Keylla 06/07/2015Um salve a Cabrita MontesaDescobri o livro através do Skoob de alguém cuja paixão pela literatura transcede para a escrita. E mexeu muito comigo.
Engana-se quem pensa que a narrativa simples e fluida dá lugar a uma história boba e uma biografia comum. A partir do momento que elementos bizarros e insanos são inseridos na história é que me choquei com a cruel realidade que a família Walls vivia.
O título do livro é baseado no projeto que o pai, Rex, idealizou: a construção de uma casa de vidro onde a família poderia contemplar as estrelas.
Jeannette Walls é quem narra o livro em primeira pessoa. É tocante a pureza e a inocência como ela coloca certas situações passadas por ela e seus irmãos. De fato, diante dessas situações vividas na família (fome, frio, falta de moradia, alcoolismo, banho, emprego....) é na resiliência que os irmãos se fortaleceram para crescer e tentar sair do ambiente que viviam. Achei lindo como os laços dos irmãos se fortificavam em cada adversidade, como se protegiam um ao outro e como se ajudavam diante das dificuldades. Verdadeiros heróis.
" Você era um bebê tão magrinho. A coisinha mais comprida e ossuda que as enfermeiras já tinham visto" (pág. 44). Descrição de Jeannette feita por sua mãe, Rose Mary. Achei tão singela essa passagem, pois já ouvi isso da minha própria mãe. Também outras partes do livro me identifiquei com a personagem. Foi empatia à primeira-vista.
Fiquei transtornada como ela descreveu as tentativas de se auto-corrigir os dentes.
Rose Mary e Rex são pais relapsos e irresponsáveis, sem empregos fixos e vivem a vida como bem entendem. Sem regras. São pais que priorizam a educação dos filhos, têm teorias esquisitas para tudo, deixam os filhos de lado, mas são muito amados por estes.
Jeannette conta sua sua história sem amargura, autopiedade e sem lamentar sua sorte, entretanto, não isenta a responsabilidade dos pais de forma aberta.
O livro me provocou várias emoções: raiva, compaixão, ódio, angústia, alegria, tristeza... Jeannette não é apenas uma escritora e sim uma inspiração, um exemplo de vida.
Ler o Castelo de Vidro me deu vontade de escrever minha própria história, mas não sei se seria forte como ela, para expor tudo e aguentar o julgamento de pessoas lendo seus constrangimentos familiares mais profundos.
Leitura indicada e necessária. Mal posso esperar pelo filme!