Antologia poética de Florbela Espanca

Antologia poética de Florbela Espanca Florbela Espanca




Resenhas - Florbela


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bobbie 23/03/2020

Excelente contato com poesia.
Não guardo segredo de ninguém que, apesar de ser Doutor em literatura, nunca tive afinidade com o gênero poético. Nem os bardos mais consagrados do mundo me fazem sentir simpatia. Apesar disso, fui voluntariamente buscar essa antologia poética de Florbela Espanca, portuguesa morta por suicídio aos 36 anos em 1930, depois de ter assistido, por convite, à leitura de uma peça teatral na qual sua pessoa figurará como personagem. A amargura de Florbela me atraiu para sua obra, e devo confessar que, apesar de ainda não morrer de amores por poesia, ela me fez ler sua obra do início ao fim. O Eu-lírico de Florbela tem autoestima destroçada; seu amor é repleto de amargura; sua vida flerta com a morte - as figuras docemitério e da morte permeiam seus poemas. Sua vida é dor e ilusão, amor não correspondido e anseio por um filho que nunca teve. Seus poemas, mesmo ricos em imagens e figuras de linguagem, ainda assim são de simples tessitura.
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Biblioteca Álvaro Guerra 09/01/2020

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida... (...)
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo para me ver
E que nunca na vida me encontrou!"

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Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788544000342
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Charlene.Ximenes 09/08/2018

Antologia poética da lendária portuguesa
Florbela é uma daquelas mulheres que admiro por motivos diversos. Foi uma das primeiras feministas de Portugal e escreveu uma poesia repleta de feminilidade e erotismo. Os temas ligados ao sofrimento, à solidão e ao desencanto entrelaçados com o desejo de felicidade são constantes em muitas de suas poesias. Sempre li seus versos, mas os li solto por entre páginas ou em sites. Conhecer sua escrita mais a fundo, lendo essa antologia, despedaçou-me e me fez amá-la mais ainda.

A inspiração de Espanca veio de sua vida dolorosa e tumultuada, a rejeição do pai também influenciou sua escrita. Seu primeiro poema foi publicado bem no início do século XX, em 1903. Florbela foi a primeira mulher a cursar Direito na Universidade de Lisboa e foi na capital portuguesa onde conheceu diversos poetas e participou de um grupo de mulheres escritoras.

Ela tentou se matar duas vezes, em outubro e em novembro de 1930. Logo depois de ser diagnosticada com um endema pulmonar, suicidou-se no dia do seu aniversário, com overdose do calmante Veronal, às vésperas da publicação de sua obra prima “Charneca em Flor”. Muitas obras da autora foram publicadas postumamente.

Nessa antologia, encontra-se o "Livro de Mágoas", "Livro de sóror saudade", "Charneca em flor", "Reliquiæ", "Trocando olhares" e "O livro d'ele". Sua poética coloca em destaque um sujeito lírico feminino. Há variados sentimentos e muita sensibilidade e paixão em sua escrita. É doloroso, mas me parece que não havia como não o ser. Florbela Espanca faz parte do rol das figuras lendárias da história da poesia portuguesa e precisa ser lembrada sempre. Florbela vive!
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Airechu0 12/02/2018

"Que tragédia tão funda no meu peito!… Quanta ilusão morrendo que esvoaça! Quanto sonho a nascer e já desfeito!"
“Os males de Anto toda a gente os sabe!
Os meus... ninguém... A minha Dor não cabe
Nos cem milhões de versos que eu fizera!...” - trecho de Impossível

Florbela Espanca me foi apresentada por acaso, através dum episódio do podcast Covil de Livros. Fiquei encantado com a sua biografia marcada por tragédia e conflito e pela intensidade de alguns de seus versos declamados e comentados durante o programa. De forte teor emocional, sua poesia é conhecida por um estilo único e peculiar, onde sofrimento, solidão e desencanto se aliam ao mais genuíno desejo de felicidade.

"Ah! esse verso imenso de ansiedade,
Esse verso de amor que te fizesse
Ser eterno por toda a Eternidade!..." - trecho deEscrava

Florbela foi uma poetisa e escritora portuguesa, nascida na vila de Viçosa em Alentejo, Portugal. Foi educada pela madrasta e pelo pai, João Maria, que só a reconheceu como filha anos depois de sua morte. Estudou no Liceu, em Évora, onde concluiu o curso de Letras e em 1917, tornou-se a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa. Seu primeiro poema, “A Vida e a Morte” foi escrito em 1903. De vida conturbada ela se casou duas vezes após divorciar-se do primeiro marido e sofreu dois abortos espontâneos que a deixaram doente por um longo período. Emocionalmente abalada tanto pela rejeição do pai, quanto pelos seguidos relacionamentos problemáticos e complicações da gravidez, ela sofre mais uma grande perda, a do irmão num acidente aéreo, o que a leva a sucumbir e a cometer suicídio com o uso de barbitúricos, exatamente no dia de seu aniversário e às vésperas da publicação daquela que é considerada a sua obra prima “Charneca em Flor”.

"E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma! 
Ninguém as vê cair dentro de mim!" - trecho do soneto Lágrimas Ocultas

Embora deva sua fama e reconhecimento sobretudo a alta qualidade técnica de seus sonetos e à sua poesia como um todo, Florbela era uma autora multifacetada e também escreveu contos, um diários e epístolas, traduziu romances e colaborou para diversos jornais e revistas em sua curta, mas intensa, passagem pela vida. A poetisa não se ligou claramente a nenhum movimento literário, mas o caráter confessional, sentimental e a recorrência da temática amorosa em sua obra a colocam mais próxima a certos poetas neo-românticos de fim de século do que dos modernistas de sua geração, aos quais se manteve alheia.

"Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!
Gritem ao mundo inteiro esta amargura,
Digam isto que sinto que eu não posso!!…" - trecho do soneto Neurastenia

Todos os ingredientes inerentes ao amor serviram de matéria-prima para a sua poesia na qual são comuns e recorrentes os temas da solidão, saudade, sedução, desencanto, mágoa e morte, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade, glória e plenitude platônicos, alcançáveis apenas no absoluto e no infinito. O amor expresso sem limites e moderação encontra-se presente no cerne de quase todas as suas composições, mesmo nos sonetos de sentido patriótico, como é o caso de “No Meu Alentejo”, no qual ela enaltece a beleza das paisagens de sua terra natal. Sua linguagem marcadamente pessoal e veementemente passional é de um sensualismo muitas vezes erótico e em cujo centro encontra-se o eu-lírico sedento da poetisa convulsionando em suas frustrações e anseios.

"E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..." - trecho do soneto Amar!

A Antologia Poética publicada numa edição especial e esmerada em capa dura pela Martin Claret, reúne todo a obra de Florbela publicada anteriormente nos curtos volumes de "Livro de Mágoas", "Livro Sóror Saudade", "Charneca em Flor", "Reliquiae", "Trocando Olhares" e "O Livro D’ele". Delas, apenas os dois primeiros foram publicados originalmente ainda em vida da autora. Os últimos são trabalhos póstumos ou compilações dos primeiros poemas de Florbela. A edição completa conta ainda com uma Introdução de Renata Soares Junqueira, no qual ela discorre sobre a biografia e sobre aspectos técnicos da obra de Florbela.

"Eu atirei minh' alma como um rito
Às trevas desse livro, assim, ó louca!
A noite atira sóis ao infinito!..." - trecho do soneto ?!

Embora eu tenha delirado e me deleitado com todo o sentimentalismo e a técnica de Florbela, me faltam palavras adequadas para expressar o quão gratificante a leitura da sua obra foi para mim. Como é difícil falar de poesia! Atribuo isto ao alto grau de subjetividade com o qual nos conectamos com esta forma literária. Diferentemente dum romance ou conto, em que há um enredo comum que será compreendido e compartilhado da mesma forma por quase todos, na poesia há algo único e diferente para cada um a cada leitura. Há as suas vivências e sentimentos, leitor, em ressonância naquele instante único em que seus olhos percorrem as palavras com as vivências e sentimentos expressos nas rimas, versos e forma escolhidos pelo artista em seu momento de criação. Os sonetos de Florbela são belos, dolorosos e pungentes e me admira a sensação de completude e compreensão que me trouxeram à tona. Ouso dizer que não há nada que eu já tenha sentido na vida que eles não tenham expressado de forma tão autêntica, intensa e palpável. Ler poesia, pra mim, é uma forma de me reencontrar, e posso dizer que me encontrei nos versos de Florbela.

"Versos! Versos! Sei lá o que são versos…
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês!..." - trecho do soneto Versos

site: http://www.multiversox.com.br/2018/02/antologia-poetica-de-florbela-espanca.html
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Tamires 28/11/2016

Aquela que é poesia até no nome!
É difícil conceber uma resenha literária de um livro de poesias quando não há a intenção de fazer uma análise aprofundada, destrinchando cada verso, cada rima. Entretanto, ainda assim, chamarei esse texto de resenha e tentarei fazer algumas considerações sobre o livro em questão, desde já recomendando, obviamente, que ele seja lido.

Florbela Espanca (1894/1930) é uma figura que despertou a minha atenção e admiração desde o primeiro momento em que tive conhecimento de sua existência. Ela deve ser reconhecida e venerada pelo talento que tinha em colocar no papel da forma mais intensa os seus sentimentos.

A Editora Martin Claret lançou em edição especial, capa dura, esta antologia da autora, contendo toda a sua obra poética antes publicada separadamente nos volumes "Livro de Mágoas"; "Livro Sóror Saudade"; "Charneca em Flor", "Reliquiae"; "Trocando Olhares" e "O Livro D’ele". A edição conta, ainda, com uma introdução de Renata Soares Junqueira, que fala rapidamente sobre a vida e a obra de Florbela Espanca, a autora que é poesia até no nome.

“Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de sorrento…
Trago no nome as letras de uma flor…
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento…

Dou-te o que tenho; o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.

Dou-te comigo, o mundo que Deus fez!
– Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: ‘Era uma vez…’”

(Conto de Fadas, do livro Charneca em Flor, p. 97)

Uma curiosidade para nós, brasileiros, é que o cantor Fagner transformou vários sonetos da poetisa portuguesa em música! Deixo abaixo um vídeo em que ele canta com Zeca Baleiro o soneto Fanatismo, presente no Livro Sóror Saudade, página 56 da Antologia publicada pela Martin Claret. A edição é lindíssima e deixo aqui o convite para que vocês conheçam a obra de Florbela Espanca.

“Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida!
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

‘Tudo no mundo é frágil, tudo passa…’
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
‘Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!…’”

(Fanatismo, do Livro Sóror Saudade, p. 56)

site: http://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-florbela-espanca-antologia-poetica/
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