heloisa.nas 15/09/2023Parágrafos longos demais e com falas repetitivas, as vezes o mesmo personagem repetia a mesma coisa pela 3ª vez no mesmo parágrafo, isso só deixava a leitura mais cansativa.
A trama também se alonga demais, e as vexes eu sentia que só tava lendo encheção de linguiça, o que me deixou cansada, e sem vontade de realmente - ler -
Mas a mensagem por trás da história é linda, sobre como o tempo esconde e cura as dores. Fala sobre amar mesmo na dificuldade e sobre o perdão entre pessoas que se amam. Se realmente vale a pena lembrar de tudo, enquanto lembranças muitas vezes se contaminam com rancor e mágoas, sendo que os humanos erram.
Esperei mais da parte mágica do livro ou do confronto com a Querig, que é morta em um parágrafo sem nenhum tipo de combate.
Sobre os personagens:
- Edwin - gostei da relação dele com a perda da mãe, e como isso faz falta na sua vida, e como desejava ter esse vínculo de volta. O livro todo é reforçado como ele é um menino frio e não se deixa abater facilmente mas ao final ele literalmente cai e chora pela perda da mãe, pois ?salvar a donzela? era tudo o que ele queria. Quando ele descobre que a mãe se foi, então tem uma nova motivação; vingar sua morte.
- Winstan - gosto de como ele foi apresentado no início do livro, surgindo como um guerreiro valente, que não teme nenhum monstro, passou bem sua imagem de guerreiro e foi muito legal. Acho que ele é meu personagem favorito e tem um arco incrível. Sua história também é muito legal, tendo crescido entre os Bretões, procurar um lugar (alguem) pra chamar de lar, e isso lhe ser negado. Ao ser traído por quem via como família ele cresce sozinho no mundo, e acho que isso explica muito o por que dele não ser afetado pelas magias. Ele não tem muita coisa boa a se lembrar, e se recusa a pensar nelas pois não quer perder a pose de guerreiro. E mesmo com as dificuldades em relação a um passado triste, ele não deixa de ser uma boa pessoa e tratar quem está a sua volta com gentileza, mesmo que esteja prestes a matá-lo.
- Sir Gawain - me encheu mt a paciência a maior parte do livro, não aguentava ouvir ele falar, e ficar repetindo as mesmas coisas, mas depois do seu plot twist eu comecei a gostar mais do personagem. Eu realmente não estava esperando que ele fosse protetor de Querig esse tempo todo ao invés de realmente matá-la que é o que é esperado na trama. Gostei muito disso e fiquei mt surpresa, desse ponto eu realmente o vi como uma figura extremamente solitária que queria (precisava) de outras pessoas. Em seus capítulos de devaneio ele fala de duas moças que trombou no caminho em suas cavalgadas. Isso reflete como ele queria ter uma esposa para si, alguém com quem pudesse contar, o que mais tarde se confirma com o mesmo dizendo que gostaria de ter uma flor para chamar de sua. Então pra mim, essa relação que ele teve com Axl, que mesmo sabendo que ele ja foi um grande guerreiro e tudo mais, ele o admira mais pela relação com a esposa (pois é o que ele não tem) do que pelo passado de Axl, por mais que tbm o admire por isso. Além disso, ser protetor de Querig ao meu ver também se da justamente por essa causa. Ele almeja ter alguém, algo, e viu na dragoa uma companhia, por isso passou tantos anos ao seu lado, fingindo procurá-la. Mas óbvio, também foi pela paz, pois realmente acreditava que seria melhor que a névoa de esquecimento se mantivesse e não houvesse guerra entre os povos. Gostei de como ele morreu nas mãos de Winstan ainda com honra, e de como mesmo sabendo que o guerreiro tinha uma fraqueza ao lado esquerdo, não usou disso para tirar vantagem. Acho que é isso.
- Beatrice - Beatrice também me cansou muito ao longo do livro. Acho que ela acaba sendo mais coadjuvante que os outros personagens da história, realmente parece mais um apoio para Axl do que outra coisa. Não vou mentir, eu não tinha entendido que ela morreu no final, ao ser levada pelo barqueiro, mas quando isso ficou claro eu amei o final. Tava na cara que em algum momento ela iria morrer, por conta de estar o livro inteiro definhando aos poucos, com dor e cada vez mais cansada. Só não tinha entendido direto que o barqueiro era a figura da morte. Acho que a maioria das partes que eu grifei no livro foi ela que falou, então também gosto bastante de seus pensamentos. Muitos sobre Deus no início do livro, sobre Deus esquecer dos humanos e assim fazendo os humanos esquecer de si mesmos, atribuindo tudo a Deus, mas realmente no misticismo, procurando encontrar um porque de não lembrar do próprio filho. Ao final da história quando é revelado que ela era infiel ao marido antigamente, eu fiquei chocada e realmente pensei muito se foi apenas pela névoa que Axl a perdoou. Ela aparentemente se arrependeu, e é bonito ver sua preocupação com a companhia do marido. O tempo todo a mesma pergunta se ele está ao seu lado, e acho que isso reflete não apenas ele se afastar dela, mas ele morrer, ja que são velhos. E no final quem acabou indo embora primeiro foi ela?
"No entanto, a névoa encobre todas as lembranças: tanto as boas, quanto as más. Não é verdade, senhora?"
"Nós aceitaremos as más lembranças de volta também, mesmo que elas nos façam chorar ou tremer de raiva. Afinal, elas não são a vida que compartilhamos?"
- Axl - é o nosso protagonista e narrador, ama a esposa e a trata como sua ?princesa?, faz tudo por ela e por suas vontades inclusive a viagem até a vila do filho, que foi ideia da mulher desde o início. Axl mudou muito enquanto a névoa perdurou, mas aparentemente sempre foi uma pessoa boa, se comprovando pelo ódio à Arthur após o mesmo ter mandado matar diversas crianças saxãs. Sua relação com Beatrice é muito bonitinha, e gostei de ver sua reflexão sobre o medo da mudança de sentimentos depois que as lembranças voltarem. Essa parte me fez pensar na importância do que sentimos no presente, se amamos mesmo alguém que ja nos machucou no passado, se a pessoa se mostrar realmente arrependida de seu erro e vc ainda a amar, e se permitir perdoá-la, como ambos poderiam manter uma relação saudável ainda. Poreeem, isso também me fez pensar em como ele apenas a perdoou com o tempo por que não se lembrava mais de suas traições, pois quando ainda lembrava, ele a disse ter perdoado, mas guardou rancor no coração (falso perdão) e a puniu com a proibição de ver o túmulo do filho. Então seria possível perdoar apenas por questão de esquecer? Perdoar é esquecer? É deixar pra trás isso é certo, mas com as lembranças ainda muito vívidas é impossível perdoar? Acho que restava ainda muita dor no casal por ter perdido o filho e a névoa foi boa em lhes trazer essa intimidade novamente, entre marido e mulher, mesmo que ambos desde o início do livro ja se mostrassem serem velhinhos tristes. (Não entendi até agora a falta da vela na casa e o que isso significa, tbm não consegui interpretar).
?Se as nossas lembranças voltarem e, entre elas, a de momentos em que te desapontei, ou de atos condenáveis que eu um dia possa ter cometido e que a façam olhar para mim e não enxergar mais o homem que você está vendo agora, me prometa uma coisa pelo menos: prometa, princesa, que não vai esquecer o que sente por mim no fundo. do seu coração neste momento. Pois de que adianta uma lembrança voltar da névoa se for apenas para apagar outra??
- O filho perdido - acho que ele merece um tópico tbm pq fiquei o começo do livro tentando encaixar os personagens que passavam como o filho perdido do casal, e até Edwin que é criança (ou seja não teria como) entrou nessas teorias mirabolantes. Depois da metade do livro eu ja tinha entendido que eles não achariam o filho deles, e quando foi revelado sua morte, eu não cheguei a ficar surpresa pois acho que ja esperava que ele estivesse morto. O luto no casal talvez seja a vela apagada que lhes negaram, ou apenas esperança não sei, ja que estavam cheios de uma tristeza sem saber direito o porque, achando que era apenas a falta do filho, que de uma hora pra outra no livro, virou uma falta que seria constante. É triste saber que eles percorreram o longo caminho em busca da presença do filho e eles poderiam continuar procurando infinitamente e nunca encontrariam. É bonito ver no final, como Beatrice tem certeza de que o filho está numa ilha e como Axl teima em dizer que não, e não quer ir pra la. Mas o barqueiro os dá o tempo necessário para se despedirem, e Axl entende que está na hora de Beatrice encontrar o filho. Ele provavelmente vai um tempo depois acredito eu, ja que o final ficou aberto.