Gabriel 21/05/2024
Poética da crucificada
A dolorida, a crucificada, a perdida, a que na vida não tem norte. É com essas palavras que Florbela Espanca, brilhante e profunda poetisa portuguesa, define a si mesma por meio da presença de um eu lírico que, acima de tudo, sente, sente urgentemente e desesperadamente até mesmo o cair de uma folha, a luz do sol ou o chorar da lua sozinha no céu.
Por meio desta antologia, pude mergulhar no mundo rútilo e rubro de rouxinóis, violetas e quimeras de Espanca. A autora, nas diversas obras que compõem a antologia, em belíssimos sonetos e quadras, consegue transmitir a eterna ânsia pelo amor, angústia e o fazer poético ao conjugar pensamentos, emoções e impressões a elementos da natureza por meio de diversas imagens poéticas.
Ler Florbela Espanha é mergulhar num mar de sensibilidade; é se permitir gritar inconsciências e jogar-se no enleio de versos fortes, expressivos, honestos e sensíveis.
Agora estou com sede, sede de Florbela e a leitura da antologia só me fez perceber que não posso jamais viver sem literatura, não posso viver sem poesia.