Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens

Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens Jean-Jacques Rousseau




Resenhas - Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens


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Deise 12/01/2022

Uma leitura esclarecedora
Rousseau, através da sua obra, nos mostra sua visão da origem de todas as desigualdades sociais a partir da premissa de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.

É interessante ver os paralelos que ele traça entre os homens e demais seres vivos ou diferentes sociedades para validar sua ideia de que as diferenças sociais são frutos dos desejos e ambições que os homens desenvolveram à medida que a sociedade se desenvolveu também, enfatizando que se o naturalismo humano inicial ou sua selvageria fosse mantida até hoje, viveríamos de forma mais igualitária.

É uma leitura interessante e nos ajuda a entender de forma clara o pensamento filosófico do autor acerca do tema.
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Dyogo 26/07/2021

Um ótimo semi clássico
Com todo respeito, mas esse livro não é um clássico, apesar de ter todas as características de um. Não é porque bom, não é bem o primeiro livro que se pensa quando se fala em Rousseau, mas é tão atual, com todas reflexões interessantes, que é "quase um clássico", vale muito a pena a leitura!
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Nícolas 17/11/2020

A filosofia do bom selvagem
Neste livro, Russeau discorre sobre a origem da desigualdade entre os homens, começando por definir a desigualdade natural (força, altura, agilidade etc.) da desigualdade social (dinheiro, poder etc.)

Esperava mais profundidade do discurso já que estava com o contrato social em mente quando comecei. Discordo de alguns pontos do autor, que parece ignorar o fato que hominídeos são seres que naturalmente vivem em sociedade.

O livro vale a leitura, mas Russeau poderia ter feito algo mais enxuto.
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Anna. 06/07/2012

Qual é a fonte da desigualdade entre os homens? Tal desigualdade é autorizada pela lei natural?

A pergunta acima nada mais foi do que um desafio lançado pela Academia de Dijon em 1753, a qual se comprometia a premiar aquele que melhor a respondesse. Impressionado com a magnitude da questão, Rousseau tenta – e consegue – respondê-la, o que resultou na publicação do “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”.

Precursor do romantismo, o pensamento rousseauniano muitas vezes é tido por utópico, mas isso não o impede de permanecer intacto ao longo dos anos, vencendo as barreiras do tempo e se mostrando atual, mesmo hoje, séculos depois de sua publicação.

O livro se divide em 2 partes: na primeira, trata-se da descrição do homem no estado de natureza, enquanto ser puro e imaculado; enquanto na segunda parte vê-se o desenvolvimento do progresso humano, o advento da propriedade, do Estado Civil, da sociedade, das leis e principalmente as implacáveis conseqüências da saída do estado natural.

Marcado por sua extrema sensibilidade, subjetividade e emotividade que lhe são características, tal obra em tela traz uma visão inovadora para a época.

Enquanto seus antecessores afirmavam que no estado de natureza o homem era mau por natureza (Hobbes) ou fraco por natureza (Montesquieu) ou mesmo dispunha de vários direitos inalienáveis, sendo o principal deles o direito à propriedade (Locke), o filósofo francês surgiu com a figura do bom selvagem: no seu estado de inocência original, o homem era bom, manso, feliz, puro e imaculado, vivendo isolado de seus semelhantes, sendo guiado segundo suas necessidades, seu instinto e sua razão, tendo por máximas a liberdade e igualdade.

Sob o risco de parecer demasiadamente utópico, Rousseau admitiu que esse ideal do “estado de natureza (...) talvez nunca houvesse existido, e provavelmente nunca existiria”. Assim, apresentava-o não como um fato histórico, mas como um parâmetro de comprovação, “um raciocínio condicional e hipotético”.

Mas, se no estado de natureza o homem gozava da suprema felicidade, desfrutava da mais pura e sublime paz e se deliciava com sua inexorável liberdade, o que o fez sair de tal magnânimo estado para se aventurar nas trevas do estado civil?

Respondendo ao questionamento lançado pela Academia, para Rousseau a origem do Estado Civil e a gênese de todas as desigualdades repousa na instituição da propriedade privada.

O homem, como ser instintivo e racional, tem a capacidade de evoluir. Com o decorrer dos milênios, o homem vai desenvolvendo seu espírito, adaptando seu corpo e, principalmente, aperfeiçoando a sua razão. Aos poucos o homem vai ampliando suas faculdades racionais, psíquicas e físicas, afastando-se de seu magno estado. Entretanto, é somente quando cerca um pedaço de terra e diz “isto é meu” é que o homem quebra eternamente seu vínculo com seu estado natural, institui e funda a sociedade civil, selando para sempre seu fatídico destino. A partir daí, surge a desigualdade econômica, política e social, assim como a maior parte dos males da vida moderna.

A fim de proteger e consolidar a propriedade privada, impõe-se a força, forma-se o Estado, instituem-se as leis e legaliza-se a injustiça, resultando nos principais males da civilização: separação de classes, escravidão, servidão, inveja, ódio, guerra, leis injustas, corrupção, etc. O bom selvagem se transforma no mau civilizado, agrilhoado pelas determinações e imposições da sociedade.

Diante do caos reinante, resta ao homem a indagação: devemos voltar à selvageria, na tentativa de retornar ao nosso estado original? Infelizmente, isso não é mais possível. A natureza humana já foi irremediavelmente envenenada e corrompida pela maldade e perversão da civilização. Acabar com a propriedade, com o Estado e suas instituições seria mergulhar a população em um caos pior que a civilização. Diante disso, como afastar o homem do contexto nefasto no qual está inserido? Uma vez que nos é impossível retornar à inocência original, resta-nos refrear a animalidade e ressaltar a racionalidade, pautando nossas instituições na moralidade e legalidade. Mas como? Através do pacto social, assunto este tratado em sua outra obra “O contrato social”.

Finalizando,(isso já está se transformando em um testamento!), devo dizer que a obra tem uma escrita apaixonada e reflexiva. A leitura pode ser um pouco penosa no início, mas depois que se começa a entender o pensamento de Rousseau, o percurso se torna límpido e claro, com leitura fluida e interessante, de fácil entendimento e compreensão.




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Pris.rocha 30/08/2009

Por um sentimento de vingança, Rousseau idealiza o "selvagem bom" para criticar a sociedade, que para ele é a criadora de todos os vícios. A sua visão do homem em seu estado natural é bastante fantasiosa, baseada unicamente no desejo do autor de desprezar o homem civil que tanto o humilhou.
Gustavo.Moura 22/05/2020minha estante
Não acredito ser por vingança, mesmo porque Rousseau tinha uma vida bastante confortável para os padrões da época. A ideia do selvagem, como ele mesmo admite, também é uma abstração, ele não tem a pretensão de ter conseguido reconstruir exatamente o que seria. É uma abstração apenas para identificar e purificar o que seríamos na essência, sem os vícios e virtudes criados artificialmente pela sociedade.




Laura 20/07/2023

Dá vontade de andar de quatro
Esses tempos o YouTube me recomendou um vídeo do Jubilut (biólogo) onde ele conversa sobre a infelicidade na nossa sociedade atual e no meio disso, explicava que o ser humano era mais feliz e satisfeito quando vivia da caça e coleta, no paleolítico.
Achei super interessante, principalmente quando li nos comentários: "alguém andou lendo Rousseau".
Como eu já tinha muita vontade de ler Rousseau, de entender essa parte do contrato social e natureza humana - e achei o vídeo muito interessante - resolvi finalmente ler.
E posso dizer que esse livro, e esse debate em geral,alugou um triplex na minha cabeça.

Acho que o jeito mais "resumido" e geral de entender a ideia do autor é aquela famosa frase "o homem nasce bom,é a sociedade que o corrompe", embora seja mais complexo que isso.
O que ele quer dizer,e disserta ao longo do livro, é que primeiro - para analisar a natureza humana - a gente tem que partir do homem em ausência de qualquer forma de "civilização". Nisso ele critica diversos autores que se propõem a debater isso partindo da análise da sociedade:
"todos falando sempre de necessidade,de avidez,de opressão,transportaram para o estado de natureza ideias tomadas na sociedade".
Depois ele vai falando da questão da desigualdade - O que é,como se origina,qual desigualdade é natural e qual não é - e é o primeiro filósofo moderno a questionar a propriedade privada.

E no início eu realmente tava achando o autor muito idealizador e até mesmo doido em vários aspectos (em alguns ele é msm),só que foi passando a fazer cada vez mais sentido,até um ponto onde eu perdi os parafusos pensando sobre.
Mas o que me deixou louca mesmo foi essa parte toda de "a sociedade nos corrompe", pq eu imaginava que se tratava de outra coisa, achava que era algo mais relacionado aquele debate de pessoas que vem de criações extremamente negligenciadas e suas atitudes, em nenhum momento eu me sentia corrompida com essa frase, até entender melhor o que ele quer dizer com isso.
Acho que um dos pontos mais interessantes dele é da civilização como algo que degenerou o caráter humano,e também frases como: "Os povos,uma vez acostumados a ter senhores, não conseguem mais viver sem eles" - que me deixaram extremamente pensativa -.
Tive também a graça de ver um documentário sobre arqueologia (um da Netflix que fala do homo naledi) enquanto lia, e fiquei ainda mais favorável e interessada pelas ideias do Rousseau.

Não tenho muito costume de ler filosofia,ent tive um pouco de dificuldade,e também pq quis pesquisar e pensar beeem a fundo.
Mas não acho que seja um livro lá muito complexo n, o que é complexo (impossível) msm é o debate em si da natureza humana.
E apesar de entender que o que eu estudei junto com esse livro é completamente insuficiente para poder afirmar alguma coisa,gostei muito da visão (em geral) do Rousseau.

Fiquei questionando o quão artificiais e construídas são as minhas necessidades (me senti um bicho domesticado msm), e acho que o comentário de Voltaire sobre esse livro descreve perfeitamente a sensação:
" Dá vontade de andar de quatro quando se lê seu livro".
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Jéssica 15/06/2011

Rosseau discorre durante o livro sobre sua hipótese de formação da 'civilização'[ Lembrou-me o filme 'A Guerra do Fogo'], e do 'atual' estado de submissão de um homem pelo outro.

No início, seu interesse é mostrar que o homem não é intrínsecamente mau, como propunham outros pensadores.

"...sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado com a nossa conservação é o menos prejudicial ao de outrem, esse estado era consequentemente o mais apropriado à paz e o mais conveniente ao gênero humano."

Então, parte para tentar explicar o que teria tornado possível o surgimento da desigualdade social, intimamente relacionado com o surgimento da propriedade privada. Essa tentativa de explicação é feita, pois, sengundo ele, parece ilógica aceitação da apropriação particular de um bem antes comum.

"O primeiro que, ao cercar um terrenom teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos,q uantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritadp a seus semelhantes: 'Não escutem esse impostor! Estarão perdidos se esquecere, qie os frutos são de todos e a terra é de ninguém.'"


Para ele, essa justificação começa a nascer no sentimento de vaidade.

"Quem cantava ou dançava melhor, o mais belo, o mais forte, o mais habilidoso ou o mais eloquente tornou-se o mais considerado, e esse foi o primeiro passo tanto para a desigualdade quanto para o vício."

Que faz com que o homem passe a viver voltado para o outro e não para si mesmo, dessa maneira, começa a haver uma relação de depedência mútua que desencadeia nas relações de desigualdade e escravidão.


"Em suma: por um lado, concorrência e rivaliddae; por outro, oposição de interesse e sempre o desejo coulto de tirar proveito à custa de outrem. Todos esses males são o primeiro efeito da propriedade e o cortejo inseparável da desigualdade nascente."

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Amanda2557 22/03/2024

Contato com a filosofia
Promeira obra de filosofia que tenho contato direto na leitura, então não acredito poder dizer muito sobre. O autor consegue explicar com clareza seu posicionamento e expressar sua tese.
Foi uma leitura densa a princípio mas satisfatória.
Recomendo pelo conteúdo de qualidade e objetividade da escrita.
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victorialane 13/12/2022

Um livro cheia de descobertas
Rousseau é brilhante e nós não temos dúvidas disso esse livro é como um soco no estômago por retratar tão bem a separação das classes, sobre a desigualdade e todos os outros problemas da sociedade. É forte, impactante e extremamente importante para formação de caráter.

"Os povos uma vez acostumados a ter senhores, não conseguem mais viver sem eles".
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Lucas Burgos 09/05/2023

Interessante ponto de vista
Rousseau neste ensaio reflete sobre a natureza do homem de forma espetacular, e refuta de diversas formas o pensamento hobsiano do homem naturalmente mal. Alguns pontos ficaram datados com o avanço da ciência, mas mesmo assim é uma leitura crucial pra entender a sociedade.
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Furlan3 09/04/2023

Extremamente necessário
Acho que o nome de Rousseau é conhecido por todos, mas este Discurso em específico é absurdamente necessário principalmente para pessoas de esquerda, já que o autor traça com muita clareza como e porque a propriedade privada vem a se tornar a origem de toda a desigualdade entre os homens e como ela é antinatural á seu estado original.
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Lau 05/11/2020

A leitura não é tão fluída, mas é um daqueles livros essenciais para se entender um pouco sobre política e História.
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Bruna 06/08/2013

Resumo
Qual a origem da desigualdade entre os homens? Ela é autorizada pela lei da natureza?

Existem 2 tipos de desigualdade. Natural; física; do corpo e a moral e política, que são os pivilégios de um sobre o outro.

O homem selvagem era para ele o ideal. Ele era menos complexo, mais satisfeito, inocente, tinha somente necessidades básicas, vivia em situação de igualdade com os outros. Eram puro instinto.
Não dependiam um do outro, não havia vinculo afetivo.
Ele é um homem totalmente livre, não tem nada para perder. No amor eles também eram livres, não havia disputa, era um amor físico. Não tinha sentimentos, só tinha consciência de suas necessidades.
Eles não sabem o que é dominação, não existia agrupamentos desse tipo por que não tinham o pensamento tão abstrato. E também porque não lhe faltava nada, a natureza lhe dava tudo.
A própria natureza fazia a seleção, os fracos não sobreviviam, portanto eles eram vigorosos, feroz, o corpo era sua ferramenta. A natureza era o berço super confortável de onde o homem nunca devia ter saído.
Não havia muitas doenças, quando havia era trivial e a propria natureza os curava.

Os contemporâneos de Rousseau eram civilizados, viviam mais, mas viviam bem? tinha mais doenças. Eram fracos mas a natureza não mais selecionava, eles continuavam existindo, mas era uma vida sem qualidade. FIcavam afeminados. A civilização que cria a doença. Além disso existe a clemência, generosidade que faz com que fiquemos fracos.
O Amor não é só mais físico como quando eram selvagens, passa a ser moral, uma idéia construida/artificial na qual se deve escolher um sobre o outro. Com isso também se cria a divisão/diferenciação/desigualdade por características físicas e morais que o amante deverá ter. Com o amor moral surgiu o adultério, morte entre outros...

Chega um momento da história dos selvagens em que eles descobrem a qualidade que o ser humano tem que é a de melhorar. Isso acaba com eles. É o momento que ele escolhe desviar do instinto, vê que é possível fazer isso. Ele começa a querer coisas, a paixão faz querer. Começa a usar a razão.
A sua atividade que começa a exercer com o intuito de burlar o clima (pesca, fogo, instrumentos). Foi aqui que percebeu que poderia fugir da morte, poderia ficar a salvo, poderia ser superior aos animais. Usou a razão e ganhou um vício: orgulho.
Eles começam a construir cabanas, com isso já não participam tanto da natureza la fora, começa a se diferenciar dela.
Outro ponto é que as relações familiares começam a ficar mais intimas e nascem os sentimentos de amor familiar. Esse foi mais um passo à sua ruína, pois agora sua liberdade está comprometida, eles viraram uma sociedade. Além disso com o inicio da linguagem, vão começar a se comparar. Com isso também vão aprender a se vingar e a serem sanguinários. A moral estragou tudo...
Do trabalho também surgiu a comparação entre funções e salários além disso aprenderam que o ser humano é um bem e aprende a escravizar. As pessoas se dão chefes para defender sua liberdade, e não para serem escravizados por ele.

Ele diz que é preciso de leis para deter as paixões. Para haver dominação, as duas partes devem estar de comum acordo. Uma deve pensar que precisa da assistencia da outra. Os selvagens não precisam de assistencia de ninguém.
A primeira pessoa que usou a idéia abstrata de que algo era dela, foi quem formou a sociedade civil tal como ela é hoje.O selvagem mostra para nós que na verdade "tem pra todo mundo".

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Julhaodobem 20/02/2023

Rousseau 2001
As noções do que é a desigualdade desde o nascimento da sociedade civil em uma comunidade pensante e determinada a viver juntos, sempre foram as questões abordadas entre os sábios que viveram. A palavra desigualdade desde então já foi usada por várias pessoas, sejam estes de lados opostos, como Karl Marx ao falar sobre a vida dos operários perante uma desigualdade de opressão e alienação nas fabricas ou nos discursos liberais do politico inglês Thomas Paine ao falar sobre os direitos humanos mas apenas para as pessoas ligadas diretamente com a liberdade americana e europeia colonial. Dois nomes distintos tanto no tempo como nas ideias mas que usam em contexto a palavra desigualdade em seus discursos.

Por tanto esta é uma palavra que ronda gerações, 1755 mais um capitulo para esta palavra foi colocada pela academia de Djon na França com a seguinte pergunta: qual é a origem da desigualdade entre os homens, e se é autorizada pela lei natural?. Um desafio interessante, que Jean-Jacques Rousseau aceitou de prontidão. Já que já tinha feito um outro discurso antes sobre as ciências e as artes, esta nova pergunta o colocou em uma nova perspectiva para a sua escrita acadêmica.

O interessante é que infelizmente este discurso nunca foi aceito pela academia de Djon pois no fim excedeu o numero de paginas propostas pelas regras, mas mesmo assim foi posteriormente publicado em um formato de livro, tornado mais uma vez Rousseau uma figura na história da filosofia e das Ciências Sociais , sendo estudado por vários estudantes e mestrandos das universidades, como aquele que escreve agora esta resenha.

Rousseau sempre foi uma figura enigmática para mim, é interessante pensar que ele é considerado um filosofo que esta sendo estudado em um área das Ciências sociais. Não estou ignorando todo o poderio filosófico de eras já produzidas, até por que se não existisse a filosofia provavelmente não teríamos nem um pouco de toda a tecnologia, química e teorias que temos hoje que ajudaram a moldar o mundo. Mas na verdade o que me fez ficar pensando sobre este aspecto é como as ciências humanas possuem esta conexão profundo entre as áreas, como um parente distante da filosofia que sempre esta trocando cartas sobre a vida e seus significados. Talvez no fundo sejamos tão menosprezados em um mundo onde os números e resultados concretos são mais importantes que deixamos de refletir sobre as desigualdades que permeiam a vida humana.

Lendo o Discurso das desigualdades entre os homens de inicio já é possível perceber que ele é uma grande gama de pensamentos do autor, formado diretamente como se estivesse discursando para uma grande plateia, com palavras fortes e um tom venerado e firme, totalmente cientifico e explicativo com uma literatura que beira a uma história sendo contada. Isto é o que difere Rousseau dos outros autores a serem estudados nas ciências sociais. Em um momento temos que entender as teorias duras e numerosas de Durkheim sobre seus métodos sociológicos, depois entender Evans Pritchard em seu diário antropológico, cheio de palavras e momentos que beiram a um livro de fantasia. Mas antes de tudo isso aparece Rousseau, um homem que somente escreveu um trabalho discursivo e ficou famoso para sempre na história humana.

É quase como tirar uma sore na humanidade, com isso se considerarmos o momento histórico que ele estava vivendo e a forma que ele via o mundo, torna este filosofo um ponto interessante a ser estudado, deixando os estudantes que o lê por umas semanas dizendo em alto bom som sobre o estado primitivo e a origem da propriedade privada. Dois aspectos estes que são um dos pontos chaves para entender o texto. Você leitor deve estar pensando agora que vou falar aqui seria um spoiler mas convenhamos uma regra que vou colcocar aqui para todos os livros acadêmicos que irei resenhar futuramente, não existe spoiler para livros acadêmicos, já que eles sempre serão estudados, e ainda mais, não estamos falando aqui e se capitu traiu, estamos conversando sobre teorias cientificas que são fermentadas a todo momento em milhares de perspectivas existentes entre diferentes visões por um pesquisador.

Quando se inicia o texto o que veio de primeira em minha mentre foi a cena inicial do filme 2001: uma odisseia no espaço, quando os macacos humanoides em um deserto esquecido conhecem o poder do dialogo quando um bate com um fêmur ao outro, descobrindo o poder da força ao ter um objeto que pode matar facilmente um irmão do mesmo grupo, resolvendo de uma forma definitiva as suas pendencias. Rousseau começa dizendo sobre esses homens primitivos, a sua vivencia e o estado que natureza os proporcionava se viverem livres, dizendo assim que a natureza é o estado primitivo que todo homens deveria ter, sem os avanços da tecnologia humana.

Ao estabelecer a natureza como a salvação e o tempo que deixa a humanidade livre, se torna uma reflexão interessante, para mim é irônico vindo de um homem que nasceu perante o homem europeu, negando todo o seu estado natural de vida e ao mesmo tempo vivendo em um mundo onde a Europa dizimava qualquer aspecto de estado primitivo. No fundo sei que temos que pensar apenas na questão filosófica e do mundo que o autor vivia, mas para mim isto o torna cada vez mais hipócrita pois no fim é apenas um homem branco pensando em algo que nem ele entende, viver na natureza, clocando a natureza como apenas animais com humanos como seres sem pensamento com uma dialética como esta reflexão fantasiosa fosse o certo, escrito por um homem que duvido que tenha se embrenhado nas florestas.

Entretanto, outra ideia citada que responde a pergunta sobre a academia de Djon, é o conceito de propriedade privada. Para ele, o ser humano perdeu a sua liberdade e contribuiu para a sua desigualdade quando ao primeiro homem que teve a inteligencia de cercar um pouco de terra e dizer que aquilo era seu, fez nascer assim a propriedade privada. Que é a o nascimento de humanidade como conhecemos, com as suas cidades, ruas, fabricas e toda uma construção social feita por roupas e pertences exclusivos.

A desigualdade para o outro é uma consequência da propriedade privada criada pelo homem, tornando um povo que ao aumentar o seu poder tecnológico, a desigualdade também aumentara. isto escrito sem nenhum tipo de anacronismo, pois naquela época não existia esta concepção atual de lados políticos com direita ou esquerda, deixando essa ideia interessante. Por mais que adoraria comentar sobre o capitalismo atual, teria que escrever um outro texto para comentar sobre isso. Por tanto o sentido de privado é o que deixa esse texto vivo até hoje, com uma ideia que existe em outras concepções da vida humana até hoje, com uma desigualdade avassaladora e cruel, sem o seu estado primitivo conectado pela natureza.

O Discurso sobre a origem entre a desigualdade entre os homens é um tratado que deixa a reflexão no ar, explicando algumas conexões e deixando a desejar outras. Isto porque devemos pensar que este texto não é um estudo de anos a fio sobre algum tema da sociedade. No fim gosto de pensar que é um trabalho acadêmico como qualquer outro, como o concurso de redações da escola ou algum trabalho em uma universidade no fim do semestre. Assim o que podemos tirar são as ideias centrais do texto e não uma teoria composta e duradoura como fazemos com Max Weber ou Émile Durkheim.

A leitura deste discurso foi uma forma interessante de conhecer mais profundamente o autor e mesmo que a matéria que me foi apresentada em sala de aula que esta sendo composta deixam a desejar a minha capacidade de gosto, o texto proposto para ler durante as aulas foi de bom grado para mim. No fim é isso que importa, posso ter desgosto de entrar na sala de aula de alguns mestres mas se o conteúdo for interessante para mim, é só isso que importa. Algo que muitos estudantes teriam que aprender desde já, ainda mais em um curso de humanas, as vezes é mais importante ler em diretamente o autor do que ouvir 4 horas de outra pessoa falando sobre ele, somente tendo um contato direto com os seu texto é que podemos entender seus conceitos muito mais fortes e também divertidos para alguém que gosta de conhecer suas teorias e pensamentos.

site: https://diariossemanal.blogspot.com/
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