja obra transcende datas e lugares, sendo capaz de nos atingir até mais profundamente do que gostaríamos. John Fante, com seu “Espere a Primavera, Bandini”, é um desses casos.

site: http://literasutra.com/2016/01/05/espere-a-primavera-bandini-john-fante/
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Luiza.Thereza 14/01/2016

Espere a Primavera, Bandini - John Fante
Arturo é uma criança americana, filho de pais imigrantes com pouquíssimos recursos. É inverno, época (ainda mais) difícil para a família Bandini, já que o pai não consegue emprego por causa do clima frio. As dívidas da família cada vez mais, mas tanto Arturo quanto seus irmãos mais novos não se preocupam muito com isso. Afinal de contas, são crianças, e crianças não se preocupam com dívidas. Alter ego de John, Arturo se mostra uma dono de uma personalidade observadora, complexa e um tanto complexada.

Despreocupado com a difícil situação financeira da família, Arturo divide seus dias entre a escola paroquial que frequenta e as peraltices da infância, até que seu pai, um pedreiro grosseiro e um tanto desagradável sai de casa para morar com uma viúva rica que contratou seus serviços de pedreiro.

Vendo a tristeza da mãe e a desorientação dos irmãos diante de uma situação que ele, como mais velho está ciente, Arturo age para diminuir o ambiente estranho que sua casa se tornou após a partida do pai., ao mesmo tempo em que lida com seus "problemas" de garoto.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2016/01/espere-primavera-bandini-john-fante.html
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Maga 24/03/2016

Pergunte à neve
Não imaginei que John Fante pudesse me surpreender com uma história tão delicada e humana. Encontrar um Arturo Bandini adolescente, paupérrimo no inverno do Colorado com sua família em pedaços foi de certa forma redentor para o futuro escritor frustrado de "Pergunte ao Pó".

Fante alterna o drama familiar com um humor que, em sua tragédia, chega a doer. O frio, a fome e amor convivem no cotidiano de Bandini e seus irmãos, ao mesmo tempo em que as travessuras de criança dão lugar aos problemas do estranho mundo dos adultos.
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Gabriel Failde 16/03/2018

Escrever sobre John Fante é uma tarefa ingrata. É praticamente impossível explicar a emoção que sentimos ao ler uma obra do autor. Seu jeito simples de narrar e de descrever o olhar de uma criança cativa e, graças ao seu talento, até os pequenos atos se transformam em uma explosão de sentimentos.

“Espere a Primavera, Bandini” é o romance de estreia do autor. Em grande estilo, Fante dá vida a seu famoso alter ego, Arturo Bandini, e relata os pensamentos de um pré-adolescente cansado da enfadonha rotina escolar e dos problemas familiares.

Filho de imigrantes italianos, Arturo tem 14 anos e vive com seus dois irmãos mais novos, August e Federico, e seus pais, Svevo e Maria, no Colorado. A casa em que habitam ainda não foi paga, eles não têm dinheiro para comer e devem uma grande quantia ao armazém vizinho. O sonho das crianças? Uma refeição que não fosse ovos e uma banheira.

Próximo do natal, o inverno castiga os EUA e a família Bandini. A neve impede que o pai, que é pedreiro, consiga um emprego, e congela o campo de beisebol, uma das únicas paixões de Arturo. Por conta disso, todos odeiam esta estação do ano e vivem à espera da Primavera.

A situação já não é das melhores e tudo piora ainda mais quando Svevo sai de casa para morar com uma viúva rica que contratou seus serviços. Arturo então se vê na responsabilidade de amparar sua mãe e cuidar dos dois irmãos, que ainda não entendem muito bem o que está acontecendo.

Em meio a tanto caos, ele também precisa lidar com o amor não correspondido por Rosa Pinelli, colega de escola que sequer o cumprimenta. Perdidamente apaixonado, Arturo amaldiçoa suas roupas rasgadas e sapatos gastos, pois acredita que este é um dos motivos para a rejeição.

Com tantos problemas, Arturo acaba descontando sua raiva e pecando contra os dez mandamentos. Aterrorizado com a possibilidade de ir direto para o inferno, ele medita diariamente sobre seus delitos e sempre acaba concluindo que eles não são graves.

Não, ele não iria direto para o inferno. O confessionário sempre o salvara. Mas o purgatório, este não tinha jeito. Passaria um bom tempo por lá até ter a alma pura e um passe livre para o céu.

O livro é simplesmente brilhante e se torna mais impactante ao saber que o próprio John Fante declarou que jamais seria capaz de relê-lo, por não poder suportar a ideia de expor sua própria história. Este fato nos faz pensar que essa pode ter sido uma passagem real na vida do autor.

“Espere a Primavera Bandini”, ao meu ver, é mais impactante que “Pergunte ao Pó”, que é considerada como a grande obra prima do autor.
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Tamires Lima 24/06/2020

O inverno é um evento sazonal que acontece todos os anos, gélido, difícil de ser enfrentado, especialmente em alguns países. Mas existem outros invernos que atravessamos durante a nossa vida que dizem respeito às experiências pessoais. Bandini passou por todas as nuances que um inverno pode ter. .

Esperar a primavera é ter esperança do porvir melhor. Nesse primeiro romance de Fante, publicado em 1938, o jovem Arturo Bandini (o "outro eu" do autor) está com 12 anos e vive em Colorado com seus pais italianos e seus dois irmãos. Eles moram em uma casa que seu pai ainda não terminou de pagar, com uma dívida no armazém que há 10 anos só aumenta e o inverno, inviabilizando o ofício que seu pai realizava como pedreiro. Como manter a estrutura familiar em condições precárias? .

Fante tem uma escrita que lembra, a todo instante, a simplicidade do nosso cotidiano, mas com sarcasmo, com leveza. As questões do jovem e peralta Arturo Bandini soam, por vezes, poéticas. A boa Maria, o pai severo, os irmãos e os conflitos familiares muitas vezes gerados pelos problemas econômicos, Fante mostra que, ainda nisso, há beleza... Que mesmo na imperfeição há algo de sublime no seio familiar. .


site: insta @formigatsl
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Júlia Cavagnolli 25/05/2022

Uma obra extremamente sincera e humana.
Li "A Grande Fome" do John Fante no ano passado e fiquei bastante intrigada, querendo mais. Decidi ler “Espere a Primavera, Bandini” antes de “Pergunte ao Pó” e não me arrependi. Uma obra extremamente sincera e humana.

"Fico receoso, não posso suportar a ideia de me deixar expor por minha própria obra. Estou seguro de que nunca lerei este livro de novo. Mas uma coisa é certa: todas as pessoas em minha vida de escritor, todos os meus personagens encontram-se neste trabalho inicial. Nada de mim está lá mais, apenas a memórias de velhos quartos de dormir e o som dos chinelos de minha mãe caminhando até a cozinha."

John Fante - Prefácio de "Espere a Primavera, Bandini"
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