virctto 05/05/2024
Café preto com um tico de açúcar.
Encontrei um arquivo pesado da internet deste livro, compactado com as fotos das páginas invés de um modelo e-pub ? um sopro de alívio para olhos já cansados das velhas telas brancas. Se tratava de um exemplar lançado em 1998, pela editora Record.
Os quinze contos passaram tão rápidos quanto um suspiro. Infelizmente, um suspiro do tipo doloroso e afetado, daqueles que se têm depois de alguma lesão corporal ? a minha lesão, nesse caso, foi psicológica, já que, acredito eu, Trevisan tenha os escrito exatamente com este intuito.
Um amor extremo ou um ódio disfarçado pelas mulheres: é este o gostinho que fica ao longo das páginas, quando lemos Nelsinho, o mais querido da espécie masculina que se tem por Curitiba, ama-las, adora-las, deseja-las; para então odia-las, ofendê-las, e, por fim, força-las, numa eterna relação cíclica. O fio condutor de todo este livro não só é a presença do protagonista em cada um dos contos, mas também (e, acredito eu, mais fortemente) os sentimentos sobrepujados uns aos outros que Nelson reserva a todas as mulheres ? e quando digo todas, são todas mesmo. Não há quem escape de seus olhar pecaminoso, vulgar, erótico e doentio, que as vê como meros objetos para saciar sua vontade irreprimível. O apelido de vampiro cai bem para alguém assim, cujo líquido deseja sugar não se trata de sangue.
A nota de três estrelas se dá pela estrutura textual montada por Dalton, que sabe o valor da flutuação gráfica e oscila entre estilos de conto para conto. É graças a essa habilidade que terminei este livro tão rapidamente.
Combina com: café preto com um tico de açúcar.