Jess 16/03/2022
O primeiro de muitos
Eu sou bastante suspeita pra falar qualquer coisa de Charlotte Brontë, já que é há muito tempo uma favorita minha. Pois bem, lá vamos. O Professor foi o primeiro livro que ela escreveu, mesmo que o tenha segurado por muito tempo e ele tenha sido publicado apenas após sua morte, depois de Villette que, por coincidência nos cronogramas, estou lendo em paralelo. E as duas histórias têm bastante coisa em comum, o que pode incentivar comparações da evolução literária da autora, que não é pouca. Se aqui, narrando a história do inglês William Crimsworth se aventurando por Bruxelas depois de uma desilusão laboral, em Villette temos também uma jovem inglesa que se aventura em outro país a dar aulas para sobreviver. Para além disso, voltemos a Bruxelas, que é o assunto de agora.
Contra todas as probabilidades, William cansou-se de ser um órfão dependente dos parentes, humilhado pelo irmão e explorado trabalhando em algo que desprezava. Sendo assim, por conselhos de um novo amigo larga tudo e vai ao continente, procurando fazer a vida na Bélgica como professor de inglês. Por lá o inocente e melancólico William acha que encontra o amor, acaba terrivelmente enganado, pega raiva ou espanto de alunos e alunas das escolas vizinhas onde trabalhou, largou tudo novamente e teve de refazer a vida. Porém, nessa trama com personagens extremamente realistas, cheios de defeitos e problemas, a vida ainda há muito o que reservar ao rapaz inglês, que alcança a plenitude numa jovem de espírito forte, força de vontade e mente afiada, características que ficam bem mais presentes em todos os outros livros da Charlotte.