Vinicius.Dias 21/07/2023
A fundação do horror psicológico no cinema
Em 1960 Alfred Hitchcok dirigiu um filme de horror que alcançou um sucesso tão estrondoso que mesmo que você nunca tenha assistido, eu afirmaria com toda a certeza que você já se deparou pelo menos uma vez com a icônica cena em preto e branco da garota prestes a ser assassinada no chuveiro ou com alguma referência/homenagem externa perdida por aí. O roteiro desse filme foi baseado em um livro homônimo e recém lançado à época chamado Psicose e, ainda hoje, ambos são considerados clássicos em suas respectivas áreas por misturar horror, suspense, investigação criminal e personagens psicologicamente instáveis de forma brilhante, influenciando autores, roteiristas e cineastas mundo à fora.
Na estória, uma garota foge com uma quantia considerável de dinheiro do seu trabalho e acaba passando a sua última noite em um motel de beira de estrada que pertencia à família Bates. O problema é que ela desapareceu e por consequência disso, alguns familiares, um investigador da empresa de seguros e a polícia começam a seguir os rastros até esse fatídico local. A trama vai ganhando força e tensão na medida em que os personagens são apresentados e, em paralelo, vamos conhecendo um pouco mais da relação familiar complexa da família Bates. Somos introduzidos ao filho imaturo e superprotegido, à mãe dominadora e superprotetora e ao filho alcoólatra e que precisa lidar com arrependimentos do passado. O interessante é que a trama familiar vai se entrelaçando de tal forma que quando assustamos já fomos sugados para a loucura daquele lugar, tendo dificuldades em diferenciar o real do insano até o derradeiro final em que tudo se esclarece em poucas linhas. É simplesmente brilhante a forma como o escritor conseguiu trazer tamanha complexidade psicológica para as suas páginas e ainda assim conseguir fazer com que experimentássemos, mesmo que por pouco tempo, como é estar em uma condição psicótica.
Esse livro e filme foram tão importantes que juntos ajudaram a solidificar um tipo de entretenimento que passou a explorar a perturbação da mente humana e a nos mostrar que nem tudo é exatamente como a gente pensa que é. Claramente é possível pensar em referências cinematográficas posteriores que beberam na fonte de Psicose como: O Silêncio dos Inocentes, Dragão Vermelho e outros filmes do estilho slasher (Halloween, O Massacre da Serra Elétrica e Sexta Feira 13).
Eu achei esse livro lançado pela editora Darkside Books muito bem escrito e a estória extremamente envolvente. Um ponto importante é que apesar de conhecer, nunca havia assistido o filme antes, então, curti cada minuto da leitura e me deleitei quando percebi o quanto fui ludibriado o tempo inteiro. Assim que acabei, fiquei com vontade de ler novamente para entender se havia algo nas entrelinhas que eu pudesse ter deixado passar, mas como a pilha de livros aqui só cresce, deixei para uma próxima oportunidade. De qualquer forma, eu super indico essa leitura, principalmente se ainda não tiver visto o filme. Não perca muito tempo e se permita conhecer um pouco mais da vida de Norman, Norma e Normal e, espero do fundo do coração, que não se perca no meio do caminho, pois a volta pode ser sombria demais!
"Deixo você doente, hein? Pois bem: acho que não. Não, garoto: Não sou eu quem deixa você doente. É você mesmo!" - Bates, Norma.