marcelgianni 15/08/2017Questione o Senso comum!Não se trata de um resumo ou sinopse do livro (para isso, veja minha resenha completa no link mais abaixo), mas sim de um relato do que me chamou a atenção no livro, e que pode influenciar outras pessoas na sua decisão de lê-lo ou não. Sem o uso de spoilers, faço uma análise sucinta da obra, justificando minha nota atribuída.
Possui 188 páginas em sua edição normal, mas na que li, revista e ampliada, existem mais 78 páginas em um apêndice de extras, totalizando 266 páginas de uma leitura que se inicia fácil e envolvente, mas que termina maçante e tediosa.
Em resumo, é um livro em que um microeconomista extremamente curioso faz a si mesmo um monte de perguntas sobre os mais curiosos, estranhos ou irrelevantes fatos e, utilizando-se dos mais diversos dados, chega a respostas surpreendentes, mas bastante lógicas.
Em sua introdução, os autores atacam o que se conhece por “sabedoria convencional”: alguma teoria, aparentemente óbvia, formulada por algum(ns) especialista(s) e propagada pela mídia, que se torna amplamente aceita pela população sem mais questionamentos.
Levitt, nadando contra a corrente, procura “mergulhar” nas questões já consagradas pela sabedoria convencional e, utilizando-se dos mais diversos dados, em inovadoras e ousadas análises, obtém as suas respostas, que geralmente contrariam o senso comum.
O livro tem seis capítulos que vão se tornando menos interessantes à medida que a leitura começa a perder a sua peculiaridade: a maneira fácil de falar de economia, de uma forma que o leitor não acha que está lendo sobre economia. Além disso, os temas das pesquisas vão ficando cada vez menos atraentes com o decorrer da leitura.
Como os autores explicam no livro, esta é uma obra que não possui um tema unificador, mas diversos assuntos dos mais variados aspectos de nossa vida. Como vamos percebendo, os capítulos são escritos na forma de uma coluna de revista ou jornal.
Não há um tema unificador, é verdade, mas sua mais famosa (e polêmica) teoria é constantemente citada no livro, em diversos momentos, de uma forma até descomunal. Trata-se da relação direta que Levitt descobriu entre a legalização do aborto e a diminuição da criminalidade. Ele explica que as “crianças impedidas de nascer” pelo aborto seriam as mais propensas a se tornarem criminosas quando atingissem a adolescência, e que sua legalização foi a principal causa da redução da criminalidade em diversos pontos dos EUA (ele detalha as outras causas envolvidas nessa diminuição), num momento em que os especialistas e o senso comum esperavam um boom da violência, motivado pelas drogas.
Além deste tema recorrente, no livro há algumas outras conclusões de Levitt; sobre como ele descobriu trapaças realizadas por professores e lutadores de sumô, ou sobre o modo como alguns grupos, como a Ku Klux Klan ou os corretores de imóveis usam e/ou manipulam a informação. Também explica “porque os traficantes continuam morando com as mães”: em resumo, porque a sua grande maioria lucra muito pouco; apenas algumas pessoas no topo enriquecem.
Por isso tudo, o livro me surpreendeu negativamente, já que eu havia criado muita expectativa devido aos diversos elogios e críticas positivas, mas tiro como proveito, além de muitas informações inovadoras – embora algumas nem um pouco relevantes – o fato de o autor estimular o leitor a questionar mais o senso comum, pesquisando e examinando dados, sempre em busca de uma ideia nova.
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https://idaselidas.wordpress.com/2017/08/14/freakonomics-steven-d-levitt-stephen-j-dubner/