spoiler visualizarAline Michele 07/02/2023
Triste
Uma Curva no Tempo me surpreendeu. Esperava aquele romance clichê, no estilo da Sophie Kinsella, aquele livro leve, cômico e tal, mas me deparei com um livro triste e com uma carga dramática muito maior.
Neste livro conhecemos a Rachel, que tinha um namorado, um melhor amigo que era secretamente apaixonado por ela, um grupo de amigos que faziam tudo juntos e um dia, durante um encontro antes de irem para a faculdade, acontece um acidente onde Jimmy, o melhor amigo apaixonado morre ao salvar a vida dela.
Cinco anos se passam e as cicatrizes desse acidente continuam lá. Com o casamento de sua amiga Sarah, ela vai reencontrar pela primeira vez todos os amigos que estavam no acidente, eles nunca haviam se reunido depois. E é quando isso acontece que ela tem uma segunda chance, pois quando “acorda” após uma queda, Jimmy está vivo e bem. O acidente aconteceu, mas não teve nenhuma vítima fatal.
Neste ponto eu achava que era aquele tipo de livro onde o tempo por alguma razão desconhecida volta (a tal da curva) ou a personagem perde a memória. Mas estava redondamente enganada.
O acidente deixou a Rachel, acredito eu, parada numa situação em que ela queria sofrer e queria que as pessoas a culpassem por estar viva. Pois ela se sentia culpada por estar viva.
Ela não foi para a faculdade, terminou o namoro, tinha um emprego que nem de longe era na área do jornalismo, morava num apartamento ruim e se recusava terminantemente a fazer uma cirurgia plástica para se livrar da cicatriz que tinha na face e que era sequela do acidente.
Todos do grupo pareciam que tinham seguido em frente. Sarah ia se casar, o ex-namorado agora namorava Cathy, uma das amigas do grupinho, os outros dois amigos que pouco aparecem também seguiram com suas vidas, mas ela nem ao médico ia para tratar de suas dores de cabeça cada vez mais fortes.
Eu achei essa parte muito triste. Essa coisa da pessoa se culpar tanto por algo que fica estacada no mesmo lugar, sem perspectiva de nada. Junto a isso, tinha o pai que estava lutando contra um câncer, e parecia que ia perder a batalha.
Na volta dela a cidade teve o reencontro dela com a mãe de Jimmy, e filhos são insubstituíveis e raramente alguma mãe se recupera da perda deles e a parte que ela visita o túmulo é bem triste, eu sempre acho um impacto ver o nome de alguém que mamamos numa lápide pela primeira vez. Parece definitivo sabe?
Mas como comentei acima, quando ela acorda parece que está numa realidade diferente. Seu pai não tem e nunca teve câncer, ela está noiva do namorado, tem um ótimo apartamento e trabalha numa revista. Ela e Jimmy acabam se afastando e ela fica chocada ao ver que ele estava bem vivo e continuava apaixonado por ela.
O estranho era que mesmo todo mundo dizendo que ele não tinha morrido, numa visita ao apartamento e empresa que ela dizia ser dela, da vidinha miserável que ela levava, ninguém a conhecia, mas ela sabia os nomes, de quem eram os apartamentos, as histórias deles, até onde um deles escondia a chave e que a esposa de um deles também lutava contra um câncer, assim como o pai dela.
Eu comecei a achar estranho isso. Não estava parecendo aquele romance leve sabe? E nem que o tempo tinha voltado. Era simplesmente inexplicável. De alguma forma ela tinha vivido ali, mas era como se não tivesse.
O final foi bonito, mas triste.
Eu entendi o que autora fez, mas sabe quando você queria o clichê com o final feliz? E não final triste que o livro teve? Porque, por mais que eu tenha entendido e gostado da questão dela meio que ter ficado presa entre os dois mundos e com isso ter encontrado uma forma de ficar em paz com o passado eu acho que eles mereciam um final feliz e não o final definitivo. Porque a morte é muito definitiva.
Só mais uma observação, este foi o primeiro livro dessa autora, descobri isso depois que terminei a leitura, então achei normal que algumas partes tenham ficado um tanto quanto confusas e com cara de amadorismo, não foi muito, mas deu para perceber.
Tirando isso, eu recomendo, apesar de ter achado triste.