Resenhas - Antígona

Bianca 02/05/2021

Como a tirania afeta o governo do próprio tirano
Dois irmãos (Etéocles e Polinices) se veem numa guerra pela busca por poder e, com isso, há a morte de ambos. Polínices é considerado traidor de Tebas por Creonte, logo não terá nem direito de ser enterrado e sepultado conforme os rituais religiosos. Mas um rei pode condenar quem é a favor de que Políneces seja enterrado?
Talvez, o povo discorde dessa decisão, mas se cala em frente ao tirano, por medo. No entanto, Antígona, irmã dos irmãos que lutaram em guerra, não está disposta a simplesmente aceitar o que foi imposto por Creonte, pelo contrário, ela irá fazer os ritos de morte e enterrar o seu irmão, mesmo que isso custe a própria vida.
Creonte, facilmente perde a sua paciência ao receber a notícia por um de seus guardas de que sua ordem tinha sido descumprida. Com isso, ele ameaça matar qualquer um dos guardas caso o traidor não seja descoberto, demonstrando a falta do senso de justiça de governantes, o que perdura até os dias atuais.
“GUARDA - Ai de mim! Dizem que a justiça é lenta, mas não existe nada mais veloz do que a injustiça.”
Após um tempo da saída do guarda da cena, que por sorte teve sua vida poupada, ele retorna, a fim de entregar quem realmente cometeu um crime, se é que podemos chamar isso de crime. Antígona confessa o que fez e gera cada vez mais fúria no rei, na medida em que o enfrenta com as palavras.
“ANTÍGONA - O povo fala. Por mais que os tiranos apreciem um povo mudo, o povo fala. Aos sussurros, a medo, na semi-escuridão, mas fala.”
Nem com toda a argumentação de Antígona, Creonte desiste de sua decisão e a condena à morte. Apesar disso, Antígona estava certa, o povo fala. E o povo falou, não aos ouvidos do rei, mas os murmurinhos chegaram aos ouvidos de seu filho Hémon, o qual tenta alertar o pai sobre as vantagens de voltar atrás com o decreto que fizera. De nada adianta, nem o próprio filho de um tirano é capaz de interferir em suas decisões.
A ficha de Creonte só cai, quando Tebas está também “caindo” ao seu redor. E quando tenta voltar atrás em sua decisão já é tarde demais, a vida de que ele queria, antes tirar, já havia sido tirada e, pior, o seu filho favorito também morre diante da fúria e insistência de Creontes de ouvir apenas a própria opinião.
“Quantas vezes uma fúria excessiva é apenas a fraqueza apavorada.”
Uma peça que traz a reflexão sobre se manter na segurança ou confrontar um sistema, sobre como a guerra, muitas vezes, é em vão, sobre a ineficiência de um líder que governa apenas para ti, sobre a importância de uma morte digna. Um texto tão antigo, mas que, infelizmente, caracteriza muito bem a sociedade atual, todas as injustiças e a busca incansável pelo poder. Além de, no contexto atual, nos fazer refletir sobre como uma cerimônia de morte digna faz falta para as famílias, como em meio ao vírus, porém não só por culpa dele, mas também por culpa da indiferença de governos e indivíduos, inúmeras mortes estão tendo um destino parecido ao que Creonte desejava ao irmão de Antígona.

bella 30/04/2021

insta: @atocadaraposa

Minha releitura de “Antígona”, ainda no reino de Sófocles, o maior trágico, não foi tão distante da primeira leitura, mas tornei a me surpreender com muitos detalhes desta peça teatral impecável.

Antígona é filha de Édipo e a protagonista desta história. Sua trama está envolvida com o fim da estirpe dos Labdácios, junto do desfecho das maldições que se iniciaram muitas peças teatrais antes. Em uma guerra pelo trono, os irmãos de Antígona, Polinices e Etéocles, findam a vida um do outro. Resta como rei, novamente, o tirano tio Creonte, o qual decide que Polinices havia traído sua nação Tebas, e, como vingança, o abandona insepulto.

Enquanto um dos irmãos recebeu todas as honrarias fúnebres, o outro foi ignorado e largado aos cães que comeriam sua carne. Algo inimaginável à cultura grega, visto que, um corpo insepulto não chegaria ao reino de Hades e seria condenado a vagar, eternamente, pela terra. Diante de tal ato desumano, Antígona dispõe a sua própria vida para que a justiça seja feita, para honrar seu irmão.

O entrave nesta peça se dá entre a justiça humana e a justiça divina, respectivamente, a Díke e a Thémis. Trágica qual a peça é, não é possível imaginar um fim pacífico para essa situação. De todo o texto, me emocionei especialmente com a forma como Antígona se posiciona pelo que acredita, defendendo a moral, sem medo das consequências.

Antígona, para mim, é a maior das heroínas. A desgraça de sua história não recaíra sobre ela, mas sim sobre outro, e mesmo assim, ela a toma a dor para si. No mesmo momento que abraça a luta, abraça a morte, como único fim que levaria à justiça.

Essa peça é fenomenal e eu indico, fortemente, a todos que conhecem Édipo mas não conhecem a história de Antígona, sua filha, as duas têm o mesmo nível de excelência.
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Um adendo à minha edição que vem com ótimas notas de rodapé, apesar de algumas um pouco “óbvias”, ajudam muito na compreensão do texto para aqueles que tem que estudar a obra, ou que tem pouco contato com a mitologia grega. Indico muito!

site: https://www.instagram.com/atocadaraposa/

Mr. Matos 29/04/2021

Sensacional
A trilogia trágica de Tebas é simplesmente viciante. Li as três peças em um quase transe obsessivo pelos personagens, a musicalidade do texto (tragédias gregas devem ser lidas em voz alta), a por vezes estranha mais certamente competente tradução de Trajano Vieira que é bastante "grecizante" por isso a presença de muitos "neologismos" que incomodam alguns leitores como o Sr. Henry Bugalho que não aprecia a tradução de Os trabalhos e os Dias (Hesiodo) feita por Trajano Vieira, pois a considera de difícil acesso para leitores menos experientes, na minha opinião é besteira você tem que encarar os livros difíceis de qualquer jeito nenhuma leitura é imediata a primeira leitura é sempre equivocada (se você um dia tiver a oportunidade de topar com a Fenomenologia do Espírito vai entender isso muito bem) é somente da segunda leitura para frente que realmente conta ( tenha brio). Os heróis de Sófocles são "demonícos" no sentido grego -pela sua capacidade de nos "seduzir" para o seu universo- o seu pathos se elevam a universalidade da experiência humana do homem enquanto Gattungwessen por isso a sua possibilidade de mesmo após mais de 20 séculos ainda nos assombrarem ( como o próprio Marx pontuou sobre o Gênio dos mestres gregos como Homero e Sófocles) Os seus temas inabarcaveis em uma simples resenha ( livre arbítrio x determinismo, taboo, origem da ordem social etc.) seus dilemas torturantes para suas personagens que as levavam a refletir sobre a condição humana em patamares que talvez só apareçam novamente em Shakespeare ou Dostoiévski. Sofocles presentou a humanidade com essa constelação de personagens que fascinaram pelos séculos figuras luminares da história que vão de Aristóteles a Hegel de Nietzche a Freud.

Debora.Avila 22/04/2021

Resenha
Tragédia Grega escrita em versos, conta a história de Antígona que não se deixou levar pela decisão abritrária de Creonte, que havia proibido o sepultamento de seu irmão.

Apesar de não ser muito familiarizada com esse tipo de literatura, gostei bastante.

A leitura contém bastantes elementos da mitologia grega, um tema que sempre me fascinou.

Graciela 21/04/2021

Decisões
Esse livro nos mostra que somos os dois únicos responsáveis pelas nossas decisões. Livro curto e impactante.

folksewis 20/04/2021

OBRA PRIMA
Não sei nem por onde começar a falar sobre isso aqui, nem o que falar na verdade. A tamanha genialidade de Sófocles, não só em Antígona mas em toda trilogia tebana, me deixa de queixo caído até hoje.

Letycia. 15/04/2021

gostei!
Vale a pena ler esse livro, curti demais! Recomendo ler Édipo Rei antes de ler Antígona.

Lis 11/04/2021

Teatro grego
Uma tragédia grega com várias lições de moral sobre prudência, insensatez, arrogância e respeito. Livro de rápida leitura, vocabulário não muito difícil. Tem uns trechos que dá vontade de decorar só pra enunciar numa conversa aleatória, impressionando os outros com o peso das palavras e a profundidade da mensagem hahahah.

Vevelyn 29/03/2021

Muito legal!! Nunca tinha lido uma tragédia, (o vocabulário é meio dificultoso, mas dá para compreender o que os personagens querem dizer) confesso que gostei dessa e pretendo ler outras. Vale a pena para quem deseja sair um pouco da zona de conforto.

mj4 29/03/2021

Faculdade..
Precisei ler esse livro para aula da minha faculdade de Direito, achei que seria muito chato até porque é um livro de antes de Cristo. Contudo foi uma leitura muito rápida e fluida, além de ser muito interessante. Foi a primeira peça que li, primeiro livro de autors da época e achei muito legal lê-lo principalmente por causa da religiosidade e a relação dos personagens assim como o autor e a sociedade daquele tempo com os deus da mitologia greco-romana.

Beatriz.Izidio 27/03/2021

achei o livro um pouco difícil de entender, mas uma boa história e de importância para o curso

Jussara 26/03/2021

"Não nasci para o ódio, mas para o amor."
A quem cabe definir o direito de alguém de ser enterrado como um ser humano ou deixado para ser devorado como um animal?

Quem deve definir que determinada pessoa tenha o direito de subir aos céus ou descer ao inferno?

É correto esse tipo de decisão ser tomada de um ser humano para outro ser humano, ou deveria ser uma decisão "divina", daqueles que de fato estão acima de nós?

Rodrigo 24/03/2021

3o livro da saga
Aconselho a leitura primeiro de Édipo Rei, depois Édipo em colono e, aí sim, Antígona. Faz a história ter mais sentido e melhor para apreciar.

Cris Peixoto 24/03/2021

Antígona

Filha preferida de Édipo e sua guia durante a cegueira ela é uma demonstração de força, lealdade, crença nos deuses do seu tempo, superação e inteligência.

Peça muito utilizada nos cursos de Direito para estudarem o Direito Natural.