O Fim do Homem Soviético

O Fim do Homem Soviético Svetlana Aleksiévitch




Resenhas - O Fim do Homem Soviético


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Pam 10/03/2022

Importante, mas enfadonho
São relatos muito preciosos, mas não era o que eu esperava. Foi so uma enxurrada de relatos, sem nada que ligasse eles. Demorei pra ler, achei pesado e enfadonho. Não recomendaria, apesar de achar que a autora, como jornalista, respeitou a ciência histórica ao não ficar fazendo sua própria análise sem embasamento.

Enfim.
comentários(0)comente



Flavia Sena 18/07/2020

Quando eu não tava meio perdida nos nomes e fatos, eu tava sofrendo com esse livro. Quanta dor essas pessoas passaram, cada coisa absurda! Acho que foi uma escolha bem acertada colocar os relatos de quem viveu aquilo tudo, mesmo às vezes falando mais de sua vida pessoal do que dos aspectos políticos em si. Porque aí a gente conhece além da apresentação de um fato isolado - "uma manifestação ali", "um atentado lá" - e vê que o cotidiano revela muito. A meu ver o que foi abordado vai além da nuance dos sistemas políticos, é a busca de uma perspectiva que permita enxergar as propensões e dramas das pessoas, o que elas defendem, pelo que lutam, pelo que se subvertem; como o todo afeta as partes, e vice-versa. No final se comenta que a tradução literal do título original é "O tempo em segunda mão", que eu achei genial. Não há nada "novo", é tudo transmitido - ideias, palavras, como a autora fala.

"Agora... Há quanto tempo estamos aqui sentadas a conversar? Durante este tempo já ouve uma tempestade... veio cá uma vizinha... o telefone tocou... Tudo isso teve influência em mim, reagi a tudo isso. Mas no papel ficarão apenas palavras... Não haverá mais nada: nem a vizinha, nem os toques do telefone... aquilo que eu disse, mas que cintilava na minha memória, que estava presente. Amanhã talvez eu conte tudo isto de maneira diferente. As palavras ficaram, mas eu levanto-me e continuo o meu caminho. Aprendi a viver com isso. E sei. E avanço."
Greice Margherita 18/07/2020minha estante
Por causa das suas palavras, fiquei com vontade de ler.


Flavia Sena 18/07/2020minha estante
vale muito a pena, Greice, indico fortemente!


FalaLud 18/07/2020minha estante
Também sofri no começo, mas vale muito essa leitura! A gente sempre aprende a história pelos fatos relevantes, mas não como milhares de vidas são afetadas por esses fatos. Acho incrível o que a Svetlana faz, da uma amplitude muito maior sobre o que aconteceu.


Flavia Sena 18/07/2020minha estante
Siiim, é quase como uma curadoria o que ela faz né, juntando os relatos e notícias pra você refletir por si só. Na internet a gente consegue com certo esforço coletar algumas coisas e unir alguns pontos, mas nem se compara com o trabalho dela, às pessoas que ela tem acesso... muito bom mesmo




Patricia 03/06/2020

Svetlana Aleksiévitch é uma jornalista bielorussa laureada com o Nobel em 2015 "pela sua escrita polifónica, monumento ao sofrimento e à coragem na nossa época". Especificamente, o sofrimento presente em sua obra vêm dos abusos cometido pelo poder soviético e dos reflexos causados nas vidas de quem viveu sob o regime comunista. "O Fim do Homem Soviético" é o final de uma série de 5 livros de temática soviética, cada um explorando um aspecto dos desafortunos pelos quais o povo passou: "A Guerra não tem Rosto de Mulher" (1985), "As Últimas Testemunhas: Cem histórias sem infância" (1985), "Rapazes de Zinco: A geração soviética caída na guerra do Afeganistão." (1991), "Vozes de Chernobyl: Histórias de um desastre nuclear " (1997) e este "O Fim do Homem Soviético".

O livro separa seus relatos entre aqueles que se referem à decada de 1991 a 2001, os anos da perestróica; e a década seguinte de 2002 a 2012, que se caracteriza pelo assentamento do capitalismo. Mas assim como qualquer memória, algumas histórias vão mais longe, retomam raízes mais profundas, e se revela inevitável não falar sobre a vida anterior, na União Soviética também. Para a jornalista, isso não é um problema, é a riqueza que busca nos seus personagens-entrevistados.

Sua marca, a escrita polifônica, busca ampliar a voz e fortalecer os relatos que colhe interferindo o menos possível com perguntas, edições ou rubricas. Seus entrevistados se colocam à vontade para contar suas histórias e memórias a sua maneira, e o resultado é que o texto final se aproxima ao relato oral. Por vezes o escrito capta nossa atenção e seguimos o fluxo da história como "ouvindo" em primeira pessoa, de tão natural que nos chegam as palavras, até alguma referência do entrevistado à interlocutora presente ali com seu gravador, o que nos traz um pouco de volta à realidade e nos lembra que essa é uma história em segunda mão. Às vezes é um pedido para parar de gravar, ou apenas um momento para respirar e se acalmar mediante tantas lembranças dolorosas. Com uma sensibilidade enorme, a jornalista se coloca como um ouvido amigo e compreensivo, capaz de receber qualquer informação sem julgamentos, com o propósito maior de registrar no autos da história o que vai ser eventualmente enterrado com seus entrevistados.

Esses entrevistados são um diverso apanhado de cidadãos, variando em faixas etárias, regiões entre campo e cidade, profissões e também etnias diversas ainda que todas dentro do regime soviético. Os relatos pessoais de diferentes pessoas resulta em uma pluralidade de fontes, cujo tema maior se centra em "como era a vida na extinta União Soviética", ainda que a proposta tenha sido falar sobre os anos seguintes à abertura. Isso acontece pelo simples fato que não é possível esquecer o passado, a relação causal numa guinada político-econômica tão abrupta é um marco entre duas eras indissociáveis.

Compilando esses relatos, Svetlana busca apresentar uma memória coletiva do povo que teve esse marco em sua história, mas que de forma alguma compõem a obra um uníssono, muito pelo contrário. Existem aqueles para quem o regime comunista foi a melhor forma de viver a vida no país, aqueles que sempre foram resistentes e lutaram pela abertura, também aqueles que ansiaram pela abertura e se decepcionaram com o que veio, ou que se decepcionaram com os horrores que vieram à tona sobre o punho de ferro desse regime para o qual teciam tantos elogios e era motivo de orgulho, ainda os que se adaptaram prontamente às leis de mercado e conquistaram o que se considera vida de sucesso.

Essa variedade de pensamentos e emoções é intrínseca a todos nós, independente do país em que nascemos. Um plano de governo, por mais comum que tente se moldar, jamais conseguirá unificar as vozes de todo o povo. Parece ser isso que Svetlana nos mostra em seu livro, algo que podemos nos relacionar, mesmo sendo leitores do outro lado do mundo, de uma cultura tão distinta.
comentários(0)comente



Maitê 29/11/2018

Por que que nós não estudamos isso na escola? Por que a mídia fala tão pouco sobre tanto sofrimento? Recentemente tivemos uma copa na Rússia, e me choca saber que poucos anos se passaram entre a Rússia desse livro e a Rússia sede de uma copa do mundo.
comentários(0)comente



Bruna.Patti 22/07/2018

O fim do homem soviético
Resenha
Livro: O fim do homem soviético
Autora: Svetlana Aleksiévitch
Ano de lançamento: 2013

Não costumo fazer resenhas de livros que não sejam literários. Gosto bastante de ler livros reportagem, feitos por jornalistas. Apesar de não ser costume resenhá-los, essa presente obra se torna a primeira exceção nessa minha regra.

O livro traz entrevistas organizadas pela autora feitas do ano de 1991 até 2012. Ela divide o livro em duas partes. Uma vai de 1991 até 2001 e a segunda parte de 2001 até 2012. São colhidos relatos de pessoas comuns, que viveram nos tempos da União Soviética e como o fim dela afetou suas trajetórias. Imagine passar toda a sua vida vivendo numa nação e, de um dia para o outro, essa nação não existir mais? Essa é a essência do livro.

A autora consegue capturar essa sensação de desolamento vivida pelas pessoas. A maior parte delas que viveram sob o antigo regime, tem saudades daquela época. Eles relatam que para a pessoa simples, a vida era boa. Todos tinham direito à educação, saúde, coisas essenciais eram gratuitas. Podemos acompanhar o relato de pessoas que foram presas na época de Stalin e, mesmo essas pessoas, lembram com saudade do passado.

Em 1991 chega a tão anunciada “liberdade”, com a perestroika e glasnot. Mas na visão das pessoas entrevistadas, não houve liberdade. A não ser aquela liberdade capitalista, de consumir o que você quiser, desde que tenha o dinheiro disponível. Mais do que o fim de uma era, de um regime, essa abertura marca o fim do homo sovieticus.

É muito interessante observar a diferença dos depoimentos de filhos e pais/avós. Enquanto os mais velhos se interessam muito por leitura, pois na URSS todos tinham direito à educação, todos liam, desde a mais tenra infância. Já os mais novos têm seus deuses na música, no glamour, não se interessam muito por leitura como seus antepassados. Muda-se a lógica de vida. Antes, era necessária pouca coisa material para ser feliz. Hoje, é necessário ter muito dinheiro para conseguir chegar às suas aspirações, ser se torna ter.

As passagens que nos contam como a cozinha era importante para a família da URSS são lindíssimas, dotadas de poesia do cotidiano. Era nesse cômodo familiar que havia as conversas proibidas nos outros locais da casa, era lá que criticavam o regime, riam, comiam.

Além de todo o lirismo que consegue ser extraído desses relatos de pessoas comuns, há também muita tristeza e violência. Nas passagens das pessoas que foram presas, passaram anos em campos de trabalho forçado, tendo sido denunciados muitas vezes por um vizinho, um amigo. Se você fosse denunciado naquela época, fazendo qualquer coisa contrária ao regime, era prisão na certa.

Podemos sentir também como a atual Rússia é cruel, tanto com os russos mais simples quanto para os imigrantes. Pessoas com nível superior, como engenheiros, contadores, professores, trabalhando como taxistas, vendedores. Isso tudo é muito perverso. Além do fato da Rússia em sua superfície esbanjar opulência, enquanto em seu subsolo legitima espancamento de imigrantes, homossexuais, mulheres.

Acredito que esse livro deva ser lido em qualquer contexto histórico, pois a autora consegue trazer a individualidade das histórias esquecidas pelos livros de histórias ao mesmo tempo que unifica esses relatos em torno de características comuns. Dá voz aos esquecidos. Uma obra belíssima, onde a realidade se torna poesia. Quando ouvimos o outro, estamos praticando empatia. Sentimento tão necessário atualmente.

LINK DO MEU BLOG ABAIXO:

site: http://abiologaqueamavalivros.blogspot.com/2018/07/o-fim-do-homem-sovietico.html
comentários(0)comente



Priscila (@priafonsinha) 25/05/2017

Metade do livro bastava pra ser excelente.
Desculpem-me os leitores que gostam dela, mas que livro tedioso!! O assunto é interessantíssimo, são relatos de cidadãos após o fim da URSS. O começo é ótimo e nos envolvemos com a situação, com tudo que aconteceu, mas após as primeiras entrevistas todas as outras se tornam repetitivas. Metade do livro bastava para dizer o que tinha que ser dito e já seria um excelente livro, mas se tornou muito do mesmo.
Ao final há uma entrevista excelente que foi feita com a autora, explicando que este livro faz parte de uma coletânea de 5 volumes sobre um mesmo assunto (o "ciclo vermelho"), e contando ainda sobre os próximos livros que pretende escrever.
coisas_lidas 15/01/2018minha estante
Espero que não tenha razão, já comprei o livro e começo a ler já amanhã. Espero gostar!


Priscila (@priafonsinha) 15/01/2018minha estante
O livro é interessante, mas achei que algumas entrevistas eram muito parecidas... Depois me conta o que achou. ;)


coisas_lidas 15/01/2018minha estante
Com certeza ?


coisas_lidas 15/01/2018minha estante
Com certeza :)




Antonio Cesar 29/04/2017

“...Isto aconteceu há pouco tempo, mas foi noutra época... ...”

5º período a partir da posição 838 no formato MOBI
O fim do homem soviético
Svetlana Aleksiévitch.

Para nós aqui no Brasil, é muito difícil, para não dizer impossível, ter uma opinião balizada tanto sobre o povo da antiga URSS como dos povos dos países que a sucederam. Muito mais difícil ainda é entender o que significou para estes povos tanto o período da ditadura comunista como o período da glasnost/perestroika e o tempo que sucedeu da queda do regime até os nossos dias. Alguém que não pense assim, certamente não leu as obras da laureada autora. Pelo depoimento de pessoas comuns são revelados, sem nenhum viés ideológico, os sentimentos destas pessoas tanto das que foram perseguidas pelo regime, como daquelas sofreram ou se beneficiaram com o capitalismo selvagem que se estabeleceu principalmente na Rússia. Choca também os depoimentos daqueles que sofreram na própria carne o ódio surgido entre as diversas etnias que formavam a URSS.
comentários(0)comente



7 encontrados | exibindo 1 a 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR