E. Dantas 15/05/2010
INTERIOR
O cenário na época era um quartinho aberto, perto do açude e do varal, onde o Ernesto, mais conhecido como "Seu Nestão", guardava todas as cachaças da casa e quando a noite caia, enchia nossos olhos com os causos ( dele mesmo e do povo ) de Rio Novo, uma cidadezinha do inteiror de Minas.
Eu ficava maravilhado com estórias sobre " o incrível bicho que comia terra" , ou o "causo do morto que pediu de volta a cruz", "o cachorro que dizia não-fui-eu" e mais uma porção de lendas da terrinha regadas a muita cachaça e cigarro de palha.
Eu tinha 15.
Hoje tenho 27 e Seu Nestão morreu faz uns 2 anos. A casa ficou pro filho que não abre mais pra gente roubar siriguela no outro lado do açude, nem fazer guerra de lodo, e nem pular da varanda do terceiro andar...( até porque já foi o tempo)
Mas tô contando isso porque o filho-de-uma-quenga do Sabino me fez rememorar tudo isso neste livro.
A premissa é que os fatos contados aqui, não são contos e sim causos da vida dele, onde ele mistura a realidade com o fantástico com aquele jeitinho tradicionalmente mineiro.
Mesmo quem nunca teve contato com esse universo, vai se deliciar "ouvindo" o velho Sabinão e suas proezas ora possíveis, ora duvidosas, mas sempre uma delícia.
Agora vou tomar mais uma cachaça e dar uma relida em alguns para relembrar a época.
Beijos e inté!