O caminho estreito para os confins do norte

O caminho estreito para os confins do norte Richard Flanagan




Resenhas - O Caminho Estreito Para os Confins do Norte


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Bruna.Paixao 12/08/2019

Que livro maravilhoso! Poético e cruel ao mesmo tempo. Narrativa não linear. De amor, de ação, de drama, de guerra. Tantos estilos num livro só, e ao mesmo tempo da vontade de reler varias vezes algumas frases, de tão lindas que são. Como falar dos horrores da guerra desse jeito? Tem que ser lido. Necessário, obrigatório.
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Mari 27/01/2019

Minha pequena [e falha] visão.
Tive dificuldade no começo, acho que fazia muito tempo que não lia livros com essa "timeline" diferenciada, mais posso dizer que depois que meu cérebro entendeu o que estava acontecendo, eu gostei bastante!

O que eu achei bacana foi como os personagens foram retratados tão humanos, mostrando que o nosso julgamento do outro é sempre complicado porque não sabemos como o outro foi criado e o que ele aprendeu que é normal...
Com o modo que é retratado a tragedia, eu consegui sentir tudo o que o autor propôs; raiva, tristeza, solidão, humilhação, saudade, impotência, vergonha e a incerteza. Os personagens me cativaram de uma maneira que não sei explicar...

O que eu aprendi com esse livro é que a guerra só tem um faceta, mas, os envolvidos tem mais facetas do que a gente pode imaginar... Aprendi também que ela [a guerra] nunca é pode se tornar solução pra nada.
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Jaina 11/01/2019

Trágico.
Tão real e dolorido que ficamos remoendo depois do final. Como uma vida pode passar assim? Como várias vidas podem acabar assim... ? E mais dolorido é saber que é exatamente assim que as coisas são.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 15/07/2018

A Estupidez Da Guerra
Vencedor do Man Booker Prize e sexto romance de Richard Flanagan, "O Caminho Estreito Para os Confins do Norte", é um livro ambicioso e brutal que reúne ficção e realidade para abordar as "areias movediças da moralidade" humana em tempos de crise.

Girando em torno construção da Estrada de Ferro da Morte Thai-Burma em 1943, construída por prisioneiros de guerra sob comando do exército japonês, seu título foi extraído do mais famoso poema de Matsuo Bash?, contraditoriamente, um haiku sobre a capacidade humana para apreciar e promover a beleza ao seu redor.

Esse assunto não foi escolhido por acaso. Na verdade, o livro é uma homenagem ao pai do escritor, um oficial australiano que sobreviveu a essa insana aventura, abrindo caminho pela selva sob o opressivo calor e as constantes monções. Mantidos sob condições deploráveis, esses homens passaram fome, não tinham um abrigo decente e nenhuma condição de higiene. Viviam infestados de piolhos, expostos a cólera, malária, enfim, uma série interminável de doenças, enquanto a morte os espreitava. Aliás, contando unicamente com a sorte além da resistência física e moral, qualquer deslize poderia levá-los a severos castigos que iam de uma boa surra até a decapitação.

Alternando passado e presente, seu protagonista é Dorrigo Evans, um renomado cirurgião assombrado pelas lembranças desse período e por um fracassado caso amoroso com Amy, a mulher de seu tio. Considerado um herói, ele é um homem consciente de suas limitações e defeitos que sente-se desconfortável interpretando esse papel. Esse assunto aponta para uma pertinente análise sobre a estreita relação da bondade e da bestialidade, quando está em jogo a própria sobrevivência.

Evans também é um homem letrado, apreciador da obra de Tennyson e, especialmente, do seu poema "Ulisses" que é várias vezes citado ao longo da leitura. Na realidade, essa narrativa nada mais é do que a recriação de uma "odisseia", pondo a prova seu caráter épico e trazendo à luz o difícil retorno e readaptação ao lar dos sobreviventes de uma batalha onde só há perdedores.

Para finalizar, esteja preparado para enfrentar uma leitura angustiante, capaz de revirar o estômago ou exigir uma pausa para você poder seguir adiante, mas não desista, pois ao mesmo tempo, trata-se de um dos mais comoventes relatos sobre a estupidez da guerra.

"Um homem feliz não tem passado, enquanto um homem infeliz não tem mais nada."
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Rodrigo1001 25/05/2018

Cortante como uma navalha! (Sem spoilers)
Há poucas semanas postei uma resenha sobre o livro Desonra de J.M. Coetzee que dizia mais ou menos assim:

“[...] já vou avisando que este é um livro muito forte, que requer uma boa dose de estômago. Causa um tremendo desconforto, nos deixa inquietos, deprimidos e desperta muita raiva”.

Coincidência ou não, estas mesmas palavras caem como uma luva para O Caminho Estreito Para os Confins do Norte, com o agravante de que, aqui, neste livro, elas são elevadas para um patamar ainda mais visceral.

Sendo essencialmente um relato sobre a barbárie da guerra, o autor conseguiu produzir um livro que tem todo o potencial para se tornar um grande clássico no futuro. Com um estilo pontuado por frases envolventes e uma prosa feroz e tocante, a história começa tímida e um pouco confusa por conta de avanços e retrocessos na linha do tempo. Mesclando ficção e realidade, tudo vai ficando mais denso a medida que acompanhamos a vida do protagonista e de seus amigos.

Já no início, temi que a parte ficcional do livro eclipsasse a porção verídica da história, mas, felizmente, isso não ocorreu. O livro é apoiado nas lembranças do pai do autor, que foi prisioneiro de guerra durante a construção de uma ferrovia que ligava o Sião (hoje Tailândia) à Birmânia (hoje Myanmar). Essa ferrovia ficou mundialmente conhecida como “A Ferrovia da Morte” já que mais de 100.000 soldados morreram durante sua construção. O autor levou 12 longos anos para escrever o livro, fez 5 rascunhos diferentes, foi ao Japão entrevistar algozes, remexeu em arquivos históricos. Um trabalhão!

O bom disso tudo é que seu esforço foi mais do que recompensando.

Premiações à parte, foi um prazer imenso ler O Caminho Estreito para os Confins do Norte. Mesmo a lentidão do início desaparece dentro do mérito da obra. As características dos personagens, suas psiquês, são descritas com uma realidade impressionante. O livro penetra fundo na alma do leitor. Incomoda tanto que chega a causar náusea. A parte ficcional da história, um romance, se encaixou muito bem no contexto e finalizou muito, muito longe do que pode ser considerado clichê. O desfecho, a propósito, é impactante.

Enfim, eu poderia escrever sobre este livro a noite inteira, mas sinto que ainda não faria jus aos sentimentos que me despertou. Com ele, entendi que a obscenidade da guerra não é apenas o sofrimento que inflige às pessoas, mas o fato de obrigar pessoas boas a praticarem sofrimento e a terem de lidar com essa culpa depois. Afinal, o que faz um torturador quando chega em casa?

Para transcender o horror e encontrar a luz, percebi que Flanagan resolveu escrever este livro quase como um relato histórico, um grito de liberdade. A questão de como os japoneses entendem o conceito de honra, as diferenças do comportamento ocidental e oriental, a crueldade, o esquecimento que vem com o tempo como um bálsamo para se lidar com os traumas. O livro trata desses temas com profundidade e elegância.

Como último fato trágico e inusitado, depois de ter ajudado o filho com seus relatos sobre a ferrovia da morte, o pai do autor – prisioneiro nº 335 a quem a obra é dedicada – faleceu justamento no dia do lançamento do livro... a ironia mais amarga a coroar um livro já essencialmente triste.

Leva 5 de 5 estrelas.

Passagem interessante:

“É acreditar na realidade que acaba com a gente toda vez” (pg. 263)
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Rafael 28/04/2018

Um retrato da condição humana na guerra
De início difícil e conturbado, com muitas indas e vindas na cronologia dos fatos que nos são contados, o livro pode, a princípio, fazer o leitor esmorecer, já que só depois das cem primeiras páginas é que ele alcança alguma coesão temporal. Na verdade, a mim pareceu que o autor tentou usar de um artifício literário que não domina, o que prejudica, em muito a leitura. Se tivesse se limitado a contar os fatos na ordem em que se deram, seu texto seria muito mais prazeroso e bem aproveitado. Não é fácil entender a história quando o autor mistura passado, presente e futuro de forma desordenada no decorrer do livro sem dominar, repita-se, a técnica adequada para fazê-lo. Contudo, o esforço vale a pena pelo retrato realista e cruel do episódio bélico que retrata. As vezes é possível sentir o cheiro forte e azedo de sangue e fezes exalado pelo campo de prisioneiros que compõe o enredo da história. Uma narrativa sensível e cuidadosa, que nos mostra, não só o lado dos prisioneiros, mas, também, dos algozes. E é aqui que o livro revela toda sua beleza. Ele consegue captar a condição humana dos envolvidos enquanto vivenciaram as agruras da guerra, o que é muito interessante. O caso de amor narrado concomitantemente a isso, para mim, não passa de coadjuvante, ainda que o autor tente revelar, no ponto, a mesma condição humana tão bem explorada quando trata da guerra. Embora a história familiar da personagem principal traga alguma reflexão e algumas surpresas, ela é infinitamente menor diante da grandeza e relevância daquilo que pertine à guerra. Enfim, é uma leitura interessante, embora enfadonha e que exige certa paciência do leitor. Brigue com o livro, mas não desista dele.
Natália Galiza 29/04/2018minha estante
Parei na metade
Lutando pra terminar :(




Julio.Argibay 03/05/2017

Um caminho
Ótimo livro de Richard Flanagan. Acho que eh uma ficção num contexto histórico bem visceral e tocante. Gosto muito deste gênero, pois há sempre algo para aprender e se emocionar. Ainda não havia lido muito sobre a 2a guerra na Ásia. Então, fiquei surpreso e grato. No início do livro tive muita dificuldade com as idas e vindas de memória do protagonista. Achei imperdível, tenho vontade de ler novamente, pois perdi muito do conteudo, devido a complexidade do tema e dos personagens.
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Jessica.Barbareto 23/12/2016

As dores da guerra.
Um misto de sentimentos tomou conta de mim durante a leitura.

Em certos momentos eu tinha ódio, em outros nojo, em outros me questionei sobre até que ponto nós, seres humanos, podemos chegar.

Densa e doída, a estória é narrada de forma a mesclar o passado, o presente e o futuro entre os capítulos, e penso que isso ajudou a tornar a leitura mais fluida.

Confesso que sofri muito durante a leitura e em certos momentos cheguei a ficar com receio de continuar, pois as dores e tristezas da guerra me tocaram profundamente.

Pra mim, esse é um dos livros que nos leva a questionar os "por quês" da vida e sua leitura vale muito a pena.
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Laís 23/11/2016

O caminho estreito para os confins do norte se passa em três tempos: passado, presente e futuro de seu protagonista, Dorrigo Evans.

Prisioneiro de guerra, Dorrigo, durante a Segunda Guerra Mundial, atua como médico na construção da Ferrovia da Morte - um empreendimento gigantesco e julgado impossível na época. Ele enfrenta uma luta diária com seus superiores em relação à (péssimas) condições em que os trabalhadores são submetidos, assim como uma luta diária consigo mesmo, já que muitas vezes cabe a ele decidir aquele que vai e aquele que fica, ou, em outras palavras, o que tem mais chances de não morrer.

Nesse vai e vem a qual somos jogados no livro, Dorrigo conhece Amy. O primeiro contato já despertou um sentimento: se era encanto, mistério, amor ou desejo, nem mesmo os dois sabiam. Quando se reencontram, fica evidente que a confusão de sentimentos é maior do que inicialmente julgavam, assim como a paixão, que lhes parecem ser ainda mais avassaladora. Amy então passa a ser um verdadeiro sonho de Dorrigo: algo que ele anseia ter, não somente pelo seu amor, mas pelo descanso que isso lhe representa perante a enfermidade que é a vida na Ferrovia.

É difícil resenhar um livro que tenha despertado tantos sentimentos ambíguos e ainda mais difícil um livro em que o principal não se encontra no protagonista, mas sim no contexto. O sentimento de angustia em relação à Segunda Guerra está sempre presente na expressão das pessoas quando o assunto é abordado, mas, nesse livro, embora não explicito, fica o questionamento para o leitor: aqueles que agiam sem dó, sem misericórdia, quase como ceifadores, agiam sob quais princípios? Os próprios não tinham suas convicções, suas crenças?

Eu, como leiga na cultura oriental, pouco posso falar sobre como eles agem em respeito e honra, mas passei uns bons dias refletindo sobre isso durante a leitura. De certa forma nos mostra outra perspectiva, aonde nem mesmo o “amigão”, é completamente bom – porque me parece que, quando o assunto é guerra, não há santo algum, apenas as pessoas vivendo suas próprias lutas para a sobrevivência de mais um dia.

Por fim, muitas coisas relatadas no livro são verdadeiras, embora muitas sejam ficcionais. O pai do autor foi um prisioneiro de guerra durante a construção da Ferrovia, o que me parece trazer uma carga ainda mais intensa para o seu conteúdo.
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Fabio Martins 15/09/2016

O caminho estreito para os confins do Norte
O ser humano evoluiu em meio à guerra. Por mais que essa carnificina não faça sentido para a maioria das pessoas, ela sempre se fez presente – e às vezes necessária – no desenvolvimento das civilizações. Por meio das guerras, as sociedades foram moldadas até chegarem ao ponto que vemos hoje.

A Segunda Guerra Mundial é a mais recente e emblemática da nossa geração e a que tem o maior número de registros e informações disponíveis às pessoas. Por meio dos estudos, filmes, documentários e livros, recordamos as atrocidades cometidas pelos nazistas e as batalhas travadas na Europa.

Apesar disso, recebemos poucas informações sobre o que ocorreu do outro lado do mundo. O Japão era aliado da Alemanha e da Itália e protagonizou batalhas terríveis nos países vizinhos – até se render após bombas atômicas americanas destruírem Hiroshima e Nagasaki. Em O caminho estreito para os confins do Norte, o escritor australiano Richard Flanagan mostra ao Ocidente esse lado menos conhecido da Segunda Guerra.

O pai de Richard, Arch, serviu a Austrália na guerra (que fazia parte dos Aliados) e foi capturado por soldados japoneses. Ele e seus companheiros foram obrigados a trabalhar em condições desumanas na famosa “Ferrovia da Morte”, que visava ligar o Sião (atual Tailândia) à Birmânia (atual Mianmar). Richard cresceu ouvindo as histórias do pai deste período sombrio e se inspirou a criar um romance sobre o tema.

Não foi fácil. O escritor se aprofundou nas pesquisas e entrevistou muita gente, inclusive os guardas japoneses que eram odiados por seu pai. Ao dizer a ele que eram senhores gentis, Arch imediatamente apagou qualquer lembrança da guerra e nunca mais tocou no assunto. No dia que Richard entregou a versão final à editora, seu pai faleceu, aos 98 anos.

A obra conta a história do cirurgião tasmaniano Dorrigo Evans, capturado junto ao seu batalhão pelo exército japonês e obrigado a construir a “Ferrovia da Morte”. Lá, ele convive com a brutalidade da guerra e as condições terríveis impostas aos prisioneiros. A vivência diária com doenças, sujeira, jornadas de trabalho estafantes, pouca comida e, claro, mortes, faz com que os sobreviventes sejam considerados verdadeiros heróis. E é assim que ele é tratado ao fim da guerra, já idoso e atormentado por suas lembranças do passado.

Lembranças que voltam também aos episódios ocorridos em sua vida um pouco antes da guerra. Em meio à agitação de um confronto iminente, ele – já casado – tem um romance arrebatador com Amy, a esposa de seu tio.

O livro transita nesses três períodos da vida de Dorrigo, fazendo com que um leitor desatento possa ter dificuldades em compreender em qual época está, mas nada que prejudique a leitura de uma forma geral. Pelo contrário, Flanagan é um excelente contador de histórias e sabe conduzir bem a narrativa em seus diferentes tempos.

Um fator que chama a atenção no livro é a forma que ele apresenta os soldados japoneses. Sua intenção de humanizá-los ao invés de apresentá-los apenas como carrascos mostrou-se eficaz. Os soldados, por exemplo, apreciam poesia, algo que soa estranho comparado às atitudes que tomam nos campos de trabalho. O título do livro, inclusive, é uma citação de um poema de Bashô, escrito em 1694.

O caminho estreito para os confins do Norte é uma obra forte, com um enredo interessante e personagens mais humanos, reais (sem mocinhos ou bandidos). Não é por acaso que ganhou o Man Booker Prize 2014, um dos maiores prêmios literários do mundo.

site: lisobreisso.wordpress.com
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suellem 24/06/2016

O caminho estreito para os confins do Norte
Esse foi um dos livros mais cru sobre guerra que eu já li. Apesar de gostar muito da história achei a narrativa, bastante densa e cansativa. E um romance muito nada a ver dentro da história.
O livro vai contar a história de Dorrigo Evans, um cirurgião que trabalha num campo de prisioneiros do Império japonês na construção da ferrovia da morte. O livro intercala entre passado, presente, futuro e os pensamentos do médico. E além do ponto de vista de Dorrigo temos alguns capítulos contados por personagens do livro.

Desde o começo não me adequei a escrita, mas mesmo assim fui até o fim e me decepcionei. Além dos relatos do campo de prisioneiros nada mais me agradou no livro.
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Tayene 22/06/2016

Uma rica tapeçaria
Comparado pelo The Guardian com uma rica tapeçaria, pode-se dizer que é exatamente o que O caminho estreito para os confins do Norte é. Um livro, que ao falar da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de diversos personagens-atores à luz de uma inaudita história de amor, parece brincar com a memória do leitor, assim como faz com a dos personagens.

À priori, a leitura do livro pode ser difícil, pois fatos são narrados de forma não lineares, ora apresentando o protagonista no passado, ora passando para o presente, expondo fatos, para em seguida cruzá-los com outros e, aos poucos, ligar os pontos ou linhas à medida que o leitor avança na leitura. Ao chegar neste ponto, o difícil será largar o livro.

O romance de Richard Flanagan, embora tenha como protagonista Dorrigo Evans – um médico-cirurgião tasmaniano, oficial do Exército australiano e ex-prisioneiro de guerra forçado a trabalhar na construção da Ferrovia da Morte – se destaca justamente por não ser o herói ideal – título este que, talvez, caiba ao brilhante Darky (Frank) Gardiner.

Entre personagens prisioneiros de guerra, considerados menos que homens, guardas japoneses e todas as mulheres que cruzam o caminho de Evans, o autor transpõe o que se espera de um usual romance de guerra ao não se limitar ao tema dicotômico "bom versus mau", falando também sobre culpa, amor, responsabilidade, motivos, redenção, memória e, sobretudo, poesia. Segundo A. C. Grayling, filósofo britânico que participou da banca avaliadora do Booker Prize, a obra de Flanagan "é um livro sobre pessoas, suas experiências e relacionamentos.

A narrativa é atemporal e universal, mas o grande significado da história é não ter significado. Porque, embora O caminho estreito para os confins do Norte seja uma tapeçaria, representa com certeza uma tapeçaria inacabada, na qual alguns pontos ou linhas não se cruzam, assim como na vida real.
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Cintia Fernandes 09/06/2016

Tentando agarrar a luz...
A primeira frase do livro “Por que no princípio das coisas sempre a luz”, trata de um assunto que o autor vai abordar constantemente, sempre que algo for relacionado com a Austrália, a infância e juventude do protagonista, “Luz”, mas para por aí, pois é um livro sobre a Guerra e tudo que dela resulta.

A humanidade sempre conviveu com, ou em guerras, pelos motivos mais diversos: luta por território, intolerância étnica ou religiosa, divergências políticas, etc. Um dos maiores e mais sangrentos conflitos de toda a história da humanidade ocorreu em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Entre os principais motivos que levaram a explosão dessa grande guerra estavam as intenções expansionista de países como Alemanha, Itália e Japão.

O livro relata uma parte pouco conhecida, pelo menos eu não conhecia, da Segunda Guerra, a história dos prisioneiros de guerra australianos do Império Japonês, forçados a trabalhar na construção da “Ferrovia da Morte”. Prisioneiros de guerra são, ou deveriam ser, protegidos pelas leis estabelecidas nas convenções de Haia e de Genebra de quaisquer violências, indignidades ou experiências biológicas. Contudo, o Império Japonês nunca assinou nenhuma das Convenções de Genebra, o livro relata como esses prisioneiros tiveram que enfrentar a escravidão, a fome, torturas, humilhações e doenças como cólera e leishmaniose.

A história se desenrola em torno de Dorrigo Evans, ou “Amigão” (maneira como era chamado por seus comandados no campo de prisioneiros), um médico-cirurgião e oficial-comandante australiano. Somos transportados magistralmente tanto para “a linha”, como era chamada a construção da ferrovia e sua chuva torrencial, como para a Austrália contemporânea permeada pela luz solar.

Gostei muito do livro e da escrita poética de Richard Flanagan, ambos me encantaram, mas preciso confessar que muitas vezes não tinha vontade de retomar a leitura. Os relatos das crueldades, e principalmente, de como as diversas doenças matavam de forma lenta e brutal seres humanos famintos me chocaram, muitas vezes senti repulsa, outras tantas o sentimento era de incredulidade em ver até que ponto o ser humano é capaz de chegar.


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