Larissa | @paragrafocult 20/09/2019
"Não havia Deus, não havia Diabo, não havia simpatia. E assim que a gente percebesse isso, estaria em apuros."
Sim, mais uma resenha do King no blog. A segunda de muitas, claro, visto que é o meu autor favorito da vida. Mas não vou mentir que essa resenha demorou a sair já que eu enrolei bastante para concluir esse livro. O começo dele era muito lento e por conta disso, eu demorei um pouco para embarcar no ritmo da leitura, demorei a me envolver realmente na história.
Aqui temos quatro amigos muito próximos: Henry, Jonesy, Beaver e Pete. Eles cresceram juntos e são como irmãos. A amizade deles é a coisa mais bonita do livro. Todos são realmente muito próximos e apesar de todos os problemas que surgiram em suas vidas após adultos, a amizade os mantém de pé. Os quatro compartilham uma ligação a mais além de apenas amizade: após um acontecimento quando adolescentes, passarem a ter alguns "dons" e sua ligação se fortaleceu fazendo com que pudessem sentir o que o outro sentia, alguns sonhos premonitórios, localização e principalmente "ver a linha".Desde jovens eles se encontram anualmente para passar alguns dias em um bosque no Maine para caçar e colocar o papo em dia. É uma tradição e todos os quatro a cumprem fielmente. Exceto que esse ano, as coisas não parecem muito boas como antes: Jonesy sofreu um grave acidente que quebrara o seu quadril o deixando com alguns pinos de presente e um leve mancar, Pete está cada vez mais alcoólatra e Henry, um sério psiquiatra, se encontra em um grave estágio de depressão e planejando o suicídio. Inclusive estava cogitando liquidar a sua vida ali mesmo, nesses breves dias de descanso com os amigos. O único que parecia estar bem era Beaver. Certo dia, quando Jonesy está tranquilamente na Hole In The Wall, a cabana do pai de Beaver onde se encontram para caçar há anos, um homem aparece desnorteado. Jonesy quase atira nele achando ser um cervo. O homem não parece ter ideia de quanto tempo está perdido, está com alguns dentes faltando, uma mancha vermelha em seu rosto e parece estar com um grande problema intestinal. Preocupado, ele e Beaver tentam acalmar o homem perdido que murmura sobre luzes no céu e lhe dão abrigo ao menos até a nevasca passar. Pete e Henry haviam saído para comprar bebidas. O que eles não esperavam era que o homem trazia nele (sim, NELE) um grande problema. E é aí que a história começa. Paralelamente temos o núcleo do Serviço Secreto do governo que colocou a área em quarentena e estava aniquilando humanos e animais nas redondezas. Essa foi a parte que me fez empacar um pouco no livro. Os diálogos eram longos, maçantes e Kurtz, o chefe, era insuportável, arrogante e dono de ZERO carisma. Foi isso que me tirou um pouco o ritmo.
Como leio o gênero terror e suspense há anos, desde novinha, não sou de me assustar fácil e para ser sincera a única coisa que realmente consegue me deixar com medo são alienígenas. Sim, isso mesmo. Pode parecer besta mas esse tema sempre me assustou e é exatamente esse o grande vilão do livro. Porém o livro não é de terror, é mais uma ficção científica mesmo. Os aliens aqui se propagam como um fungo, um parasita. Porém nem todos conseguem sobreviver ao clima da Terra e por isso temos o Sr. Cinza, o mais forte, como o "cabeça" tentando de todas as formas possíveis propagar o fungo sem que o mesmo morra por conta do frio daquela época do ano. Vale dizer que a história se passa em Derry, a mesma cidade de onde se passam os eventos de It- A Coisa. Tanto que temos um easter-egg bem bacana quando os personagens passam por um monumento erguido pelos integrantes do Clube dos Perdedores para as crianças vítimas do palhaço Pennywise que está pichado de letras vermelhas com a seguinte frase: "PENNYWISE VIVE!". Stephen King sabe deixar sua marca. Adoro quando ele cita seus próprios livros em outras obras.
Menção honrosa para o meu personagem preferido do livro, o Duddits. Ele era o quinto amigo do grupo, um jovem com Síndrome de Down que conquistara o coração dos garotos e o meu junto com sua risada e sua inocência. Os meninos o amavam com todo o coração e é muito bonito de ver como o tratavam. Ele era realmente parte do grupo. Sem contar que Duddits é uma parte indispensável para o livro.
A escrita do livro é super tranquila, não é tão pesada quanto dos outros livros de King que eu já li e se tirar as partes do Kurtz lá pela primeira parte do livro, a leitura flui rapidamente, apesar de eu não ter curtido muito os xingamentos do Beaver. Ele inventava cada xingamento bizarro. Mas essa é mais uma história na qual King nos mostra sobre o poder da amizade e o impacto dela na vida de alguém. É uma leitura que indico a todos.
Ps.: Gente, o livro tem uma adaptação de 2003 PÉSSIMA. Fujam pras colinas. ~~
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