Nay C 11/11/2019
A história vai além desta família
O ritmo desta primeira parte de A Cruz de Fogo é bem lento, mas de modo algum deixa de ser interessante. Aqui vemos como a família Fraser está se adaptando a essa nova vida. Claire no papel de esposa de um senhor de terras, curandeira e avó, Brianna e Roger na vida de casados e como pais, Jamie, e todos os que vivem na Cordilheira dos Fraser envolvidos em assuntos da coroa inglesa, com a convocação de uma milícia contra os reguladores, e como isso deixa os ânimos tensos. Só mais para o final que a história fica mais agitada.
O começo teve um enfoque maior na personalidade de Roger. Ele é um é personagem bem controverso para mim, tem momentos que eu gosto dele, mas tem hora que dá vontade de socar a cara dele, por ser egoísta e ficar chateado com suposições, com coisas que nem aconteceram, por seu orgulho, ou não enxergar as necessidades de Brianna direito. À primeira vista não o acho um personagem apaixonante, mas Diana vai inserindo os pensamentos, ações e os erros dele na história de modo tão real, que ele acaba se tornando um pouco apaixonante. Tenho uma relação um pouco contraditória com Roger.
Ao decorrer da história houve dois dias que pareciam intermináveis, em que cada pequeno acontecimento e pensamento foram descritos com muitos detalhes. Alguns podem achar exagero, porém eu gostei bastante, me senti muito dentro do livro e fui capaz de evocar as imagens com bastante facilidade. Posso dizer que não só nestes momentos, mas em vários, as situações pareciam não acrescentar muito à trama principal, por várias vezes contar a história de personagens secundários, que por sinal, eram histórias interessantes. A vida também é feita de pequenos momentos que parecem que muitas vezes não vão dar em nada, então por que não contar estes momentos destes personagens também? Fazem parte de quem você é.
O livro evoca as lembranças de alguns personagens, como se eles comparassem o que são agora com o que eram antes, o que fariam se determinada situação acontecesse novamente ou como seria se não tivesse acontecido. Traz fantasmas do passado, ameaças antigas e novas, o desejo de vingança, e reabre feridas que não estavam cicatrizadas por completo.
E mais uma vez aparece o questionamento de quanto as escolhas de Claire, que originalmente não pertence a essa época, é capaz de afetar toda uma história. Será que a presença dela, de Brianna, Roger e Jemmy vão impactar significativamente o passado? Outlander parte do pressuposto de que grandes acontecimentos são imutáveis, mas e os pequenos? "Todo mundo faz escolhas e ninguém sabe onde elas vão dar no final”. A história é muito maior do que parece.