bardo 28/04/2023
Algo interessante na terceira leitura, desse que é um dos, se não o mais importante livro de Sci-Fi já escrito, tendo agora um melhor pano de fundo de sua criação; é perceber como algumas coisas ainda funcionam mesmo passados tantos anos.
É importante frisar de que essa não é uma obra só do Clarke, por mais que seja o nome dele que seja destacado e que de certa forma seja justo esse ocultamento, já que o Kubrick fez o mesmo com Clarke nos créditos do filme. Ainda assim o que temos é um trabalho a quase quatro mãos, com algumas soluções sendo apontadas inclusive por outras pessoas envolvidas na produção do filme.
Tal fato de forma alguma desmerece ou tira o mérito do livro, mas acrescenta camadas a sua criação, e talvez explique o porquê sobre muitos aspectos ele é quase perfeito. Temos uma história com diversos ecos, que remete a diversas interpretações e ao mesmo tempo é extremamente ágil e simples .
Outro mérito impressionante do livro/filme é a capacidade de antecipação e atualidade que a história ainda guarda, sendo que o livro tem ainda mais semelhanças com a realidade e antecipações que o filme não contempla. Temos por exemplo a manobra do “estilingue gravitacional” que foi efetivamente utilizada anos depois da escrita do livro, exatamente no mesmo lugar.
Vale ainda dizer de que o livro/filme contempla talvez a melhor representação de contato extraterrestre já escrita ou filmada, que ainda não foi superada. O livro/filme consegue manter um ar de mistério que até hoje instiga o leitor. Mesmo sua conclusão e posterior sequências não caem na resposta fácil da mera antropomorfização.
Enfim é sem dúvida um dos clássicos absolutos em Sci-Fi mesmo não sendo, julgo eu a melhor obra do autor. Acredito que O Fim da Infância detenha esse posto, todavia 2001 rivaliza e disputa o pódio e é certamente uma das mais importantes e imortais obras do gênero.