Henri 18/08/2021
O filho deserdado de George Orwell é maravilhoso ?
Vale dizer que esse livro foi ?deserdado? por George Orwell ? por isso o título dá resenha, ele não gostava desse trabalho e com toda certeza, não ficaria muito feliz por eu estar fazendo uma resenha tão grande em um site com milhões de pessoas. Me desculpe, Orwell, mas seus trabalhos são bons demais para não serem comentados.
Ó querida Dorothy, que mal me fizeste!
A Dorothy (personagem principal) é espetacular, você vai olhar para ela com um pouquinho de receio no começo da história, porém ela vai te conquistar durante o livro, será maravilhoso ter a companhia dela, e nos momentos onde não estiver a companhia da filha do reverendo, se sentirá sozinho no livro.
Mas obviamente se tratando de George Orwell (para quem não sabe, ele é o autor dos livros ?1984? e ?A revolução dos bichos?) o livro não é apenas um romance bobo *cof cof*. O texto traz reflexões sobre o capitalismo, a religião, as hipocrisias, o sistema de ensino de sua época e o sentido de nossa existência ? sim, esse livro trata da questão existencial.
Eu adoraria tratar de todos os aspectos do livro, mas aí a resenha ficaria ainda maior, e tenho certeza que você não quer passar uma tarde lendo uma resenha. Então irei abordar a melhor parte do livro, que é como a vida de Dorothy é manipulada.
Nossa querida Dorothy, como toda filha de reverendo, tem uma existência baseada no cristianismo, e essa é a sua zona de conforto, não suporta ter tudo o que acredita questionado, ela só quer manter-se em um estado de inércia mental e moral. Essa moral apática que a protagonista tem em certo ponto do livro, me levou a questionar: Quantos de nós somos como ela? Eu sou assim? Quantas crianças criadas por socialistas, pastores, ferreiros, católicos, policiais, professores, empresários e todo tipo de gente vai manter por toda a vida uma fachada de hipocrisias, apenas por ser ?cômodo? se manter com as ideias já preestabelecidas?
Não tenho as respostas das perguntas acimas, mas devo dizer que, o ritmo pessimista de Orwell te deixa atônito com tais pensamentos entrando em sua mente (principalmente na parte final do livro, que é a melhor), é uma experiência muito particular acompanhar o texto com tantas reflexões entrando em sua mente a cada palavra. E devo dizer, que de tais reflexões, pude perceber no fim das contas que, eu mantenho várias fachadas falsas, "prego" coisas que não acredito por medo de dizer o que realmente penso, afinal, é mais fácil continuar como estou. Então a conclusão é que sou apenas uma Dorothy. E você, é uma Dorothy também? Leia o livro e descubra, entretanto você deve conseguir suportar o ritmo lento que ele tem, talvez isso espante alguns ? por ser o principal ponto negativo desse livro, mas não desista, as reflexões propostas por George Orwell valem ser lidas.